Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.
Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2021 às 07:10
- Atualizado há um ano
Após boatos de que estava saindo da equipe de Bolsonaro, o principal nome econômico do governo, o ministro Paulo Guedes, deu às caras nessa sexta-feira (22). Durante uma longa coletiva à imprensa, ao lado do presidente da República, na sede do Ministério da Economia, Guedes reafirmou a polêmica que marcou a semana e que provocou um vendaval no mercado financeiro: o governo federal vai mesmo furar o teto de gastos em 2022 para garantir a implementação do Auxílio Brasil de R$ 400. Como justificativa, afirmou que “não adianta tirar 10 no fiscal e zero no social". E tentou acalmar o mercado: disse que não pediu demissão e que segue no comando da equipe econômica. "Eu não pedi demissão, em nenhum momento eu pedi demissão. Em nenhum momento o presidente insinuou qualquer coisa semelhante. Vou ficar até o fim do governo", enfatizou. A declaração trouxe um certo alívio ao mercado: a Bolsa reduziu o ritmo de perdas - fechou o pregão dessa sexta-feira com queda de 1,34%. Na véspera, o tombo chegou a 2,75%. O dólar comercial caiu 0,71% e encerrou o dia em R$ 5,627. Durante a coletiva, o ministro contou que a ala política do governo fez "pescaria" em busca de nomes para o seu cargo e citou o ex-secretário do Tesouro Mansueto Almeida como um dos sondados. "Sei que o presidente não pediu isso, porque acredito que ele confia em mim e eu confio nele, mas sei que muita gente da ala politica andou oferecendo nome e fazendo pescaria", disse o titular da Economia. Ele não citou nominalmente ninguém. Contudo, sabe-se que integram a ala política os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e João Roma (Cidadania) - todos parlamentares e defensores da solução do Auxílio Brasil de R$ 400. A respeito do fogo amigo, das sondagens para o seu lugar, Guedes afirmou que não necessariamente são ministros. E sinalizou que seria um movimento de pessoas contrárias ao teto de gastos. "Existe uma legião de fura tetos, o teto é desconfortável", assinalou o ministro. A declaração, dada ao lado do presidente, revela que a relação entre a ala política e a equipe econômica continuará tensa. Nas últimas semanas, diante das resistências do ministro em chegar a uma solução para o Auxílio Brasil que agradasse a ala política, auxiliares palacianos passaram a buscar um "plano B" para o ministério. Segundo relatos, a sondagem teria sido feita com o consentimento de Bolsonaro. Mansueto teria sido procurado por interlocutores, mas não aceitou a proposta.Âncora fiscal
As declarações do ministro ocorrem após o acordo feito pelo governo para mudar a regra do teto de gastos - a âncora fiscal do país - e permitir R$ 83,6 bilhões em gastos extras, já aprovado pela comissão especial da PEC dos Precatórios, para conseguir acomodar o Auxílio Brasil até dezembro de 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro pretende buscar a reeleição. O arranjo resultou em uma debandada na equipe de Guedes, com a baixa de dois importantes membros do ministério: Bruno Funchal (secretário especial do Tesouro e Orçamento) e Jeferson Bittencourt (secretário do Tesouro). "Não é confortável flexibilizar teto, mas estamos falando de milhões de brasileiros", declarou o ministro, justificando o peso da crise econômica sobre a população para tomar a medida. Ele reconheceu que o teto era um "símbolo", mas disse que o país está "muito longe de ameaçar qualquer sustentabilidade fiscal". O ministro da Economia afirmou que o aumento de gastos para permitir a ampliação do Bolsa Família a R$ 400 para 17 milhões de famílias é "plenamente absorvível".
Esteves Colnago assume a Secretaria de Tesouro
Após a debandada de secretários, o ministro Paulo Guedes iniciou nessa sexta-feira (22) a recomposição de sua equipe no Ministério da Economia. Durante entrevista coletiva, ele anunciou que o chefe da Assessoria Especial de Relações Institucionais do Ministério da Economia, Esteves Colnago, será o novo secretário de Tesouro e Orçamento, no lugar de Bruno Funchal. Pesou a favor de Colnago o fato de ele ter bom trânsito no Congresso - algo que a equipe econômica precisa bastante no momento. Além disso, ele foi ministro do Planejamento no governo Michel Temer, quando acumulou experiência na área. No início do governo, ele ocupou o posto de secretário especial adjunto de Fazenda. Ele é mestre em Economia pela Universidade de Brasília e foi presidente dos conselhos de administração da Casa da Moeda, de recursos do Sistema Financeiro Nacional e de administração do BNDES. Já o economista Paulo Valle será o novo secretário do Tesouro Nacional. Ele irá substituir Jeferson Bittencourt. Paulo Valle tem uma longa carreira no serviço público. Foi subsecretário de Previdência Complementar na extinta Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia e subsecretário da dívida pública do Tesouro Nacional de 2006 a 2015. Antes, exerceu o cargo de coordenador-geral de operações da dívida pública de 1999 a 2006, tendo liderado a implantação do programa Tesouro Direto. Bittercourt e Funchal pediram demissão na quinta-feira (21), após a manobra liderada pelo Centrão e pela ala política do governo para afrouxar o teto de gastos para gastar mais em ano eleitoral. Também deixaram o ministério a secretária-especial-adjunta de Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araújo. Guedes lembrou que os ex-secretários trabalharam com as equipes que elaboravam a proposta do auxílio no Congresso. "Eu soube 24 horas antes só que Funchal e Jeferson pediriam para sair. Eles negociaram, negociaram, e de repente disseram que iam sair. Os secretários disseram que estávamos furando o teto, eu falei que furamos no ano passado para atender a saúde", relatou.