Geninho e Roger Machado aprovam quinta substituição no futebol

Técnicos da dupla Ba-Vi comentam benefícios da nova regra

Publicado em 17 de maio de 2020 às 08:00

- Atualizado há um ano

A permissão para fazer cinco substituições em jogos de futebol caiu no gosto dos treinadores brasileiros. Sem previsão para a retomada das competições nos gramados baianos, os comandantes da dupla Ba-Vi, Roger Machado e Geninho, ainda não sabem quando poderão experimentar a novidade, mas aprovam a nova regra proposta pela Fifa e aprovada pela International Board (IFAB, na sigla em inglês), órgão que faz a gestão das regras do esporte.

“Acho que vai ajudar e acho que é uma coisa que poderia ser mantida mesmo após esse problema todo. Você poder utilizar mais o teu banco de reservas. Em todos os outros esportes você pode utilizar praticamente o teu banco todo. No basquete, no vôlei, no futebol de salão. Só no futebol é que você tem uma limitação de substituições. Nos outros, até o jogador pode entrar, voltar e depois entrar de novo. No futebol a gente fica restrito àquelas três substituições”, afirmou o técnico Geninho, do Vitória, em entrevista ao CORREIO.

"Na minha opinião, esta decisão já era pra ter sido tomada há bastante tempo e não pelo fato de haver muitos jogos seguidos, mas sim porque os jogos estão muito mais desgastantes. Pela velocidade e intensidade atuais, as cinco substituições já deveriam ter sido postas em prática", opinou o técnico Roger Machado, através da assessoria de comunicação do Bahia.

O objetivo da Fifa e da IFAB em autorizar que cada time possa fazer até cinco mudanças em vez das três atuais é minimizar o desgaste dos jogadores. A proposta é temporária, válida só até dezembro deste ano. As entidades consideram que, pela paralisação causada pela pandemia do novo coronavírus, os campeonatos serão retomados com uma sequência mais intensa de partidas e com os atletas fora da forma física ideal. Por isso, surgiu a ideia de dar aos treinadores a oportunidade de mexer mais vezes no time.

“Vai ser útil em todos os aspectos. No aspecto físico, porque nós não sabemos até quando vai essa paralisação, é uma incógnita muito grande, e, quando começar, eu acho que o período de trabalho não vai ser tão longo, então, acho que tendo mais substituições vai ajudar na parte física, na dinâmica do jogo. Na parte técnica, vai ajudar muito também”, comentou Geninho. “Foi uma medida acertada para o momento. Em virtude de um recomeço é muito bom que você tenha mais possibilidades de substituições. Provavelmente, após uma paralisação tão longa, você pode ter alguns jogadores que sintam mais o início do jogo”, completou. 

Esta alteração pontual e temporária vai entrar imediatamente em vigor e será aplicada nas competições que estejam previstas para ser concluídas até 31 de dezembro de 2020, quer sejam as que serão retomadas ou as iniciadas nesse período. O uso da nova regra fica a critério da organização das competições - federações ou ligas. A inovação já foi aprovada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e será aplicada no Brasil.

Por outro lado, quem quiser fazer as substituições precisará parar o jogo no máximo três vezes, até para não prejudicar demais o andamento da partida. Nesse quesito, Geninho discorda. “O ideal é que elas pudessem ser feitas alternadas. Faz as contas e acresce o tempo depois. É muito mais simples”, opinou o treinador rubro-negro. 

MAIS TRABALHO

Alguns treinadores preveem a necessidade de trabalhar mais por causa da nova regra. Eles apontam que será necessário treinar mais variações táticas com os elencos antes de cada uma das partidas. 

Para o técnico do Goiás, Ney Franco, o papel de quem comanda as equipes vai mudar bastante. Nos treinos será preciso testar uma variedade maior de opções, já que pode ser permitido mexer na metade dos jogadores de linha que começam uma partida. “A mudança aumenta a possibilidade de preservação da parte física dos atletas, se houver uma sequência de jogos sem um tempo ideal de recuperação física e emocional, além de dar ao treinador a possibilidade de trabalhar mais variações táticas”, explicou.

Atualmente sem clube, o técnico Oswaldo de Oliveira já teve a experiência, em 2019, no Japão, com o Urawa Red Diamonds, na Supercopa local, competição disputada em jogo único em que é permitido  fazer cinco mudanças. Ele disse ser favorável à nova regra porque permite ao técnico começar as alterações no time mais cedo. Na decisão, por exemplo, Oliveira mexeu duas vezes no intervalo e ainda teve direito a trocar mais outros três jogadores ao longo do segundo tempo.

“Algo muito positivo de se ter cinco substituições é você poder observar mais jogadores que queira testar, como algum destaque jovem, por exemplo. O próprio elenco também fica mais motivado, porque quando os atletas reservas vão para uma partida sabem que terão mais chance de entrar e demonstrar serviço para conquistar espaço. Acho que o futebol ficaria mais dinâmico”.

Já o treinador baiano Péricles Chamusca, do Al-Faisaly, da Arábia Saudita, avalia a novidade como positiva, mas alerta que é preciso ter cuidado para o excesso de alterações não bagunçar o time. “Precisa ter atenção nessa questão. Como são cinco mudanças, vai chegar um momento do jogo em que metade do time foi mudado. Todos precisam ter uma leitura e conhecer pelos treinos o modelo de jogo e as funções dentro de campo”.