Fiéis fazem fila para comprar lembrancinhas de Irmã Dulce antes de canonização

Movimento na loja das Osid cresceu com fiéis em busca de souvenirs

  • Foto do(a) author(a) Gabriel Moura
  • Gabriel Moura

Publicado em 9 de outubro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr. / CORREIO

Quantos têm o orgulho de dizer que o seu nascimento foi abençoado - presencialmente - pelo santo que seu nome carrega? No dia 13 de outubro, a desenhista Maria Rita Pessoa, 56, irá entrar para este seleto grupo quando Irmã Dulce - que antes de virar freira também atendia pelo nome de Maria Rita - for santificada. E a baiana irá ao Vaticano para acompanhar este momento, mas antes deu uma passadinha na sede das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) para comprar camisa e boné e acompanhar a cerimônia trajada a rigor.“Quando minha mãe estava grávida, viu Irmã Dulce passando pelas ruas do IAPI pedindo donativos. Então, mainha pediu para ela dar a bênção. A santa passou a mão na barriga onde eu estava e disse que o bebê iria nascer com muita saúde. Por conta deste episódio, me chamo Maria Rita, que é o nome de batismo da Irmã, e agora estou indo na cerimônia de canonização dela, é indescritível”, conta a desenhista, que também vai levar na mala um terço da santa para garantir boa sorte na viagem.Assim como a xará, muitos fiéis aproveitaram esses dias antes da canonização para comprar imagens, escapulários, terços e souvenirs da freira. Com isso, a movimentação da loja da Osid ficou grande, com clientes relatando filas e todos os vendedores confirmando o aumento no número das vendas.  Maria Rita repetindo o ato da santa com sua mãe 56 anos atrás (Foto: Betto Jr. / CORREIO) E não eram apenas os baianos que se espremiam entre as prateleiras da loja das Obras Sociais. A arquiteta Glauce Alves, 45, que veio de Natal, no Rio Grande do Norte, tratou de separar um dos três dias da sua viagem para Salvador para conhecer mais sobre a primeira santa brasileira. 

“Eu já conhecia um pouco dela por causa de uma minissérie que eu assisti e, quando soube que ia para Salvador, logo percebi que tinha que vir aqui na Osid. E para mim a emoção da canonização é multiplicada porque dia 13 também é meu aniversário e isso não foi coincidência, mas sim um presente“, ressaltou a arquiteta, ostentando uma sacola cheia de lembranças para todos os amigos e parentes natalenses.

Oito décadas juntas Quando criança, a aposentada Oceana Carneiro, 82, adorava se divertir com suas bonecas, mas a sua brincadeira favorita era bater perna pela Cidade Baixa ao lado de uma freira baixinha, pedindo donativos aos pobres de porta em porta. Algumas décadas depois, a aposentada está vendo a sua companheira de andanças por Salvador virar santa.

“Eu tenho chorado todo dia de emoção. Quando venho aqui nas Obras Sociais, não consigo me controlar. Fico me lembrando de quando a gente andava de ônibus juntas, dos conselhos que ela me dava… Sempre que alguém me ‘aperreia’, eu paro e digo: ‘Olha, essas mãos aqui são abençoadas porque encostaram nas de Irmã Dulce’”, lembra Oceana, que estudava na escola Santo Antônio, onde a freira era mentora.

Mesmo após a morte de Irmã Dulce, a aposentada tratou de não separar-se de sua companheira. Para mantê-la ao seu lado dentro de casa, Oceana separou um cantinho em seu lar para montar um santuário que pouco a pouco vai ficando completo - a última aquisição foi feita nessa terça-feira (8) - uma imagem da freira. Já a única tristeza da aposentada é não poder ir ao Vaticano para ver a mulher que ela chamava de amiga virar santa. “Mas isso não estraga a felicidade. Eu mesmo já avisei lá em casa que a televisão vai ser ligada de madrugada. Quero assistir tudo e não perder nenhum detalhe. E se eu chorar, que não reclamem. É muito emocionante você saber que fez parte da história, mesmo que de forma pequena, de uma santa”, diz Oceana com os olhos cheios de lágrimas.Primeira igreja Se todo o amor de Irmã Dulce não ficou restrito apenas à Cidade Baixa, a emoção por sua canonização também não estaria presente apenas lá. Prova disso é que, a 14km de distância do Largo de Roma, será fundada, neste dia 13, no Saboeiro, a primeira paróquia do mundo em homenagem à santa baiana.

Esta paróquia será uma ramificação da Igreja da Ceia do Senhor, localizada no Cabula VI, e funcionará onde hoje é a Capela Santíssima Trindade, na Rua Silveira Martins, 32, que tem missa apenas aos domingos e agora funcionará diariamente. A criação da nova paróquia está marcada para 7h30 do dia 13, logo após a missa de canonização, que será presidida pelo papa Francisco, no Vaticano.  Igreja da Ceia do Senhor dará origem à Paróquia Santa Dulce dos Pobres (Foto: Betto Jr. / CORREIO) Durante a Celebração Eucarística na nova Matriz, presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, Dom Estevam dos Santos Silva Filho, será feita a leitura do Decreto que oficializa a paróquia e o santuário.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro