Fiéis chegam 4h antes para garantir lugar na missa de Irmã Dulce

Portões só abrem ao meio dia, mas teve gente que chegou às 7h

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 20 de outubro de 2019 às 11:18

- Atualizado há um ano

. por Tiago Caldas/CORREIO

Foram mais de mil quilômetros percorridos entre Macau, no Rio Grande do Norte, e Salvador. Na viagem, um único objetivo: participar da missa em homenagem à Santa Dulce dos Pobres, que acontece neste domingo (20) na Arena Fonte Nova. Para não perder nenhum detalhe, seu Joaquim Albuquerque, 66 anos, chegou aos portões do estádio às 7h, garantindo o primeiro lugar da fila. 

Segurando debaixo do braço uma sacolinha com o rosto da freira canonizada, seu Joaquim lembra de quando ouviu falar dela pela primeira vez. “Morei na Bahia por quase 30 anos. Nesse tempo sempre ouvi falar dela. Desde a época que Irmã Dulce saía pedindo doações com aquela sacolinha dela”, lembra ele, sem notar a semelhança de estar segurando, ele mesmo, a própria sacola.  (Foto: Tiago Caldas/CORREIO) Apesar de conhecer a figura da santa há anos, a devoção se intensificou recentemente. Seu Joaquim acredita que foi agraciado com um milagre. “Há uns 30 dias passei mal e tive que ir numa emergência. Lá o médico constatou uma infecção intestinal grave e disse que provavelmente seria necessário cirurgia”, conta o aposentado. 

Naquela noite, ele diz que rezou para Dulce, que apesar de ainda não haver sido canonizada já tinha sido proclamada santa pela igreja. Joaquim pediu que Dulce intercedesse para que a cirurgia não fosse necessária. No dia seguinte, os médicos refizeram o exame para confirmar a necessidade do procedimento cirúrgico. A infecção, no entanto, tinha desaparecido. 

Hoje, bem de saúde, o aposentado veio agradecer. E não se assusta com as horas que ainda tem que enfrentar até a missa, prevista para começar às 17h. “Hoje é um dia de agradecer por tudo que ele fez e faz, não só por mim. Vai ser difícil, mas eu vou aguentar. Por ela, valia muito mais. Ficaria aqui três dias se preciso fosse” conta ele.  

Para o futuro, ele não pensa em esquecer da santa. Artista plástico aposentado, o devoto trabalha com restaurações de imagens sacras, mas nunca esculpiu uma imagem de Dulce. “Gostaria de fazer alguma imagem dela. Pra que fique registrado um trabalho meu pra ela”, conta.

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Devoção  Segunda na fila, dona Maria de Fátima Carvalho, 59 anos, não fica atrás no quesito devoção. A dona de casa diz que é devota da Santa Dulce dos Pobres há 35 anos. “Pra mim, desde quando ouvi falar dela, ela já era santa. A canonização foi só pra oficializar” acredita ela.  (Foto: Gabriel Amorim/CORREIO) Enquanto fala sobre Dulce, Dona Maria de Fátima se emociona e segura as lágrimas. Questionada se já foi agraciada, ela diz. “Para mim estar aqui já é uma graça. Queria ter ido em Roma e não pude. Então, vim pra cá”, diz ela. A antiga relação com Dulce vai guardar um desejo não realizado. “Não conheci Dulce pessoalmente. Cheguei a ir no hospital dela anos atrás, mas ela não podia mais receber visitas”, contou 

Vinda de Uibai, a 500 km de Salvador, ela está na capital numa viagem de fé. “Chegamos há dois dias e já fomos nas obras dela. Sempre que tô em Salvador tem que ir lá”, conta a dona de casa que veio com um grupo de 14 fiéis do interior. Hoje, o grupo acordou às 5h e chegou por volta 7h30 na fila. “Venha sol ou venha chuva, ela vai nos dar forças. Na hora da missa vai ser só alegria. Uma celebração” espera ansiosa.

*Com supervisão de Amanda Palma

*O projeto Pelos Olhos de Dulce tem o oferecimento do Jornal CORREIO e patrocínio do Hapvida.