Hospital de Salvador economiza R$ 1,5 mi com ações sustentáveis

O São Rafael conta com estação de tratamento de água, energia solar e programa de reaproveitamento de resíduos recicláveis

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  • Murilo Gitel

Publicado em 14 de outubro de 2017 às 05:58

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O investimento em iniciativas de sustentabilidade fez com que o Hospital São Rafael (HSR), situado no bairro São Marcos em Salvador, obtivesse uma economia de R$ 1,5 milhão nos últimos dois anos nos seus custos operacionais.

A instituição integra, desde 2015, a Rede Global de Hospitais Verdes e Saudáveis, iniciativa da organização internacional Saúde Sem Dano, uma coalização internacional de hospitais e sistemas de saúde, comunidades, sindicatos e organizações ambientalistas que se propõem a transformar mundialmente o setor de saúde e bem estar, tornando-o ecologicamente sustentável.

O sistema solar do HSR, por exemplo, conta com 180 placas coletoras, capazes de gerar energia renovável para o aquecimento de água. Em 2016, o sistema proporcionou uma redução de 40% nas contas de luz em relação ao ano anterior, o que representou uma economia de R$ 77 mil.

Também na área energética, merece destaque o fato de que a instituição interrompe a utilização de eletricidade proveniente da Coelba diariamente, das 18h às 21h. “Passamos a utilizar a energia de nossos seis geradores a diesel”, explica o diretor geral do hospital, Alfredo Martini. Esse sistema resultou em uma economia mensal de R$ 180.477,60 em 2016. No mesmo ano, os geradores produziram 1.264,752,00 KWH (decorrentes do prédio Anexo, entregue este ano), suficientes para abastecer em torno de 558 famílias (de consumo padrão médio), pelo mesmo período.

Água

A utilização consciente da água é outra característica do HSR. Ampliada a partir de agosto de 2015, a estação de tratamento de efluentes fez com que 135.104 m³ fossem tratados no ano passado. “Ela descarrega no Rio Trobogy uma água que tem qualidade superior em comparação a que chega antes ao hospital”, destaca Martini.

Já os poços artesianos são responsáveis por uma redução de 66,26% dos gastos com a conta de água. Em 2016, O HSR consumiu 162.564,29m³, sendo 97.780,00m³ provenientes da Embasa e 64.784,29 m³ oriundos de seus próprios poços – quantidade suficiente para abastecer 193 famílias/ano. A economia nessa área para o hospital chegou a ordem de R$ 1.146.734,10, segundo a instituição.

Resíduos

Na área de resíduos, a campanha interna “Resíduo Certo, Desperdício Nenhum” já conseguiu reciclar cerca de oito mil quilos de materiais como papel e papelão. O desafio agora, de acordo com Martini, é aumentar esse número. O HSR também deve iniciar em breve o processo de reaproveitamento dos materiais orgânicos que produz. “Esse projeto voltado à compostagem tem sido pensado em parceria com a Secretaria Municipal de Cidade Sustentável, Hospital Santa Izabel e uma ONG”, informa Jorge Cardoso, que coordena o setor de sustentabilidade da unidade médica.

No que diz respeito ao chamado lixo hospitalar (que não pode ser reutilizado), Cardoso ressalta que empresas especializadas e devidamente certificadas se encarregam da destinação adequada dos infectantes, o que inclui a incineração. “As questões de segurança são prioritárias”, garante.

DNA

De acordo com Martini, o conceito de hospital sustentável está presente no DNA do São Rafael desde que o fundador da instituição, o italiano Dom Luigi Verzé, veio para o Brasil. As obras iniciaram na década de 1970 e a inauguração foi realizada em 1990.

Para o diretor-geral do hospital, as práticas ambientalmente corretas vão muito além da questão econômica. A equipe de Meio Ambiente e Sustentabilidade da instituição, juntamente com assistentes sociais, promove palestras de educação ambiental nas escolas vizinhsa à unidade, no bairro de São Marcos, na capital baiana. E os funcionários da unidade hospitalar também são engajados com a temática da sustentabilidade, sendo orientados sobre a importância dessas práticas.

Combater o desperdício é outro objetivo do HSR. O refeitório do hospital, que é terceirizado, atende a cerca de 3 mil funcionários. “Fizemos um acordo com a empresa terceirizada: cada prato de comida devolvido sem sobras pelos colaboradores gera uma quantidade determinada de gramas de alimentos in natura a serem doados para a creche que mantemos entre Simões Filho e Salvador, atendendo a 120 crianças. Isso se constitui em um benefício social”, observa Alfredo Martini.