Frutas cítricas estão até 50% mais baratas em Salvador

Queda nos preços está sendo registrada em diversos pontos do estado

  • Foto do(a) author(a) Georgina Maynart
  • Georgina Maynart

Publicado em 14 de janeiro de 2019 às 06:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

O limão está 50% mais barato na Ceasa de Simões Filho -  maior central de abastecimento e distribuição da Bahia, na Região mMetropolitana de Salvador. O saco de 12  quilos, que chegou a ser vendido por R$ 30  no fim de dezembro, agora pode ser encontrado até por R$ 15. A maior parte da produção vem do Recôncavo, oeste do estado e sul da Bahia, região onde a colheita é intensa nesta época do ano.

No centro da capital baiana, a queda nos preços também está sendo registrada nas bancas dos vendedores ambulantes de umbu, acerola, tamarindo e seriguela. São frutas com aquele sabor azedinho, mas muito refrescante para o paladar e para o bolso do consumidor.

O pote de umbu, que vem com cerca de 30 unidades, agora está sendo vendido por R$ 2. Uma redução de 36% registrada também nos preços de outras frutas cítricas, como acerola e limão. Já a porção da seriguela custava R$ 4 há quatro semanas, e hoje pode ser encontrada por R$ 3, cerca de 25% a menos.Quando o sol está muito quente a gente vende mais. Tem gente que leva até três pacotes de umbu de uma vez só - Verônica Barbosa, vendedora ambulanteTem consumidor aproveitando esta onda de sabores. “Eu sou frequentador da região e consumo muitas frutas como umbu e cajá. O pote era R$ 3 , mas custando R$ 2 fica melhor ainda, principalmente neste calor”, diz o jornalista Rafael da Conceição Santos.

As consequências do aumento da oferta podem ser vistas na avenida Joana Angélica, onde há uma grande concentração de vendedores de frutas. Neste trecho do centro da cidade, o CORREIO encontrou pelo menos seis vendedores ambulantes que abandonaram outros frutos e passaram a comercializar as frutinhas de sabor peculiar.

“Estas frutas são ótimas para fazer um suquinho fresco. Aí quando o sol está muito quente a gente vende mais. Tem gente que leva até três pacotes de umbu de uma vez só. Está sendo ótimo”, comemora Verônica Barbosa, vendedora ambulante,  que abandonou recentemente  as uvas para vender o fruto típico da caatinga. (Foto: Roberto Abreu/ CORREIO) Com a temperatura alcançando até 34 graus em Salvador, espera-se que o consumidor faça bom proveito destas frutas refrescantes, mas não se empolgue muito. Assim como os termômetros, os preços também costumam oscilar neste primeiro trimestre do ano, até a colheita acabar no campo.

Prejuízo  O aumento na oferta no campo nem sempre significa lucro p ara o produtor rural. Ao contrário, muitas vezes se transforma em prejuízo. Com muitas frutas no mercado, os preços caem, e alguns agricultores não conseguem nem cobrir os custos de produção. Todo produtor já espera a queda no preço nesta época. É hora de fazer economia e administrar - Gilmar Oliveira Costa, produtor ruralNo sul da Bahia, em Eunápolis, uma das maiores regiões produtoras de limão do estado, o quilo da fruta está saindo do campo por 0,80 centavos. Bem abaixo do preço de custo de produção que é de R$ 1.

Segundo os agricultores, um conjunto de fatores está influenciando nesta queda. Cerca de 72% da produção de limão do Brasil é exportada. Mas neste período do ano, a quantidade enviada para a Europa diminui por causa do frio, que faz com que os europeus comprem menos limão. A redução nas exportações ocorre exatamente no momento em que os estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, maiores produtores do país, estão colhendo. Isso aumenta ainda mais a oferta no mercado.

Os agricultores mantêm a colheita dos frutos para diminuir os prejuízos.  “Todo produtor já espera a queda no preço nesta época. É hora de fazer economia e administrar. Continuamos colhendo para garantir o fornecimento para os clientes, diminuir o vermelho, aguardar o período de alta no preço eequilibrar as contas. Estes preços devem continuar assim até meados de abril, quando as exportações voltam a aumentar e os preços começam a reagir”, analisa o produtor rural Gilmar Oliveira Costa, que no ano passado colheu mais de 6 mil toneladas de limão.

Umbu Já no norte da Bahia, são os produtores de umbu que estão enfrentando a queda nos preços. A saca de 50 quilos está sendo vendida por até R$ 20 na região, preço considerado extremamente baixo pelos agricultores, que assim acabam recebendo apenas 0,40 centavos pelo quilo da fruta. (Foto: Roberto Abreu/ CORREIO) Com uma safra estimada em 100 toneladas este ano, os 271 produtores rurais ligados a Associação de Agricultores de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) estão começando a produzir polpas de frutas de umbu. Congeladas, elas permitem que o agricultor espere o melhor momento para vender e agregue valor a produção.Agora a gente vai comercializar polpa de umbu, maracujá e acerola, que também são abundantes aqui - Denise Cardoso, presidente da CoopercucA cooperativa tem clientes em várias partes do Brasil e já exporta doces e geléias de umbu há 10 anos. Para manter o fornecimento constante ao longo do ano, a cooperativa garante aos agricultores a compra dos frutos por um preço mais justo, entre R$ 40 e R$ 50   a saca.

“Agora a gente vai comercializar polpa de umbu, maracujá e acerola, que também são abundantes aqui e estão na fase de colheita. Com isso a gente consegue valorizar a fruta e o trabalho do agricultor. A previsão é de uma safra muito boa”, afirma Denise Cardoso, presidente da Coopercuc. 

Mas nem todas as frutas cítricas estão mais baratas. A laranja, por exemplo, continua em alta por causa de problemas nas safras da Bahia e de outros estados. Nos últimos anos, muitas pragas e doenças têm afetado os pomares.