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Publicado em 30 de junho de 2017 às 18:00
- Atualizado há 2 anos
A fortaleza onde, no dia 16 de janeiro de 1823, foi hasteada a bandeira do Brasil Independente, na antiga vila de Itaparica, pode virar o primeiro memorial da Guerra da Independência do Brasil na Bahia. O Forte de São Lourenço, espaço ainda fechado à visitação pública, está sendo preparado pelo Comando do 2º Distrito Naval da Marinha para virar museu. Se os planos seguirem como espera a Marinha, o espaço deverá estar pronto para funcionar no dia 2 de julho do ano que vem.>
“A gente já tem o Museu Náutico no Forte de Santo Antônio da Barra e agora estamos com um projeto para que o Forte de São Lourenço seja aberto à visitação para se tornar um memorial da Guerra da Independência”, explica o capitão de corveta do Comando do 2º Distrito Naval, Flávio Almeida. Para abrir o Forte, a Marinha já iniciou conversas com especialistas, com a Prefeitura de Itaparica e iniciou um contato com a Fundação Pedro Calmon (FPC), através do Centro de Memória da Bahia.>
A ideia de abrir o local surgiu após pedidos de que o local pudesse ser visitado. “A gente deve fazer um encontro ainda em julho para definir o escopo e como vamos montar o memorial. Uma equipe da Marinha do Rio de Janeiro vem nos ajudar com isso ainda nesse segundo semestre”, completa o capitão de corveta Flávio Almeida. Fortaleza foi construída por holandeses em 1647, mas depois abandonada(Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)FlotilhaContar a história da participação da Marinha na campanha pela Independência do Brasil na Bahia também é uma das motivações para a criação do memorial. “A Marinha teve uma participação fundamental na Independência, porque é quando se cria a primeira esquadra que se junta à flotilha de João das Botas nos combates. Essa história precisa ser contada”, diz o capitão Flávio Almeida.>
O espaço, que hoje abriga, diariamente, somente dois marinheiros, já tem até um local onde possivelmente ficarão algumas das peças. À direita do portão de entrada, uma sala onde possivelmente funcionou a enfermaria da fortaleza deverá ser uma das salas. O forte também conserva um auditório e a antiga Sala D’Armas, bem como um gabinete de comando com insígnias que fazem referência à Guerra da Independência.>
Acredita-se, ainda, que haja no pátio do forte um túnel, construído ainda pelos holandeses no século XVII, que leva diretamente ao local onde fica hoje a Capela de Nossa Senhora da Piedade. É possível que o túnel tenha sido uma das poucas estruturas do forte, erguido em 1647, que os holandeses tenham deixado intactas após serem expulsos do local, recuperado mais tarde pelos portugueses.>
PatrimônioDe acordo com a prefeita de Itaparica, Marlylda Barbuda, o memorial do Forte de São Lourenço será o primeiro museu para contar a história da Guerra de Independência e o primeiro espaço de visitação de Itaparica, onde houve uma batalha no dia 7 de janeiro de 1823, que resultou na expulsão dos portugueses da Ilha. Forte foi um dos pontos onde houve luta; hoje, está fechado à visitação(Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)“O nosso desejo inicial era transferir a administração do forte para Itaparica, mas o almirante nos disse que seria um processo muito burocrático e praticamente não seria possível. Numa reunião, então, surgiu a ideia de fazer o memorial que será administrado pela Marinha, como acontece já no Museu Náutico, no Farol da Barra”, explica.>
Embora fechado à visitação, o Forte já recebe grupos escolares para aulas de História. O desejo da administração municipal, no entanto, é maior do que isso. “A gente precisa trazer a participação de Itaparica para a memória da história da Independência. E a gente quer ter o dia 7 de janeiro condecorado também, pretendemos torná-lo patrimônio imaterial do município”, defende a prefeita.>
Centro de MemóriaSegundo o diretor do Centro de Memória da Bahia, vinculado à FPC, Rafael Fontes, os primeiros contatos para a montagem do memorial já foram feitos por parte da Marinha. Agora, ambas as partes aguardam a passagem das comemorações da Independência para retomar o contato. O próximo passo é uma visita técnica à fortaleza.>
"A gente normalmente lida com o memorial a partir do acervo, precismos identificar o que vai compor, qual é o mote dele. Eles disseram que possuem objetos relacionados à Guerra da Independência. Aí você complementa a história desse item com pesquisa, com outras informações, você contextualiza esse objeto", explica Rafael.>
No caso do Forte de São Lourenço, será preciso contextualizar o que aconteceu em Itaparica e relacionar com o que ocorreu na Bahia e com o contexto geral das batalhas. O diretor do Centro de Memória disse que não é possível precisar o tempo necessário para a montagem do memorial, já que isso depende do estado de conservação do acervo, da equipe e dos recursos disponíveis.>
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