'Foi arremessado a uns cinco metros', diz irmã de homem ferido em explosão na Brasilgás

Acidente deixou ainda um morto e outro ferido que foi transferido para o HGE

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 14 de maio de 2021 às 18:50

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

A explosão que matou uma pessoa e feriu outras duas em São Francisco do Conde, Região Metropolitana de Salvador (RMS), foi na base de produção da Brasilgás, empresa que distribui e revende gás de cozinha. No momento do acidente, o auxiliar de carga e descarga Raimundo Natalício Bulcão manuseava um botijão. Ele morreu na hora.  

Outras duas pessoas ficaram feridas. Alisson Sacramento foi transferido para o Hospital Geral do Estado (HGE), e Valdeir Santiago dos Santos está internado no Hospital Municipal Doutor Eduardo Ribeiro Bahiana, em Madre de Deus. Ele chegou a ser arremessado a cinco metros de distância com a força da explosão.  “Ele nos disse que estava se aproximando de um setor que tinha dois colegas. Foi nesse momento que a explosão ocorreu e ele recebeu o impacto. Foi arremessado a uns cinco metros e ficou desorientado, não conseguia levantar. Um colega apareceu e ajudou a levantá-lo. O fogo já tinha tomado conta nessa hora”, afirmou a marisqueira Marinês Santiago dos Santos, 34 anos, irmã de Valdeir.“Eu recebi a ligação por volta das 10h20 da minha prima dizendo que ele já estava no hospital e ferido. Foi muito doloroso na hora. Meu coração ainda tá apertado, porém mais aliviado em ver que ele está bem. O médico disse que ele deve receber alta ainda hoje”, disse Marinês que mora na Ilha dos Frades, assim como o irmão. Ela não soube dizer qual a função que ele ocupava na empresa, mas disse pertencer ao quadro dos terceirizados. 

Já Raimundo não teve a mesma sorte do colega. Segundo informações dos profissionais de saúde que estiveram no local, ele teve o corpo mutilado e não resistiu. Raimundo tinha 43 anos e deixou  esposa e quatro filhos.  

O acidente aconteceu por volta das 9h50 dessa sexta-feira e, às 17h30, a família ainda aguardava no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues para fazer a liberação do corpo. Atônito Mário, cunhado da vítima, era um dos presentes. “A família está toda muito abalada e sentida. O sepultamento deve acontecer amanhã, mas ainda não está com horário marcado. A Brasilgás ainda não entrou em contato conosco”, lamentou.  

Outro ferido foi transferido para o HGE em estado grave  O outro ferido, Alisson Sacramento, que estava mais próximo de onde a explosão aconteceu, precisou ser intubado na unidade de saúde de Madre de Deus e, depois, foi transferido para o Hospital Geral do Estado (HGE). Ele está com duas fraturas expostas, uma em cada perna, e algumas perfurações no corpo, incluindo uma na cabeça, onde um pedaço do botijão ficou preso na parte direita da face.  “Primeiro chegou um rapaz, que contou da explosão. Ele estava muito abalado. Como a base mais próxima é a nossa, nós imediatamente liberamos as ambulâncias e corremos para lá. Liberamos, inclusive, antes da central ter nos informado do acidente. Chegamos quando já tinha passado uns 30 minutos”, contou Hans Sena, coordenador de frota do Samu do município.  O encarregado da empresa terceirizada esteve no hospital e conversou com Sena. Segundo ele, no momento do acidente, 293 pessoas estavam trabalhando, mas só três foram vítimas.  

 

Bombeiros já controlaram o acidente   Quando o Samu chegou na base de produção da Brasilgás, o 14º Grupamento de Bombeiros Militar (14ºGBM - Madre de Deus) e bombeiros especialistas em operações de emergências com produtos perigosos já atuavam no local. Eles levaram cerca de 5h para controlar o acidente.  

No começo, os bombeiros montaram um Sistema de Comando de Incidentes (SCI) no local para que fosse traçada a melhor estratégia de atuação. Eles utilizaram duas linhas de combate. Primeiro, fizeram o rebatimento dos gases que ainda estavam no ar, para que fossem dissipados e anulada a possibilidade de uma reignição. Depois, eles realizaram a detecção de gases e monitoramento ambiental do local.  Além dos bombeiros militares, participaram da operação brigadistas da empresa. “Foi uma operação bastante minuciosa, pois, ao chegarmos ao local, verificamos que ainda existiam cerca de 200 botijões com vazamento de pouca quantidade de GLP. Tivemos que agir rápido, com bastante precisão e cautela”, explicou o major Allan Guanais, comandante do 14º GBM.  O Departamento de Polícia Técnica (DPT) esteve no local para a retirada do corpo de Raimundo Natalício Bulcão e para realizar a perícia que deve constatar a causa do acidente. 

Em nota, a Brasilgás confirmou o acidente fatal, disse que o problema foi contido e não há mais risco no local. “Outros dois trabalhadores foram feridos na ocorrência, tendo sido prontamente atendidos e encaminhados a hospitais da região. Os esforços da Brasilgás, neste momento, estão em prestar todo o apoio e solidariedade às vítimas e seus familiares. O acidente foi comunicado às autoridades e a companhia está disponibilizando o apoio de suas equipes para a averiguação das causas, em conjunto com os órgãos competentes”, disseram.  

Segundo a empresa, as vítimas do acidente fazem parte do quadro de colaboradores da terceirizada Soservi.  

* Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.