Fuja das ciladas em forma de vagas

O Brasil tem 13,5 milhões de desempregados e o cenário tem sido palco para armadilhas; saiba como evitar

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 31 de janeiro de 2022 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Shutterstock/reprodução

Sabe aqueles SMS com convites quase irrecusáveis para trabalhar por meio período e ganhar uma pequena fortuna, sem sair de casa? Ou aquelas vagas atrativas com frases criativas e legais, mas sem informações sobre a empresa, sobre o que você precisará fazer ou que dizem não precisar de nenhuma experiência? Ou aquelas que condicionam a aprovação a algo que precisa ser pago, como um curso, por exemplo? Não são oportunidades. São ciladas!

De acordo com a Consultora da Posiciona Educação e Desenvolvimento Ana Maria Coelho, situações como aquelas onde surgem “responsabilidades surpresas”, ouvir algumas frases na entrevista como “você precisará realizar tarefas diferentes” ou “você vai descobrir ao longo do caminho o que esperamos de você” é um sinal de alerta. “Falando em ambiente de trabalho, se você tiver a chance de fazer uma entrevista presencial, aproveite para dar uma olhada nas áreas comuns: ambiente sujo, rostos insatisfeitos e murais de avisos agressivos indicam um ambiente de trabalho tenso”, ensina.  Ana Maria  sugere que antes de aceitar qualquer proposta, pesquise na internet e avalie a empresa e a relação com os colaboradores (Foto: Divulgação) Outra dica é desconfiar se, em um anúncio de vaga, não tiver o nome da empresa, o nome do responsável ou o contato. “Você deve ter os dados sobre o empregador para poder buscar informações sobre ele facilmente na Internet”, orienta, salientando que a ausência de um modelo de remuneração ou do valor do salário, descompasso entre a expectativa e a realidade como, por exemplo, no site da empresa aparecem fotos de um escritório moderno, mas na realidade só a recepção ou a sala do chefe é assim também são sinais claros de alerta. 

O CEO da JobConvo Ronaldo Bahia destaca que o principal ponto na hora de aceitar uma proposta de emprego é ter em mente que nenhuma empresa séria, que quer ter os melhores talentos em seu quadro, cobra dos candidatos valor financeiro para participar de processo, como também não há venda de vagas. “A busca da oportunidade nos sites das empresas contratantes pode assegurar às pessoas que as oportunidades existem de fato e, por sua vez, há processo seletivo de fato”, diz. 

Cuidados

Ana Maria Coelho sugere que todo candidato a uma vaga de emprego se questione sobre as razões para a posição está aberta e observe a reação dos entrevistadores. “Se disserem que a empresa está crescendo e é uma nova posição, ótimo! Se disserem que o antigo dono da vaga foi promovido, ótimo! Mas se eles disserem que as duas últimas pessoas que tentaram a posição simplesmente não deram certo, agradeça e vá embora”, pontua. 

A consultora defende que antes de aceitar qualquer proposta, vale fazer uma boa pesquisa na internet, avaliando a empresa e a relação com os colaboradores. “Empresas maiores podem estar em rankings como as melhores (ou piores) empresas para se trabalhar que são realizadas por empresas especializadas. Vale a pena, também olhar o LinkedIn de pessoas que trabalhem nessa mesma empresa, fazer perguntas para conhecidos e procurar por notícias recentes sobre o local”, completa. 

Ronaldo Bahia lembra que, hoje, a internet é sempre uma fonte de informações muito rica, mas há de se saber a idoneidade da fonte. “A busca em grandes meios de comunicação, nos sindicatos relacionadas à empresa, sites de reclamações de consumidores, ajudam a definir o perfil da empresa contratante. Também existem sites que classificam os empregadores. Estas são as formas mais efetivas de traçar o perfil da empresa na qual se busca uma oportunidade”, orienta. Ronaldo Bahia lembra que, se desligar quando não há aderência com a empresa, é melhor para o profissional, que evita desgastes desnecessários (Foto: Divulgação) O CEO da JobConvo sugere que os interessados em recolocação busquem identificar suas habilidades e, só a partir daí, buscar uma oportunidade. “Dessa forma, é mais fácil ser assertivo nos processos seletivos que casam melhor com as características que foram identificadas”, defende.

Para ele, o prazo de definição sobre a escolha de um trabalho foi correta ou não, difere para cada pessoa, mas ao concluir que não há aderência à empresa, deve-se diminuir o tempo naquele emprego. “Isso é bom para o profissional, que evita desgaste pessoal e para a empresa que passa a buscar um trabalhador mais alinhado com seus valores e sua realidade laboral”, diz, sugerindo que o candidato revisite os critérios para uma escolha mais feliz em um próximo processo seletivo. 

“Para os profissionais que estão entrando no mercado de trabalho, entender o que gerou o desconforto é importante. Conversar com outras pessoas que possam ajudar a identificar quais são os fatores que são importantes e, minimamente, devem ser buscados em um novo processo seletivo, lhe dará mais confiança na próxima seleção”, finaliza.  

Fuja das armadilhas:

Longos processos decisórios

Se a organização demorou muito para decidir fazer uma oferta após a entrevista - mais de 30 dias - e não teve um bom motivo para isso, a demora pode apontar para deficiência de liderança ou outros problemas internos. “O processo de entrevista dá uma ideia da cultura de uma empresa e esse é um ponto que deve ser observado pelo candidato”, diz Bahia.

Portas giratórias

Da mesma forma, é uma boa ideia descobrir por que a posição está aberta e por quanto tempo, aconselha o CEO. “Esta é uma informação importante para determinar se a função é uma porta giratória ou se a pessoa a quem o cargo se reporta é um desafio para trabalhar”, diz ele, sugerindo que, se possível, o candidato descubra quem estava anteriormente no posto e entre em contato para pedir alguns insights.

Sem consenso

É importante que seus entrevistadores estejam na mesma página sobre a função e a cultura da empresa. Se as respostas "variam muito" quando você pede detalhes a vários entrevistadores, como as habilidades necessárias para o trabalho ou como é a cultura da organização, isso pode ser um indício de que a equipe não tem uma visão clara. “Quando você está recebendo respostas diferentes ou contraditórias, considere isso um sinal vermelho”, alerta o executivo.

Rigidez

Se seu trabalho pode ser feito remotamente e a empresa exige que você esteja no escritório em tempo integral, principalmente após o último ano e meio, isso pode ser o sinal de uma cultura inflexível, orienta Bahia. Também pode ser uma barreira para atrair novos talentos, já que os funcionários hoje em dia desejam de forma esmagadora poder trabalhar remotamente. “Se uma empresa não deseja permitir que pelo menos uma parte de seus funcionários continue trabalhando remotamente em período parcial ou integral, será difícil atrair novos talentos”.

Bahia descreve outro sinal vermelho de inflexibilidade: a ausência de conversa sobre negociações. “A incapacidade de negociar uma oferta ou não haver nenhuma conversa antes da oferta oficial ser feita é outro indicativo de rigidez. No mercado de hoje, as ofertas e aceitações de emprego devem ser vias de mão dupla”.

Entrevistadores pouco engajados

O estilo dos entrevistadores pode dizer muito sobre a empresa e seu pessoal. “O entrevistador pode não estar ouvindo. Ele pode parecer distraído, talvez até olhando para os e-mails enquanto você fala do outro lado da tela”, afirma Bahia, acrescentando que, se o entrevistador direcionar a conversa para si mesmo ou falar negativamente sobre a empresa ou colegas, esses também são sinais vermelhos. “Qualquer uma dessas ações pode indicar que o entrevistador não está empenhado em encontrar a pessoa certa ou pode refletir um estilo de gestão e cultura deficientes”.

Falta de diversidade

Diversidade, equidade e inclusão (DE&I) são importantes para quem procura emprego. “Faça perguntas sobre a abordagem da empresa nesse aspecto e seja observador durante as entrevistas para ver se a organização está cumprindo o que diz”, recomenda o CEO.

Crescimento obscuro

Se o empregador não lhe mostrou que há oportunidades para crescer com a empresa, pense duas vezes antes de aceitar o emprego, sugere Bahia, explicando que “os empregadores devem ser intencionais ao comunicar oportunidades e planos de carreira específicos durante a entrevista. Se o trabalho não tiver uma trajetória ascendente - e isso é algo que você deseja - então pise com cuidado”.

Táticas de pressão

“Se você receber uma oferta de emprego e estiver sendo pressionado a aceitá-la no local ou em um prazo extremamente apertado, digamos 24 horas, tenha cuidado”, adverte o executivo. “Não tenha medo de pedir mais tempo para pensar antes de se comprometer. Se o empregador não estiver disposto a lhe dar um dia extra para considerar cuidadosamente a oferta, pode ser um sinal de que algo está errado. Como um funcionário em potencial, você deve avaliar a oferta e determinar se ela é adequada tanto quanto a empresa deve avaliar você”.

Para saber mais sobre os empregadores:

https://www.glassdoor.com.br

https://gptw.com.br/ranking/melhores-empresas/

https://www.infojobs.com.br/ranking-melhores-empresas.aspx