Grupo cerca hospital para impedir aborto de menina de 10 anos estuprada

Políticos conservadores tentaram impedir procedimento em menina estuprada por tio

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Publicado em 16 de agosto de 2020 às 19:07

- Atualizado há um ano

. Crédito: Felipe Ribeiro/Jornal do Commercio

Confusão, bate boca e total desrespeito às regras de distanciamento e isolamento social marcaram o aborto legal de uma menina de 10 anos que engravidou após ter sido estuprada pelo próprio tio. O caso aconteceu na cidade de São Mateus, no Norte do Espírito Santo, a 215 quilômetros de Vitória, capital do Estado. A Justiça capixaba autorizou o procedimento na sextafeira (14) e a criança foi transferida para realizá-lo no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), no Recife.

Apesar da legislação prever a interrupção da gravidez em caso de violência sexual, a menina teria tido o atendimento negado na unidade de referência do Estado onde mora e, por isso, precisou ir a Pernambuco para realizar a interrupção da gravidez. Uma verdadeira multidão se aglomerou em frente ao Cisam, localizado no bairro da Encruzilhada, Zona Norte da capital. De um lado, defensores do direito de a menina realizar o aborto pela idade e pela violência sofrida. Do outro, um grupo comandado por vereadores e deputados da linha conservadora da política - muitos deles ligados à igreja evangélica, outros à católica -, totalmente contrários ao procedimento.

As manifestações contrárias ao aborto legal foram comandadas pela deputada estadual Clarissa de Tércio (PSC). Ao lado dela, o vereador Renato Antunes (PSC) e o deputado estadual Joel da Harpa (PP). Na sequência, chegaram o deputado estadual Clayton Collins e a vereadora Michelle Collins, ambos do PP. E, por último, a ex-deputada Teresinha Nunes. Em defesa do procedimento da garota, Carol Virgolino, codeputada do Juntas, acompanhada de representantes de entidades de defesa da mulher. Uma verdadeira multidão se aglomerou em frente ao Cisam.

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A autorização para o aborto legal da garota de dez anos foi dada pelo juiz da Vara da Infância e da Juventude da cidade de São Mateus, Antonio Moreira Fernandes. No despacho, o magistrado determina que a criança seja submetida ao procedimento de melhor viabilidade e o mais rápido possível para preservar a vida dela. É usada a expressão "imediata".

O caso foi descoberto quando a menina deu entrada no dia 8 no Hospital Estadual Roberto Silvares, em São Mateus, com sinais de gravidez. A garota estava se sentindo mal e a equipe médica desconou da barriga "crescida" da menina. Ao realizar exames, os enfermeiros descobriram que ela estava grávida de três meses. Em conversa com médicos e com a tia, a criança condenciou que o tio a estuprava desde os seis anos e que nunca contou aos familiares porque era ameaçada. O homem fugiu depois que a gravidez foi descoberta. As informações são do Jornal do Commercio.