IDH do Brasil tem crescimento pífio em 2019, e país perde cinco posições em ranking da ONU

O país recuou da 79ª posição em 2018 para a 84ª em 2019

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Publicado em 15 de dezembro de 2020 às 09:09

- Atualizado há um ano

. Crédito: Filipe Jordão/JC Imagem

No primeiro ano do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o Brasil caiu cinco posições no ranking de desenvolvimento humano da Organização das Nações Unidas (ONU), que mede o bem-estar da população considerando indicadores de saúde, escolaridade e renda. De acordo com dados divulgados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o país recuou da 79ª posição em 2018 para a 84ª em 2019. As informações são da Folha de S.Paulo.

Apesar da queda, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, no ano passado, teve um leve aumento, passando de 0,761 para 0,765. O resultado, porém, foi insuficiente para promover um avanço do país no ranking global.

Quanto mais próximo de 1, melhor o IDH de um país. A Noruega, que lidera o ranking do desenvolvimento humano, tem um IDH de 0,957. A posição intermediária do Brasil ainda o coloca no grupo de países com alto desenvolvimento humano. Estão nesse grupo nações com IDH entre 0,7 e 0,799.

Na América Latina, o Brasil tem IDH inferior a Chile, Argentina, Uruguai, Cuba, México, Peru e Colômbia. O país está à frente de Equador, Paraguai, Bolívia e Venezuela.

O índice mede, de forma resumida, o progresso de 189 países em três indicadores: renda, educação e saúde. Segundo os dados do Pnud, a principal causa do resultado brasileiro foi a estagnação na educação. O período esperado para que as pessoas fiquem na escola está no mesmo patamar desde 2016, em 15,4. A média dos anos de escolaridade teve um leve aumento, de 7,8 para 8.

O Brasil patina ainda na renda per capita da população, sem conseguir equiparar os ganhos alcançados em 2010. Naquele ano, a renda per capita anual alcançou US$ 14.409. Caiu em 2016, e não mais se recuperou aos níveis alcançados. Em 2019, ficou em US$ 14.263, um aumento de 0,5% em relação a 2018.

A expectativa de vida teve um leve aumento, passando de 75,7 no ano anterior para 75,9 neste ano. O incremento foi de 0,2 em relação a 2018. Em 1990, essa expectativa era de 66,3 anos.

Desigualdade O Pnud tem instrumentos para calcular perdas de desenvolvimento humano em razão de desigualdades em um país. Para isso, criou um indicador chamado IDH-D, que faz ajustes no IDH a partir de fatores de desigualdade.

Por esse critério, no país, o desenvolvimento humano despenca. O Brasil perde nada menos que 20 posições quando o indicador é ajustado à desigualdade. O IDH de 0,765 cai para 0,570, uma queda de 25,5%. É a segunda nação que mais perde posições, atrás apenas de Comores, um país do leste da África com 830 mil habitantes. O IDH ajustado para a desigualdade é calculado para 150 países.

No IDH-D, a posição no ranking global cai de 84ª colocação para 104ª. A perda é mais expressiva do que a verificada na Colômbia, no México e na América Latina como um todo.

Um movimento semelhante ocorre quando se analisa o recorte de desigualdade de gênero. Somente por este recorte, o país ocupa a 95ª posição. São levados em conta fatores como mortalidade materna, gravidez na adolescência e cadeiras ocupadas por mulheres no Legislativo.

Pela primeira vez, o Pnud calculou o impacto do desenvolvimento humano no meio ambiente. Foi uma forma de tentar aferir o custo ambiental do incremento na qualidade de vida das pessoas.

Para isso, levou em conta emissões de CO² (toneladas per capita) e o uso de recursos materiais por uma população (também em toneladas per capita).

A aplicação desse critério faz o IDH brasileiro cair para 0,710. A queda, porém, não ocorre no mesmo ritmo de outros países, o que significa que o desenvolvimento humano tem um menor custo ambiental no Brasil do que em outras nações.

Covid-19 O relatório reúne dados do ano passado, logo ainda não considera os impactos causados pela pandemia do novo coronavírus. Mas o Pnud já sinaliza que o mundo inteiro vai regredir no índice de desenvolvimento humano em 2020, pela primeira vez desde que o relatório foi criado, em 1990.

Em todo o mundo, o IDH é de 0,737. Uma simulação feita pelo Pnud estima que a Covid-19 pode derrubar o índice global em 0,020 ponto. Para o órgão da ONU, o novo coronavírus expôs falhas profundas em nossas sociedades, “criando raízes onde quer que tenha parado e exacerbando as desigualdades em todos os lugares”.

As informações são do Jornal do Commercio