Hotéis de Salvador já têm 50% de reservas confirmadas para a Copa América

Evento começa no dia 14 de junho e terá cinco jogos em Salvador

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  • Gil Santos

Publicado em 4 de maio de 2019 às 06:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo CORREIO

Quem gosta de futebol sabe que uma disputa entre seleções nunca é somente um jogo. Em junho começa a Copa América, com cinco partidas em Salvador, e a expectativa é que quando os jogadores chutem a bola façam também a economia girar. Houve aumento na procura por hospedagens, por pacotes de viagens, e bares e restaurantes começam a se articular.

O torneio começa no dia 14 de junho e segue até 7 de julho. O primeiro jogo na Bahia será no dia 15 do mês que vem, quando os hermanos argentinos vão enfrentar os colombianos na Arena Fonte Nova, mas a procura por hospedagens já está rolando. Jogos vão acontecer na Arena Fonte Nova (Foto: Arquivo CORREIO) Segundo o diretor de comunicação da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Luciano Lopes, a estimativa é de que a taxa de ocupação das semanas dos jogos supere os 50%. O mês de junho é considerado o mais fraco para a hotelaria soteropolitana.

“Em 2018, a média de ocupação de junho inteiro foi de 47%, a menor entre os 12 meses. Quando foi anunciado no ano passado que alguns jogos da Copa América aconteceriam em Salvador, os hotéis começaram a se organizar, como realizar visitas a agentes de viagens para divulgar a cidade, um trabalho que fazemos em parceria com a prefeitura”.

Os moradores do Sul e Sudeste do Brasil já são fregueses, mas o campeonato deve atrair também estrangeiros. “O público dos países que vão jogar também deve movimentar o setor, como argentinos e colombianos, por exemplo. Já no dia do jogo entre Brasil e Venezuela (18 de junho), devemos ter uma predominância de brasileiros, porque os venezuelanos não estão viajando, por conta da crise”, afirmou. Sorvetes com sabores regionais é aposta de alguns empresários (Foto: Evandro Veiga/ CORREIO) Quem também está contando com esse movimento são os donos de estabelecimentos que ficam nas regiões turísticas da cidade. O sócio proprietário da Sorveteria da Barra, Márcio Assis, 40 anos, vai apostar na variedade de sabores regionais para atrair o público local e o estrangeiro, e aumentar as vendas de 15% a 20% durante o período dos jogos.

“Faremos uma exposição com o nome Sabores da Bahia. São 16 sorvetes de frutas típicas da nossa região, como morango da Chapada Diamantina e Açaí do Sul do estado, por exemplo. Além disso, temos os Sorvetes Especiais. São sobremesas antigas, como Dusty Miller, Banana Split e Colegial. Quem é das antigas sabe do que estou falando”, brincou. Márcio espera aumento nas vendas entre 15% e 20% (Foto: Evandro Veiga/ CORREIO) Comércio O comerciante José Rabelo, mais conhecido como Zelito, 58, também está contando os dias para o campeonato. Ele é proprietário, junto com a esposa, de um bar no Dique do Tororó, em frente à Arena Fonte Nova, e contou que quase triplicou a clientela durante a Copa do Mundo.

“Eu não sei como consegui me virar para me comunicar, porque era japonês, chinês, norueguês, tudo o que era nacionalidade. Vendia muito, meu bar ficava lotado”. Zelito está contando os dias para a Copa América (Foto: Mauro Akin Nassor/ CORREIO) As agências de viagem também investiram na divulgação da cidade. A presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav), Ângela Carvalho, contou que houve aumento na demanda.

“Começamos a perceber, em abril, um crescimento na procura por Salvador, mas ainda estamos batalhando para melhorar a questão das passagens aéreas. Os preços altos estão fazendo algumas pessoas repensarem a viagem”, contou.

A chegada dos turistas vai movimentar as vendas de souvenir. “A Copa América deve aumentar as vendas de artesanato, lembrancinhas e material esportivo, principalmente, no centro da cidade, mas ainda não temos uma estimativa do impacto desse evento nas vendas”, afirmou o presidente do Sindicato dos Lojistas, Paulo Motta.

Os ingressos para ver os jogos custam de R$ 120 à R$ 400, a inteira, mas para as duas primeiras partidas as opções mais baratas já estão esgotadas. O primeiro confronto, Argentina X Colômbia, acontece no dia 15/06, às 19h. Já o segundo, Brasil X Venezuela, será no dia 18/06, às 21h30. Ainda se enfrentam em Salvador: Equador X Chile, no dia 21/06, Colômbia e Paraguai, no dia 23/06, e uma partida pelas quartas de final, no dia 29/06.

Saúde Já a prefeitura está preocupada em reforçar as prevenções em relação à saúde. O coordenador da Vigilância em Saúde Ambiental, Ricardo Lourenço do Carmo, informou que as equipes do Município vão intensificar a análise da qualidade da água e do ar durante o campeonato. O rigor é uma exigência dos organizadores da Copa América.

“Esse monitoramento já acontece diariamente em Salvador, mas é intensificado durante grandes eventos. No caso da Arena Fonte Nova, onde os jogos vão acontecer, são três reservatórios, dois no interior e outro na parte externa do estádio. Fazemos a coleta das amostras antes, durante e depois de cada partida”, contou.

Ele frisou que o monitoramento será feito também no entorno da Arena, principalmente nas fontes, nas academias de rua e nos hotéis onde os atletas ficarão hospedados. Os nomes dos estabelecimentos não foram divulgados, mas serão dois no Centro e outros três na região de Stella Maris e Itapuã. Arena tem três reservatórios de água e eles serão monitorados (Foto: Arquivo CORREIO) Em caso de irregularidades, os responsáveis são notificados para adotar as medidas cabíveis. “A contaminação pode se dar de diferentes maneiras, por isso, a vigilância também monitora os vestiários para garantir a qualidade da água”, afirmou Ricardo.

O ar é analisado através de aparelhos móveis usados pelos servidores. O coordenador da vigilância explicou que Salvador, historicamente, não apresenta problemas graves no ar, mas que em caso de comprometimento da qualidade um comunicado será emitido para a população. Cerca de 50 servidores devem atuar dentro do estádio nos dias de jogos.

O Centro de Controle de Zoonoses da cidade também está realizando ações pontuais no circuito do campeonato e nos locais onde os atletas vão ficar hospedados. O objetivo é evitar a proliferação de doenças, como leptospirose e as transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti, por exemplo. Companhia vai passar por leilão na próxima semana (Foto: Almiro Lopes/ Arquivo CORREIO) Crise  O trade turístico de Salvador aguarda com expectativa que o leilão da Avianca, marcado para a terça-feira (7), em São Paulo, amenize os efeitos da crise. A companhia aérea, que era a principal operadora de voos na capital baiana, está em processo de recuperação judicial desde dezembro do ano passado.

Desde então, voos foram atrasados, suspensos ou cancelados, o que provocou muitas reclamações. A instabilidade fez os preços das passagens dispararem e teve impacto no turismo.

Para o presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Febha), Silvio Pessoa, enquanto essa situação não for normalizada não é possível mensurar o impacto da Copa América na hotelaria de Salvador.

“É muito cedo para opinar sobre o que vai acontecer. Teremos o leilão, mas estamos preocupados com a formação de um oligopólio das companhias. Com a demanda igual, mas as ofertas diminuindo, os preços das passagens sobem seguindo a lei de mercado. Queremos saber se eles (vencedores do leilão) vão aumentar a capacidade”, diz.

Um levantamento feito pelo CORREIO, no final de abril, mostrou que os valores das viagens para alguns destinos partindo de Salvador, como São Paulo e Rio de Janeiro, dobraram. Na época, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que não interfere na política comercial das empresas aéreas.

Já o Procon-BA afirmou que os consumidores que se sentirem prejudicados podem pedir a devolução do valor integral da passagem, além de indenizações. A Avianca movimentava 2,1 milhões de passageiros no Aeroporto Internacional de Salvador por ano.