Ford vai fechar fábricas no Brasil, incluindo a de Camaçari

Centro de Desenvolvimento de Produto na Bahia será mantido

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  • Da Redação

Publicado em 11 de janeiro de 2021 às 16:25

- Atualizado há um ano

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A Ford decidiu fechar as fábricas que tem no Brasil, incluindo a de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. A pandemia de covid-19 ampliou o subuso da capacidade manufatureira da empresa, no entendimento da Ford. No país, serão mantidos apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas e sua sede regional, ambos em São Paulo.

A produção vai cessar imediatamente nas fábricas de Camaçari e Taubaté, com algumas partes continuando por alguns meses para dar suporte com produção de peças de estoque para o pós-venda. No último trimestre de 2021, será fechada também a planta da Troller, em Horizonte (CE).

A empresa afirma que irá trabalhar em colaboração com os sindicatos para "minimizar os impactos do encerramento da produção". “A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, afirmou Jim Farley, presidente e CEO da Ford. “Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global", diz comunicado da empresa. 

"A Ford mantém assistência total ao consumidor com operações de vendas, serviços, peças de reposição e garantia para seus clientes no Brasil e na América do Sul. A empresa também manterá o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas, em Tatuí (SP), e sua sede regional em São Paulo", acrescenta.

Com a decisão, os veículos comercializados no mercado brasileiro passarão a ser importados, em sua maioria vindo das unidades de Argentina e Uruguai, além de outras regiões fora da América do Sul.

Em 2019, a Ford já havia encerrado a produção na fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo. Na época, com isso, deixou de vender o Fiesta, um dos modelos de maior sucesso no país, e deixou o mercado de caminhões por aqui. 

Camaçari O prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo (Democratas), lamentou o anúncio do fim da produção de veículos. Ele disse que será uma grande perda para Camaçari e a Bahia.

 "Com muita tristeza, recebemos esta notícia da Ford. Infelizmente, a crise provocada pela pandemia da covid-19 trouxe consequências ruins para a área da saúde e, também, para a economia, fazendo com que pequenos e grandes negócios se tornem inviáveis. Lamento o fechamento da fábrica e me solidarizo com os trabalhadores", disse Elinaldo.

O prefeito disse que vai acompanhar a situação de perto. "Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para reduzir o impacto para os trabalhadores, pais e mães de família que vão perder o seu sustento", disse, afirmando que a prefeitura vai "intensificar diálogos" com outras empresas em busca de novos investimentos.

O governo do Estado também divulgou nota lamentando o encerramento da produção e diz que já busca alterativas para minimizar o impacto. "ssim que foi informado, o governador Rui Costa entrou em contato com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) para discutir a formação de grupo de trabalho para avaliar possibilidades alternativas ao fechamento", diz a nota, que afirma que a Embaixada Chinesa foi procurada para sondar possíveis investidores interessados em assumir o negócio na Bahia.

Presidente nacional do Democratas, ACM Neto também lamentou a decisão da Ford. Ele lembrou da luta pessoal do avô, Antonio Carlos Magalhães, para que a fábrica se instalasse na Bahia, em 2001. "É com pesar que recebemos hoje essa notícia e me solidarizo principalmente com a população de Camaçari e da Região Metropolitana de Salvador, já que essa decisão, que partiu do comando mundial da montadora, terá impacto na vida de milhares pessoas", disse o ex-prefeito de Salvador. "ACM era presidente do Senado quando, em 1999, usou do seu poder e influência para defender, mais uma vez, a Bahia. Enfrentou diversos interesses e trabalhou muito para derrotar as pretensões do Rio Grande do Sul, que também almejava ter a fábrica naquele estado. É uma notícia triste para a Bahia essa de hoje".

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, foi mais um que comentou com pesar a notícia, criticando o governo brasileiro. "O fechamento da Ford é uma demonstração da falta de credibilidade do governo brasileiro, de regras claras, de segurança jurídica e de um sistema tributário racional. O sistema que temos se tornou um manicômio nos últimos anos, que tem impacto direto na produtividade das empresas. Espero que essa decisão da Ford alerte o Governo e o parlamento para que possamos avançar na modernização do Estado e na garantia da segurança jurídica para o capital privado no Brasil", escreveu ele no Twitter.