Idosa morta por bala perdida na Barros Reis é enterrada: 'Roubaram ela da gente'

Familiares e amigos compareceram para homenagear Maria de Lourdes, 65 anos

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  • Wendel de Novais

Publicado em 4 de agosto de 2022 às 12:10

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A dor dos familiares da idosa Maria de Lourdes Alves dos Santos, 65 anos, que morreu após ser atingida no abdômen por uma bala perdida na Avenida Barros Reis enquanto fazia uma caminhada, chegou ao seu auge nesta quinta-feira (4). Sob forte comoção, familia, amigos e até vizinhos de onde ela morava, na localidade do Brongo, no bairro do IAPI, levaram o caixão da aposentada até a sepultura, no Cemitério do Campo Santo.

Quando o caixão seguia em direção ao túmulo, dezenas de pessoas presentes no local o acompanharam mesmo debaixo de chuva. Na caminhada até onde a idosa foi sepultada, familiares e amigos se emocionaram enquanto cantavam e aplaudiam Maria de Lourdes. Com a sepultura já fechada, uma das filhas da idosa, que não se identificou, foi aos prantos. "Roubaram ela da gente, não é justo isso", disse ela enquanto era consolada por muito em sua volta.

A capela do Cemitério do Campo Santo, em Salvador, estava cheia desde as primeiras horas do dia. Seja nos bancos do local ou na parte externa da igreja, muitas eram as pessoas que ocupavam o espaço para se despedir da aposentada. Ela chegou a passar por duas cirurgias antes de não resistir às complicações que o ferimento à tiro causou.

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As pessoas que chegaram a fazer plantão na frente do Hospital Ernesto Simões, onde a aposentada estava internada na UTI nos últimos dias, também fizeram questão de marcar presença. Muito emocionados, a maioria dos presentes preferiram não conversar com a imprensa. Dentro da capela, para além do choro dos mais próximos à idosa, o semblante de abalo era comum também entre os conhecidos que conviveram com ela. 

Sandra Oliveira Alves, 36, sobrinha da idosa,  conseguiu falar com a reportagem e fez questão de ressaltar o quanto Maria de Lourdes era querida para as pessoas da família, do bairro e com quem trabalhou durante toda a vida. "Não tenho muito a falar porque, neste momento, é difícil encontrar palavras. Minha tia é querida por todos, seja familiares e amigos ou pessoas com quem ela trabalhou. Tanto que muitas pessoas se mobilizaram para doar sangue, fazer orações. Se tudo isso tivesse efeito na melhora dela, acredito que minha tia estaria viva conosco hoje", lamentou.

Genro da aposentada, o comerciante Ricardo Corrêa, 49, fechou as portas do estabelecimento que gerencia desde a última segunda-feira (1°), quando a idosa foi atingida pelo tiro, para acompanhar de perto a situação. No sepultamento, disse que não poderia falar por estar muito abalado. "Sem condições dizer algo, estamos todos impactados com tudo isso e é muito difícil falar sobre no momento", disse enquanto entrava na capela onde a sogra foi velada.

O que fica na memória? (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Entre todos que falaram sobre Maria de Lourdes desde que ela foi atingida pela bala, um consenso: a idosa fez bem por onde passou. Sandra disse, inclusive, que é a memória de uma tia alegre, carinhosa e ativa que consola a todos no momento em que lidam com a perda. "Ela deixa tudo de bom, não tem nada que fique aqui de ruim dela. Era uma mãe, que reclamava, chamava atenção e cuidava. Dizia para tomar vacina, era preocupada com a saúde de todos e dela própria. Até por isso, não deixava de caminhar e nem de trabalhar", falou a sobrinha.

Quando ainda aguardava por notícias da mãe na portas do hospital na segunda-feira, Ana Angélica, 44, filha de Maria de Lourdes, disse que a aposentada é tida como o maior elo entre os familiares. "Minha mãe é tudo! É o porto seguro dos filhos, quem sempre ajuda nos momentos difíceis. Ela é o centro da família e todo mundo está desesperado. A família perdeu o chão, ela é nossa referência", disse a filha. 

Ainda, Ricardo, que, apesar de genro, tinha na aposentada uma figura de mãe, se emocionou ao destacar o quanto ela não se deixa parar. "Minha sogra é como mãe mesmo, ainda mais pra mim que perdi a minha. É uma pessoa que une todo mundo e ajuda todos. Essa movimentação ela também leva para as atividades físicas, é um exemplo", relatou.