Grupo faz protesto no Farol da Barra após morte de PM

Policial foi baleado depois de 3h30 de negociações

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  • Gil Santos

Publicado em 29 de março de 2021 às 10:24

- Atualizado há 10 meses

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. por Paula Fróes/CORREIO

Um grupo de policiais militares e de comerciantes fez uma manifestação no Farol da Barra, na manhã desta segunda-feira (29). O protesto foi pela morte do soldado da Polícia Militar Wesley Soares, que foi morto depois de ter um surto psicótico e fazer disparos de fuzil na Barra, no domingo (28). Alguns militares falaram em greve da categoria.

Carlos Bastos é comerciante informal e foi para a manifestação vestido como policial. Ele repetiu algumas das palavras ditas por Wesley durante a negociação com a polícia. "Ele não queria prender pai de família. Ele estava lutando por nossos direitos, e eu estou aqui fazendo a minha parte", disse.

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A ação atraiu a atenção de curiosos. Alguns dos manifestantes disseram que existe a possibilidade de paralisação da categoria, mas o comandante-geral da PM, Paulo Coutinho, disse, mais cedo, em entrevista coletiva sobre o caso que o movimento é pequeno dentro da corporação e uma ação isolada incitada por um grupo.

Durante o ato os manifestantes gritaram palavras de ordem, estenderam bandeiras do Brasil e fardas da PM, e escreveram o nome de Wesley no chão. O movimento ganhou cunho partidário com gritos de que "a nossa bandeira jamais será vermelha".

Reivindicação O deputado estadual Soldado Prisco participou do ato e contou que acompanhou de perto a operação que resultou na morte de Wesley. Ele criticou a maneira como a situação foi conduzida e disse que os policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) poderiam ter explorado outras alternativas antes de fazer os disparos. 

"Nós vamos entregar uma pauta ao Governo para que cumpra essa pauta e respeite o assassinato do soldado. A nossa intenção é que os envolvidos sejam responsabilizados pelo que aconteceu ontem. Eles [policiais do Bope] executaram Wesley. Foi uma execução. Eles estavam com fuzil de guerra", disse.

A pauta que será apresentada ao Governo pela Associação dos Policiais de Bombeiros do Estado da Bahia (Aspra) pede que a investigação desse caso seja feita de forma imparcial, e as exonerações do comandante-geral da PM e do comandante da companhia em que Wesley atuava, no município de Itacaré. A Aspra vai contratar um perito independente para estudar o caso.

Governadoria Por volta das 11h30 o grupo deixou o Farol da Barra e seguiu em carreata até a sede da Governadoria, no Centro Administrativo da Bahia (CAB). Eles seguiram pela Avenida Centenário, contornaram o Dique do Tororó, pegaram a Avenida Mário Leal Ferreira (Bonocô), e na região do Shopping da Bahia encontraram outro protesto.

Um grupo de entregadores por aplicativo estava protestando contra a morte do motoboy Carlos Pereira Abade, 38 anos, que foi atropelado na noite de sábado (27). As duas manifestações seguiram para o mesmo local.

Policiais militares que trabalham na Governadoria tentaram evitar que os manifestantes invadissem o estacionamento externo, mas falharam. Com gritos de “motoboy chegou” e “queremos justiça”, os manifestantes conseguiram entrar pela lateral, alguns pulando a cerca que protege o gramado, e chegaram até a porta do prédio.

Um cordão de isolamento foi montado por militares para proteger a entrada da sede do Governo. Eles acompanharam os protestos, mas não interferiram. As duas manifestações, que nesse momento já havia se transformado em uma coisa só, seguiram por mais alguma horas com gritos, palavras de ordem e orações. 

Militares prometeram fazer um novo protesto na quarta-feira (31).