Incêndios na Bahia: Mucugê é a região mais preocupante

Junto com Andaraí, cerca de 1.6 mil hectares foram queimados na Chapada Diamantina

  • D
  • Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2020 às 14:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Corpo de Bombeiros

“O fogo é maior que nós”, comenta o Secretário de Meio Ambiente e Cultura de Andaraí, Emílio Tapioca, sobre o incêndio que atinge a região da cidade da Chapada Diamantina. Neste sábado (10), as chamas são mais intensas na vizinha Mucugê para onde o contingente de brigadistas e bombeiros está se locomovendo.

A região de Mucugê é citada pelo Coronel Francisco Telles como a que mais preocupa o Corpo de Bombeiros neste sábado (10). “Aqui, nós temos uma área significativa queimada. Percebemos que não é um fogo único, mas muitos focos de incêndio em várias regiões da Serra do Capa Bode e no Vale do Rio Mucugê”, afirma o Coronel após sobrevoar a área, nesta manhã.

Com base no que foi observado no local, o Corpo de Bombeiros vai mandar reforços para o combate ao fogo em Mucugê. No município, são 38 bombeiros em ação, além de voluntários e brigadistas do PrevFogo, do ICMBio. Nove viaturas do Corpo de Bombeiros, entre caminhões, pickups e vans, um helicóptero e cinco aviões do modelo air tractor são utilizadas no trabalho. 

“Além de mandar mais bombeiros, pedimos mais um air tractor para ajudar no combate, já que os focos de incêndio são muito distantes até de onde o carro pode alcançar. Também já trouxemos uma grande quantidade de material e insumos para o combate ao fogo e mais especialistas para atuar na região, como o Tenente Coronel Vianey, que é do Grupamento de Bombeiros Militar de Itaberaba”, afirma Telles. Durante sobrevoo em Mucugê, Coronel Telles avistou Bombeiros indo em direção ao fogo (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros) O Secretário de Cultura, Turismo e Meio Ambiente de Mucugê, Tiago Profeta, relata que o fogo chegou próximo ao Hotel Alpina e ao Loteamento Alpina Resort, que possui cerca de 15 casas e fica a 7 Km da sede da cidade. Para evitar que as construções pegassem fogo, caminhões-pipa molharam constantemente o local.

“A cidade corre risco se não conseguirmos controlar o fogo em até duas semanas. Temos previsão de chuva e espero que isso ajude no combate ao incêndio, que está fora do controle”, afirma o gestor.

Atingido pelo fogo entre a última quinta-feira (8) e sexta (9), ainda não se sabe o tamanho dos danos ao Projeto Sempre-Viva, em Mucugê. O secretário municipal aponta que plantas endêmicas devem ter sido afetadas.

“No Sempre-Viva não tem mais o que queimar. Tinha mais de 30 anos que a vegetação tinha sofrido queimada, então, o acúmulo de matéria orgânica facilitou que o fogo se alastrasse”, afirma Profeta. 

De acordo com o secretário, há pelo menos cinco anos um incêndio dessas proporções não ocorria Mucugê. O fogo atingiu o município na última terça-feira (6) e só ganha intensidade desde lá. Na manhã deste sábado, a situação estava mais controlada pela atuação dos brigadistas durante a noite, mas as chamas devem voltar a ganhar intensidade com o decorrer do dia.  Equipes de combate a incêndios florestais atuam na região de Mucugê (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros) O coronel explica que o acúmulo de biomassa somado ao calor e a baixa umidade são favoráveis para o aparecimento e a expansão dos incêndios pelo estado. “Existem muitas áreas preocupantes na região. Na região Oeste, por exemplo, a umidade está a 10%. Isso aumenta a possibilidade de fogo por lá”, diz Telles. 

Em publicação no Diário Oficial do Estado da Bahia deste sábado, o Governo da Bahia decretou Situação de Emergência em 73 municípios atingidos pelos incêndios florestais. Cidades dos Territórios de Identidade Bacia do Paramirim, Bacia do Rio Corrente, Bacia do Rio Grande, Chapada Diamantina e Velho Chico foram incluídas no documento.

Ainda de acordo com o Coronel, o incêndio é fruto de causas humanas. “Não temos incêndios espontâneos na Bahia. Como regra, eles são causados pela mão humana por diversas razões, desde a coivara a queima de lixo no quintal de uma casa”, explica Telles.

Andaraí Os mais de 100 brigadistas que atuam na região conseguiram conter o fogo em Andaraí, segundo o gestor Emílio Tapioca. “Em Andaraí, a expectativa é de que o fogo seja controlado”, pontua Tapioca. A melhoria pode regredir de uma hora para a outra já que o vento joga o fogo para direções diversas. Em torno de 1.600 hectares já foram atingidos pelo fogo nas duas cidades, informam os secretários. 

Mesmo com a menor intensidade do fogo em Andaraí, o Corpo de Bombeiros ordenou que duas brigadas voluntárias continuassem na região em alerta para a possibilidade de reaparecimento das chamas.

Outras regiões Rio de Contas é outra cidade com uma situação preocupante. “No município de Rio de Contas existem três focos grandes de incêndio. Depois de Mucugê é a segunda área mais preocupante do estado”, afirma o Coronel Telles.

O Secretário de Desenvolvimento e Recursos Hídricos do município, Nilo Moreira, afirma que sete incêndios foram registrados na região nos últimos 30 dias. O último e ainda ativo começou na quarta-feira (7).

O incêndio atinge a região do Gerais, que fica há cerca de 40 Km da sede do município. Foram atingidos, 391 hectare pela última leva de fogo, informa o secretário. De acordo com ele, os Bombeiros chegaram na região neste sábado. 

“Os brigadistas trabalham pela noite e os bombeiros pela manhã. O fogo ainda está muito intenso aqui, aqui está muito quente e a área que é queimada tinha muita matéria orgânica. Como existem focos de incêndio em vários locais, não temos efetivo suficiente para dar conta do fogo na cidade”, diz o secretário. 

Outra área com focos de incêndio é a região das cidades de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, no Oeste baiano, segundo o Corpo de Bombeiros. De acordo com o secretário de Meio Ambiente e Turismo de Barreiras, Demósthenes Júnior, o fogo está sob controle, com algumas áreas ainda monitoradas.“Na cidade, os pontos críticos já foram combatidos com o uso de aeronaves e brigadistas. Alguns pontos da área rural possuem fogo e são monitorados. A área mais atingida pelo incêndio foi a serra da Bandeira, onde as chamas foram debeladas”, afirma o secretário.Na cidade do Oeste baiano, os trabalhos foram articulados pelo subcomitê de prevenção e combate aos  incêndios florestais, com a parceria entre corpo de bombeiros, Prefeitura de Barreiras, Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Inema e a Brigada do Prevfogo. As três aeronaves usadas no município foram enviadas para a Chapada Diamantina.

Cerca de 20 dias depois do começo do incêndio em Barra, também na região Oeste do estado, as chamas foram debeladas. Segundo o prefeito do município, Deonisio Ferreira, o fogo foi combatido por volta da última segunda-feira (5).

Apesar de o fogo estar controlado, o prefeito teme que haja um novo incêndio devido às altas temperaturas na cidade. “Depois de vários dias de fogo, os Bombeiros e as aeronaves foram embora”, conclui Ferreira. Segundo o Coronel Telles, os esforços empregados em Barra foram transferidos para Mucugê.

*Com orientação da subeditora Carol Neves