Hospital em Salvador promove reencontro de paciente com família após 10 anos

Desde 2012, Danielly não tinha contato com os parentes, de Teresina, no Piauí

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  • Da Redação

Publicado em 10 de junho de 2022 às 18:43

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Hospital Espanhol

A paciente Danielly Shirley Batista Silva, 46, esteve internada no Hospital Espanhol, de abril até o dia 6 de junho, em Salvador. O pai, a mãe e o seu filho mais velho vieram do Piauí para buscá-la, depois de uma década sem notícias.

Natural de Teresina, Dani foi admitida no dia 29 de abril com a saúde debilitada. Ficou entubada, mas, com a melhora, foi transferida para a Enfermaria 5C.

Em contato com a assistente social Sheila Silva, acabou contando sobre o distanciamento da família. Em 2012, brigou com os pais e deixou seus dois filhos adolescentes, à época. Um deles ficou sob os cuidados dos avós maternos e o outro, sob os cuidados do pai. Ela veio para a Bahia em 2014 e nunca mais fez contato com seus familiares.

“Em junho de 2014, sai de Teresina com um grupo de amigas para assistir à Copa do Mundo aqui em Salvador. Estava precisando espairecer um pouco. Eu trabalhava vendendo roupas e me endividei muito. Sujei meu nome na minha cidade e desisti de tudo. Até da minha família”, contou Danielly Shirley, ainda no leito 509 da Enfermaria 5C do HE, na véspera da sua alta. 

Sheila Silva conta que, a partir do interesse da paciente em tentar localizar a família, ela fez a ponte. “Meus contatos com Dani foram progredindo, a cada visita à beira leito. As suas emoções e a dificuldade na fala, por conta do período em que ficou entubada, prejudicaram, inicialmente, a troca de informações. Mas aos poucos ela foi contanto sua história, falando da mãe, dos filhos... e nos revelando os seus nomes. Demonstrou interesse em tentar localizar a família. Assim fomos à procura dos familiares de Dani, com a autorização da nossa coordenação e a ajuda das redes sociais, como ferramentas de busca”, explicou a assistente social.

O primeiro a ser encontrado e identificado, no Facebook, foi o filho mais velho de Danielly, Willame Batista, hoje com 28 anos, atendente de farmácia, em Teresina/PI. Sheila explicou o porquê de estar ali e o questionou pelo messenger, se o nome Danielly Shirley Batista Silva era conhecido para ele. A resposta de milhões e emoções veio: “Esta mulher é minha mãe! Faz mais de 10 anos que não temos notícia alguma dela... Achávamos que ela estava morta.”, dizia a mensagem de Willame.

Danielly Batista teve sua alta assinada, a família foi comunicada e partiu de Teresina, de carro, para enfrentar 1.150 km de estrada, com destino a Salvador. Vieram, na comitiva, para o reencontro tão desejado e que já não era mais esperado, seu pai de criação, José Willame Batista da Silva, 61, autônomo; sua mãe Geralda Batista, 68, comerciante e o primogênito de Danielly, Willame. O filho caçula, Lucas, de 23 anos, não veio. A viagem durou quase dois dias porque ocorreram algumas intercorrências com o carro, atrasando o reencontro e só aumentando as ansiedades.

Às 16h45 do dia 6 de junho de 2022, a alta de número 4.500 do HE aconteceu.

“Dani não é fácil”, disse sua mãe, antes de desabafar, entre lágrimas e voz embargada de choro, com a equipe de profissionais. “Agradeço ao Senhor por trazer a nossa filha de volta para nós. Eu estou muito feliz! Eu achava que estava sonhando, nos dois primeiros dias em que recebi a notícia. Mal conseguia falar. Mas quando os contatos foram sendo feitos, eu vi que tudo era realidade. Eu tinha dado minha filha como morta e ela reviveu, porque o Senhor é bom! Não devemos desistir nunca e sempre confiar em Deus, porque Ele é maior do que todas as coisas”, externou Geralda Batista.

Distância

Nestes dez anos sem contato, a família tentou encontrá-la. Contratou detetive, deixaram registros nos órgãos de segurança pública local e nacional e Dona Geralda fez cadastro no Instituto Médico Legal de Teresina, para onde era chamada com frequência para realizar testes de DNA, na expectativa de ser identificada como mãe biológica de corpos de mulheres que chegavam ao local com características similares à sua filha Danielly.

“Hoje eu devo agradecer por eles me aceitarem de volta. Quero agradecer também, por tudo que a assistente social Sheila fez por mim. Ela que foi em busca da minha família. Coisa que eu nunca fiz e nem sei se faria sozinha”, disse Danielly.