Graça é França, Brotas é Brasil: 'E se os bairros de Salvador fossem países?'

Autora de texto que viralizou já conheceu 21 nações; veja lista de comparações

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  • Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2019 às 11:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Montagem sobre foto de Evandro Veiga/CORREIO

Em lista, Barra é comparada à Itália, onde fica a Torre de Pisa (Montagem sobre foto de Evandro Veiga/CORREIO) Moradora da Alemanha, ou melhor, da Pituba há duas décadas, a criadora de conteúdo Josevana Bitencourt, 37 anos, se mostrou surpresa ao ser questionada sobre um texto dela que invadiu as redes sociais, em Salvador, nessa terça-feira (5). “Mas viralizou onde? Tô sabendo agora”.

Sem delongas, já corre pra explicar que o autoexplicativo ‘E se os bairros de Salvador fossem países?’ (ler mais abaixo) é, na verdade, uma produção coletiva, que envolve inclusive desconhecidos. Josevana Bitencourt conheceu 14 países citados em lista organizada por ela, que viralizou (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) “Na verdade, o texto é uma adaptação minha. Não é 100% meu. É 50%, porque eu peguei as ideias de um texto que eu indiquei logo no início [‘E se os bairros do Rio fossem países’, de autor desconhecido], e que tem esse joguinho de palavras com bairros do Rio, comparando com os países”, comenta ela, que dos cerca de 30 países citados na versão inicial do texto adaptado, já visitou quase metade: 14.

Ao todo, são 21 carimbos no passaporte de Josevana, que é natural de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo, mas após viver também em Brasília e Londres, escolheu passar o restante dos seus dias na capital baiana. Tanto é que criou, em 2013, o site Diário de Salvador (@diariodesalvador), no qual também costuma comparar a cidade a outros lugares mundo afora. Ou seja, fala do assunto com conhecimento de causa.“Eu tinha uma base sim (sobre a vida em outros países). E no meu site eu também falo de viagens. Tem até uma tag que eu criei que é #SalvadorEOMundo e tem uma categoria que eu coloco várias coisas comparando Salvador com outros países”, explica Josevana.Sobre o texto que viralizou, conta que teve o estalo para fazer uma versão local ao perceber que algumas descrições cariocas eram muito parecidas com os bairros soteropolitanos.

“Algumas coisas eram muito próximas de Salvador, então ficou bastante parecida a descrição. Alguns eu criei e outros eu tirei porque não tinha a ver”, explica.

Mas as comparações não incomodaram ninguém por aqui?“O pessoal não reclamou. Se teve, foi também em tom de humor. As pessoas, na verdade, pedem mais (descrições)”, observa.Mas, o que Salvador tem que o resto do mundo não tem, ou seja, que é incomparável? “Uma música que estremece, sorrisos que enrubescem, calor humano e dendê correndo nas veias, coisas que ninguém explica, só sente”, conclui, citando um trecho de sua Carta Aberta a Nizan Guanaes, na qual responde a um artigo do publicitário para o CORREIO no mês passado.

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E se os bairros de Salvador fossem países? (Adaptação: Diário de Salvador, de “E se os bairros do Rio fossem países” Autor desconhecido – Facebook)

Graça => França

Berço da aristocracia baiana, vangloria-se de seu passado e não esconde jamais o ar de superioridade. Tem Museu Rodin na Rua da Graça e em Paris (Foto: Arquivo CORREIO e Reprodução) Pituba => Alemanha

Além de ser o grande centro empresarial da região, um de seus pontos fortes são seus bares, em que se bebem rios de cerveja.

Canela => Bélgica

É cercado por vizinhos ricos e poderosos mas ninguém dá muita importância.

Corredor da Vitória => Grécia

Graça em escala menor, com a vista melhorada.

Barra => Itália

Caótica, doce, movimentada e barulhenta mas todo mundo continua querendo conhecer.

Ondina => Turquia

É apenas um caminho de um lado para o outro do mundo. Ninguém consegue entender nada por causa de tanta indefinição.

Amaralina, Costa Azul e Itaigara => Polônia, República Tcheca e Luxemburgo

Gravitam e tentam se beneficiar da fama e benefícios do país vizinho, a Alemanha. Quem nunca notou o ar meio Bruxelas da Avenida Araújo Pinho? (Foto: Arquivo CORREIO e G. Batistini/Reprodução)  Rio Vermelho => Espanha e Holanda

Não cabe um só país pro internacional Red River. Tradicional e moderno. Favorito da galera miçangueira que curte ervas, cachaça, clima de festa nas ruas, noitada, beijo gay, onde tudo é liberado!

Alphaville => Estados Unidos

Dinheiro e poder. Idolatrado pelos novos ricos. Cafona, sem identidade, longe de tudo, carro é fundamental. Seu “Alphaville way of life” faz seus moradores crerem que vivem no melhor lugar do mundo, mas vivem na Av. Paralela mesmo.

Le Parc => Canadá

É rico, porém ninguém se importa. Vive na órbita do vizinho mais famoso.

Imbuí => Irlanda

Pensa que está na orla e quer se comparar à Armação, assim como a Irlanda que acha que faz parte do Reino Unido e quer se comparar à Inglaterra.

Campo Grande => Rússia

Não possui mais a mesma nobreza de outrora, mas ainda se acha uma potência. Transição entre zona pobre e zona rica.

Brotas => Brasil

Querido por todos e estratificado, mistura gente mais humilde, classe média e alta. Quer ser tudo e ao mesmo tempo não é nada. Ostenta a alegria de ser o coração da cidade.

Nazaré => Argentina

Gostaria de ser Brotas. Mas não é.

Baixa dos Sapateiros => Índia

Caótica, superlotada, vaca na rua, mas dona de um valor cultural inestimável.

Centro Histórico => México

Importante centro regional, com tradição secular e onde todos querem tirar alguma vantagem.

Av. Sete => Paraguai

As pessoas vão lá só para comprar coisas baratas e falsificadas mesmo.

Barris => Portugal

Muitas glórias no passado e ainda conserva qualidade de vida e um jeito simpático e acolhedor.

São Joaquim => Iraque

Já foi terra de príncipes e princesas, hoje parece Bagdá.

Cabula => África do Sul

Orgulhosa de ser a “nobre” no meio de sua sofrida região.

Cajazeiras => China

Distante, gigante e super populosa, sonha em ser rica como os EUA (Alphaville), mas ainda tem um pé no terceiro mundo. Rótula da Feirinha é uma Pequim sem cachorro frito (Foto: Arquivo CORREIO e Nicolas Asfouri/AFP)  Caminho das Árvores => Chile

A cara da riqueza, mas é difícil achar alguém que escolha morar lá.

Itapuã => As duas Coreias

Uma parte é boa e a outra você corre risco só de chegar perto.

Stella Mares => Noruega

Todo mundo fala bem mas fica tão longe que ninguém nunca vai ou sabe onde fica.

São Lázaro => Egito

Dois verdadeiros mistérios da humanidade.

Garcia => Marrocos

Situado na ponta da zona rica e da zona pobre, vive em eterna crise de identidade sobre quem realmente é. Tem tradição mas todo mundo fica com um pé atrás.

Santo Antonio => Cuba

Pitoresco, cheio de prédios abandonados e em ruínas, o tempo parece parado com pessoas sentadas nas calçadas e olhando o (raro) movimento pelas janelas. Uns querem que permaneça assim, outros, que alguma força capitalista transcendental mude a situação.

Pelourinho => Jamaica

Um pedaço isolado e sui generis do mundo e que todo mundo curte a vibe.

Federação => Panamá

Apenas uma passagem e ligação para outros países.

Piatã, Pituaçu, Patamares, Placaford => Tigres Asiáticos

Confusos e muito parecidos, ninguém sabe quem é quem ou onde começa ou termina. Ricos e distantes, possuem diversos atrativos mas acabam sendo preteridos aos tradicionais países europeus.

Liberdade => Japão

Detentores e orgulhosos de uma cultura forte e por viverem num mundo muito próprio.

Obs: Contém HUMOR.