Funcionários da Ford fazem novo protesto em Camaçari contra demissão em massa

Montadora já apresentou proposta para o sindicato, que não aceitou

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 21 de janeiro de 2021 às 11:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Os trabalhadores da Ford voltaram a protestar na manhã desta quinta-feira (21) contra a saída da empresa do Brasil e as consequentes demissões em massa de 12 mil funcionários diretos, segundo o sindicato. O ato aconteceu na fábrica da montadora em Camaçari, que permanece fechada desde o anúncio de sua saída do país, em 11 de janeiro. Desde então, apenas duas reuniões entre a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari foram realizadas.  

“A primeira foi para agendar o calendário de reuniões e na segunda eles nos apresentaram uma proposta desrespeitosa e tão vergonhosa que a gente nem levou para assembleia. Não existia possibilidade de aceitarmos. Eles colocaram valores que não vale a pena falar. Coisa de maluco, que acha que vamos aceitar migalhas. Tem outra reunião na próxima segunda-feira e queremos que o Ministério Público esteja junto”, disse Júlio Bonfim, presidente do sindicato.  

Durante a manifestação, os cerca de 2 mil trabalhadores presentes penduraram os próprios uniformes em uma cerca que contorna a sede da montadora. Na farda, foram escritas frases de ordem e nomes de familiares que também serão afetados com a perda dos empregos. A ideia do sindicato é ainda lutar para que empresa continue produzindo em Camaçari, respeitando o acordo de estabilidade até 2024 que foi assinado com a categoria.  

Ainda nessa semana, Júlio Bonfim e representantes do governo estadual tiveram reuniões com o Ministério Público, que está dimensionando o impacto da saída da montadora do país, e com as embaixadas da Coreia do Sul, Índia e Japão, manifestando interesse que empresas desse país ocupem o lugar da Ford. “Ontem também teve reunião com a embaixada chinesa que eu não pude participar. Nós esperamos que venha uma nova montadora, mas sabemos que isso não é de uma hora para outra”, explicou Júlio.  

Caso a montadora permaneça com a ideia de deixar o Brasil, a ideia do sindicato é conseguir um acordo justo de demissão. Para isso, uma reunião por semana deve ser realizada entre empresa e categoria. Enquanto não há definição, a fábrica de Camaçari permanece fechada. “Os salários continuam sendo pagos, pelo menos dentro do complexo. Mas nossa preocupação é com as empresas fora da Ford, que já estão querendo desligar os funcionários. Nossa orientação é que nenhuma demissão seja assinada”, diz.  

* Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lobo