Fim de semana será de chuvas e trovões em Salvador, diz Codesal

Há risco de alagamentos em áreas isoladas da cidade; chuvas devem reduzir a partir de quarta-feira (11)

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  • Da Redação

Publicado em 6 de março de 2020 às 23:28

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo CORREIO

Céu nublado com possibilidade de chuvas intensas, fracas a moderadas, acompanhada por trovoadas, com risco de alagamentos em áreas isoladas da cidade. Essa é a previsão meteorológica da Defesa Civil de Salvador (Codesal) para este final de semana (07 e 08/03).

Por volta das 23h39 desta sexta-feira (6), a Codesal emitiu um comunicado alertando que há risco para alagamento e pequenos deslizamentos de terra. De acordo com outros comunicados divulgados nesta sexta-feira (6), o acumulado previsto para o período é de 20 a 40mm. E mais: de acordo com a previsão, essas chuvas devem reduzir a partir de quarta-feira (11).

Segundo informações do Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil de Salvador (Cemadec), o fenômeno que ocasiona o tempo instável está associado à zona de convergência do Atlântico Sul (ZCAS).

Nas últimas 24 horas, os bairros com maior acumulado de chuvas foram Palestina (40,2mm), Valéria (35,6mm) e Águas Claras (25,6mm). (Foto: Reprodução) (Foto: Reprodução) Por volta das 11h desta sexta-feira, a chuva em alguns bairros de Salvador já colocava a população em alerta na capital baiana. De acordo com o registro dos pluviômetros do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o maior índice de chuvas foi no bairro de Valéria, que teve 34.1 mm de chuva em apenas uma hora. Logo em seguida, vinham os bairros de Águas Claras e Tancredo Neves, ambos com 3.93 mm de chuva registrado. 

Nesta manhã, a Codesal registrou 18 ocorrências relacionadas à chuva até 11h desta sexta-feira. Dessas, a maioria era de ameaças de desabamento (5 casos). Houve, ainda, quatro ameaças de deslizamento, um detalhamento e uma árvore ameaçando cair, entre outras situações. A Codesal lembra que, em caso de emergência, o cidadão deve discar para o telefone gratuito 199.

Caso recente No último dia 22 de janeiro um prédio de quatro pavimentos que desabou, no bairro de Narandiba, me Salvador, logo após uma chuva forte. Os moradores do prédio contaram ao CORREIO que a edificação já apresentada problema há meses, incluindo rachaduras e estrutura exposta, e disseram que a situação se agravou nos dias anteriores à tragédia, quando o local foi esvaziado e condenado pela Defesa Civil (Codesal). (Foto: Reprodução) “Minha mãe morava no prédio e estava muito preocupada. Há semanas ela nem dormia e vivia falando da construção, que tinha muito medo que ela desabasse, que estava cheia de rachadur. Ela também estava bem chateada, porque recentemente tinha gastado um bom dinheiro reformando e pintando o apartamento, e agora tudo foi perdido”, contou Camila Souza, 20 anos, ao CORREIO.

O prédio foi construído há mais de 10 anos, segundo moradores da região. Ele tinha quatro andares e oito apartamentos. Há cerca de 10 dias o local foi totalmente desocupado por ordem da Codesal. Na época, cinco famílias moravam na estrutura. 

Camila também contou que o dono do edifício, identificado apenas como Aristides, chegou a pedir que a mãe dela ficasse no apartamento, mesmo após o local ter sido condenado. O proprietário afirmou que iria reformar totalmente o local - e algumas obras estavam sendo feitas, como a troca do telhado e um reforço nas fundações, mas nada evitou o desabamento. Entulhos do prédio devem ser retirados pela Limpurb até sexta (Foto: Arisson Marinho / CORREIO) O mesmo Aristides também é apontado como o dono de diversas outras construções na região, a maioria delas condenada, incluindo um outro prédio de quatro andares que será demolido até a próxima sexta-feira (24) pela Codesal. Segundo moradores, esse homem é uma espécie de “Grileiro de Narandiba”, que costuma invadir terrenos da região, construir edifícios ilegais e colocar os apartamentos para alugar.

Na região onde o prédio desabou, próximo à estação do metrô do Imbuí, lado oposto à sede da Coelba, podem ser observadas diversas placas anunciando imóveis para alugar. Segundo moradores, todas se referem a propriedades deste Aristides. Vizinho ao local do acidente, o auxiliar de nutrição Gil Macedo, 40, contou que todos os moradores já sabiam dos problemas nas construções.

“Elas foram feitas de qualquer jeito, em cima do esgoto e com vigas muito finas. Sem nenhum estudo ou critério. Todas são irregulares. Infelizmente, existem pessoas que por falta de condições acabam morando nesses lugares sem estrutura”, lamentou.

Após o desabamento do edifício, todas as casas ao redor foram desocupadas. Os moradores só poderão retornar às residências após a limpeza dos entulhos e a demolição de um outro prédio de quatro andares - também pertencente a Aristides. A desempregada Jéssica Conceição, 20, mora ao lado do prédio que desabou e diz que está com medo de voltar para casa.

“Há dias alguns entulhos começaram a cair e o prédio começou a inclinar. Desde então todo mundo ficou morrendo de medo, principalmente quando as chuvas chegaram. Até minha casa começou a apresentar rachaduras e agora, após a queda, estou morrendo de medo de voltar”, revelou a jovem, que gravou o momento da queda. Veja abaixo.

Chuviscava no momento do acidente, mas horas antes havia chovido bastante na região. Houve um ruído muito alto quando o prédio começou a tombar. "Foi um barulho assustador mesmo. Eu estava na garagem quando minha filha me ligou. Ela percebeu o barulho e quando foi olhar da varanda, o prédio ficou inclinado. Depois ele desabou", disse Anderson Carvalho, na época, que mora a cerca de 100 metros de distância do prédio. 

Anderson também gravou um vídeo da queda, veja:

Moradores foram retirados do local (Foto: Arisson Marinho / CORREIO) Versão oficial Logo após o acidente, equipes da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e da Codesal chegaram ao local. Segundo o diretor da Defesa Civil, Sosthenes Macedo, houve uma ruptura da estrutura. “Nossa equipe esteve no local e notificou vários imóveis. Condenou todos eles. Graça a Deus não houve vítimas. Nossas equipes estão no local para avaliar a situação”, disse Macedo. 

Outros imóveis ainda correm risco de desabamento. "É necessário que os moradores deixem esses imóveis, pois o risco de acidente é grande", explica Macedo.  Vizinhos do prédio tiveram que abandonar as casas (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) A chuva aumentou após o desabamento. Essas chuvas estavam associadas ao sistema de baixa pressão.