Foragida, ex-detenta estava com a mãe quando dono de pousada morreu, diz defesa

Durante a entrevista, Pires falou que Maqueila e Leandro tinham uma relação amigável

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  • Da Redação

Publicado em 16 de março de 2022 às 17:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Procurada pela polícia desde a morte do dono da pousada de luxo em Jaguaripe, Leandro Troesch, a ex-detenta Maqueila Bastos disse que estava na casa da mãe, numa outra cidade baiana, quando o empresário e ex-presidiário foi encontrado com um tiro na cabeça em sua pousada Paraíso Perdido no último dia 25. Ela teve a prisão temporária decretada junto com a viúva, Shirley da Silva Figueredo, que também não foi localizada desde então.  “Maqueila não se encontra foragida. Ela nunca foi procurada ou notificada pela autoridade policial, para se apresentar na cidade de Jaguaripe. Ela só veio tomar conhecimento disso pela imprensa. Quanto aos fatos, ela não tem qualquer participação. No dia do evento, que se tem noticiado, ela se encontrava no interior da Bahia, na casa da mãe", declarou o advogado dela, Paulo Pires, durante o programa Bahia Meio Dia, da TV Bahia, na amanhã desta quarta-feira (16). 

A morte de Leandro ainda é investigada. Sem dar detalhes, o delegado Rafael Magalhães, titular de delegacia de Jaguaripe, disse, em outros momentos, que há indícios de que Leandro não teria cometido suicídio. Pires negou o envolvimento de sua cliente e declarou que a viúva é quem pode esclarecer o que de fato aconteceu com o empresário. Ela não tem nada a ver com os eventos, até porque quem se encontrava no dia do fato, junto com o empresário, foi a Shirley. Ela é quem deverá esclarecer como se deu o ocorrido”, disse o advogado à TV bahia. Ele garantiu que irá marcar com o delegado o dia para apresentar Maqueila.  Maqueila disse que estava na casa da mãe, em outra cidade, quando Leandro morreu  (Foto: Divulgação) Durante a entrevista, Pires falou que Maqueila e Leandro tinham uma relação amigável, e que ele teria confessado problemas psicológicos. "Ela sempre teve um bom relacionamento com o Leonardo [Leandro], quanto à Shirley, com a qual fez amizade com o tempo quando esteve presa no Presídio Feminino de Salvador. Após esse fato, ela eventualmente foi à pousada, mas tinha boa amizade. Tanto que, o Leonardo [Leandro] mandou um áudio para ela, uma gravação de áudio que nós temos, em que ele fala muito bem dela, diz que não tem nada contra ela. Um áudio amigável. Neste áudio, inclusive, ele fala que está sob tratamento psiquiátrico, em razão pela qual – naquele momento – ele não queria mais alguém na pousada, visitando ou indo, porque ele estava fragilizado".

Mas o delegado Rafael Magalhães, que também foi entrevistado, rebateu a “relação amigável” dita pelo advogado de Maqueila. "Me estranha ele falar que ela era muito amiga de Leandro, pois os fatos que eu tenho e os depoimentos é de que a amiga dela era Shirley e que Leandro não admitia essa amizade. Esses são os fatos que eu tenho a partir dos depoimentos”, declarou o delegado. Ele disse que áudio deverá ser analisado pela polícia.

A polícia apura ainda se há relação entre a morte de Leandro e o assassinato do empregado dele, Marcel Silva, o Billy, baleado e esfaqueado um dia antes de prestar depoimento sobre a morte do patrão.  Até agora, quatro pessoas já foram identificadas. Nesta terça-feira, a polícia chegou a trocar tiros com um outro homem, que também é suspeito de participar do assassinato de Billy. “O advogado apenas disse que iria apresentar o cliente dele. Nós ficamos no aguardo aqui, mas ele entrou em contato com o coordenador de Polícia Civil de Santo Antônio de Jesus, que determinou que essa ouvida fosse feita em outra delegacia, porque ele disse que não se sentia seguro em fazer essa ouvida aqui, na delegacia de Jaguaripe”, disse o delegado à TV Bahia.  Nesta segunda-feira (14), Shirley e Maqueila tiveram as prisões temporárias decretadas pela Vara Criminal, Júri, Execuções Penais e Infância e Juventude da Comarca de Nazaré para fins de prestarem esclarecimentos no inquérito que apura a morte de Leandro.  Mas Shirley já era procurada pela polícia, após descumprir as condições de ordem judicial, que garantia a ela responder por um crime em liberdade – ela e o marido foram presos no ano passado por sequestro e extorsão cometidos contra uma mulher em Salvador, em 2001.    Relembre o crime do casal O CORREIO teve acesso às informações do processo que apura as acusações contra Leandro e Shirley. Outras três pessoas contam como réus. São elas: Joel Costa Duarte, Carlos Alberto Gomes de Andrade e Júlio da Silva Santos. De acordo com a Justiça, Joel abordou a vítima no dia 10 de maio de 2001, quando ela estacionava o carro na porta de casa, no bairro de Itapuã, por volta das 18h30. Eles tomaram o veículo da vítima e a mantiveram no carro enquanto eram efetuados saques de dinheiro em caixas eletrônicos.  Ao verificar o saldo bancário da vítima, Joel arquitetou a extorsão mediante sequestro, ficando a cargo de Júlio mantê-la em cárcere privado, primeiro no Motel Le Point, em Itapuã, depois numa casa situada na Praia de Ipitanga, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS), alugada ao próprio Joel e a dois comparsas, neste caso, Leandro e Shirley. Enquanto mantida em cárcere privado, a vítima foi alvo de reiteradas ameaças de morte feitas por Júlio, somente sendo liberada após o pagamento do resgate de R$ 35 mil. No processo consta que Leandro que conduziu o veículo da vítima e fez os saques. Já Shirley, foi a responsável por buscar o pagamento do resgate. As armas utilizadas na prática dos crimes pertenciam aos dois Joel e Júlio, que conseguiram fugir na ocasião. No entanto, Leandro, Shirley e Carlos Alberto foram presos em flagrante. Posteriormente o casal passou a responder pelos crimes em liberdade, até a justiça ter voltado atrás em 2018.