Filho de deputada do PSL consegue vaga em Colégio Militar sem fazer concurso

Carla Zambelli conseguiu evitar que filho entrasse em concorrência de 48 candidatos por vaga

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  • Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2019 às 15:43

- Atualizado há um ano

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Foto: Reprodução O filho da deputada federal do PSL por São Paulo, Carla Zambelli, foi matriculado no sexto ano do ensino fundamental no Colégio Militar de Brasília após solicitação de sua mãe. De acordo com a revista Veja, o garoto conseguiu a vaga sem passar pelo processo seletivo.

Uma vaga para estudar por lá é bastante acirrada. Em 2017, houve 1.212 candidatos para 25 vagas oferecidas para o sexto ano, uma relação de 48,48 candidatos por vaga.

O Despacho Decisório 142/2019, que permitiu que o filho da deputada entrasse na escola sem prestar concurso, informa que Carla Zambelli solicitou a vaga por ter se mudado para Brasília depois de empossada no cargo de deputada. 

Segundo o documento, ela afirmou que seu pedido estava respaldado pelo artigo 92 do Regulamento dos Colégios Militares. Entretanto, este afirma que casos considerados especiais poderão ser apreciados pelo Comandante do Exército. O artigo tem caráter genérico e não trata de questões específicas relacionadas ao acesso de alunos às instituições.

O Centro de Comunicação Social do Exército citou este mesmo artigo para justificar a matrícula do filho da parlamentar. Segundo o texto do despacho, o Departamento de Ensino e Cultura do Exército manifestou-se “de maneira favorável ao pleito”.

Questionada pela Veja, Zambelli disse que solicitou a vaga por conta das ameaças sofridas por ela e seu filho (ver abaixo). De acordo com a parlamentar, estas intimidações começaram em 2016 e são feitas por um grupo que, segundo ela, está ligado a dois massacres ocorridos em escolas brasileiras – o de Realengo, no Rio (em 2011, que deixou treze mortos) e o de Suzano, no Estado de São Paulo (em 2019, com dez mortos).

De acordo com a deputada, a polícia paulista considerou que seu filho não estaria seguro em São Paulo e isso fez com que ela decidisse levá-lo para Brasília e tentasse obter uma vaga no Colégio Militar, a única instituição que ela considera suficientemente segura para o garoto. Zambelli disse contar com proteção da Polícia Legislativa, mas que esta segurança não contempla seu filho. Ela afirmou ter anexado provas das ameaças no documento encaminhado ao Comando do Exército.

Ressaltou que o seu filho foi submetido a uma avaliação no Colégio Militar de Brasília. Ele começou a frequentar aulas em março ou abril – antes mesmo da autorização formal dada pelo Exército.

Fundadora do movimento Brasil Nas Ruas, que atuou em protestos que pediam o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, a deputada é uma das maiores defensoras de Jair Bolsonaro no Congresso. O movimento chegou a ser condenado a indenizar o então deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) que, em postagem em rede social, foi acusado de defender a pedofilia.