'Imagino a dor que sentiu', desabafa irmã de estudante de 12 anos morto no Lobato

Corpo da criança foi encontrado com 11 perfurações na cabeça

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  • Bruno Wendel

Publicado em 28 de agosto de 2021 às 13:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: Acervo pessoal

O estudante Alisson Bispo dos Santos, 12 anos, adorava andar a cavalo no bairro do Lobato. Era montado no animal que ele subia e descia a Península do Joanes. Na sexta-feira (27), o garoto foi além de onde costumava andar, cruzando o limite que separa duas facções e acabou brutalmente assassinado por uma delas. “Como pode acontecer isso com uma criança? Levar 11 tiros na cabeça? Imagino a dor que ele sentiu”, disse a irmã dele na manhã deste sábado (28).

Menino morto após cruzar linha do tráfico teve mãe assassinada há 7 meses

Segundo ela, não há dúvida que o irmão foi mais uma vítima da briga antiga entre duas facções que assola o bairro. “Essa briga entre eles parece que nunca terá fim. Todo mundo sabe que Alison nunca foi de andar no meio de traficante nenhum, nunca foi de se andar com esse tipo de gente. Eles pegaram uma criança inocente pra matar para mostrar que eles têm o poder de fazer isso com qualquer um, que eles não consideram ninguém”, declarou ela.A irmã falou ainda sobre a dor de lidar com duas mortes em um espaço tão curto de tempo. "Eu tô pedindo forças a Deus. Porque fácil a gente sabe que não é. Nenhuma palavra que  me disserem vai me confortar, porque só sabe da dor quem passa por ela. Então, só Deus pra realmente é só Deus me consolar e eu espero não viver mais nunca essa situaçã porque é terrível. É terrível uma pessoa ter a mãe assassinada e sete messes depois ter o seu irmão morto daquela forma" Alisson costumava andar a cavalo pelo bairro, mas acabou sendo morto (Foto: Acervo pessoal) Alisson morava na Península do Joanes, uma das localidades do Lobato. Os moradores ouvidos pela reportagem foram unânimes em dizer que Alisson não tinha nenhum envolvimento com a criminalidade. No entanto, ele pode ter sido julgado como “olheiro do tráfico”, o mesmo que informante, pelo fato de que ele estava a cavalo circulando no Colorado, região controlada por uma facção que rivaliza com os traficantes onde residia. “Aqui, chega ser comum eles (traficantes) usarem meninos como olheiros”, disse um morador.

A irmã do garoto também comentou a violência no bairro. "Eles não consideram ninguém. Fizeram com a mãe e agora o meu irmão. E as coisas acontecem aqui e não se tem uma uma polícia né efetiva. Aqui tem uma Companhia da PM. Era pra tá combatendo  esses traficantes.  A gente mora no bairro e não tem nossa liberdade.  Vivemos  em pânico mesmo  dentro da nossa casa, porque eles podem invadir. Não  consideram ninguém"

obre o crime, a Polícia Civil informou que ainda não há informações sobre a autoria, a motivação e circunstâncias do crime. A investigação será feita pela 3ª DH/BTS. 

Crime Segundo os parentes, Alisson estudava na Escola Municipal Eufrosina Miranda. Ele tinha acabado de chegar em casa e disse ao avô que ia fazer o que mais gostava, andar a cavalo. “ Eu estava no trabalho quando me ligaram, dizendo que algo havia acontecido com o meu irmão. Saí às pressas e quando cheguei, vi toda a minha família destruída. Fiquei sem chão quando me contaram o que fizeram com o meu irmão”, declarou a irmã da vítima.

Um amigo de Alisson foi quem deu a trágica notícia à família. “ Ele também andava a cavalo e logo chamaram ele para ver o corpo. Ele ficou sem acreditar quando deu de cara com Alisson. Ele disse: ‘Como assim? Como pode ter acontecido isso com ele? Não era envolvido com nada’”, contou ela. O corpo do estudante foi encontrado na Segunda Travessa União, depois da estação de trem do Lobato.

Alisson era o filho do meio de um casal. O corpo dele será enterrado nesta segunda-feira (30), às 12h, no Cemitério Quinta dos Lázaros. 

Outra morte Na manhã desse sábado, o corpo de um homem,  foi encontrado no Lobato. Segundo a Polícia Militar, policiais da 16ª CIPM foram acionados pelo Cicom na manhã de hoje (28) por conta da informação de um homem atingido por disparos de arma de fogo e sinais de espancamento, na localidade conhecida como Campo das Pedreiras, Santa Luzia.

Ao chegarem, as guarnições constataram o fato, isolaram o local e acionaram a polícia técnica.

Já a Polícia Civil disse que o Serviço de Investigação de Local de Crime (Silc/DHPP) foi acionado às 8h09 e que o corpo ainda não tem identificação formal. O crime será investigado pela 3ª DH/BTS.