Indústria em movimento: Bahia tem até submarino autônomo

Conheça as iniciativas que encaminham o estado para a nova era econômica

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  • Murilo Gitel

Publicado em 25 de maio de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Em julho, a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) vai inaugurar a primeira etapa do Cimatec Industrial, em Camaçari. É mais um passo que a federação dá para trazer o futuro à indústria baiana. Para especialistas, empresas de todos os tamanhos e setores  terão que se adaptar à revolução da Indústria 4.0 - que já está em curso em todo o mundo - para viabilizar os negócios, aumentando sua competitividade interna e externa. 

A indústria do futuro usa internet das coisas e inteligência artificial para diminuir custos e aumentar e especializar a produção para ganhar mercado. 

A primeira etapa do Cimatec Industrial terá infraestrutura para atender as áreas de Energia Eólica, Mecânica, Naval e Offshore, Automotiva, Elétrica, Construção Civil, Química, Petroquímica e Biotecnologia, Farmacêutica, Celulose e Papel, e Petróleo e Gás. “Para começar a operar, já estamos em negociação com várias empresas e projetos, em setores como o da mineração”, adianta Luis Breda, diretor adjunto do Senai Cimatec.

Em equipamentos como o Cimatec Industrial, as indústrias podem treinar sua mão de obra, testar novos modelos de negócios, desenvolver e aplicar novas tecnologias a partir da integração entre teoria e prática e colaboração de expertises de diferentes campos de conhecimento. 

“A indústria brasileira ainda está defasada, visto que a maior parte das empresas não está preparada para atender os padrões exigidos para uma indústria 4.0”, afirma o presidente da Federação das Indústrias da Fieb, Ricardo Alban. Segundo ele, apesar de os empresários saberem que a revolução digital está em curso, muitos se sentem pressionados pelo momento ruim da economia e postergam os investimentos. “O problema é que muitas dessas empresas podem perder o ‘timing’ e deixar de ser competitivas”, alerta.

Frutos

O Cimatec Industrial será o segundo centro tecnológico da Fieb. O primeiro funciona na Avenda Orlando Gomes, em Salvador, e foi inaugurado em 2002. Ou seja, a necessidade de inovação e de uma nova revolução industrial está no radar dos industriais baianos há quase duas décadas. E os frutos dessa visão estratégica já são collhidos,  beneficiando não só  a Bahia. “Quase todos os clientes do nosso centro tecnológico são de outras partes do Brasil, porque entenderam que muitas das soluções que precisam podem ser desenvolvidas aqui”, diz Alban. 

Um desses clientes é a gigante petrolífera Shell, que desde 2018 mantém um contrato com a britânica Innospection e o Senai Cimatec para o desenvolvimento de um robô para a inspeção de tanques de carga em serviço de navios-plataforma (FPSOs).  O desenvolvimento dessa ferramenta permitirá uma maior eficiência na inspeção de tanques de armazenamento de óleo, melhorando a integridade e a segurança dos navios-plataforma. Veja ao lado novo exemplos de inovação da indústria baiana. 

Centro desenvolve submarino autônomo

O FlatFish é dos maiores exemplos de pesquisa e desenvolvimento de produtos tecnológicos na Bahia. Trata-se de um veículo submarino autônomo capaz de realizar inspeções visuais em 3D de alta resolução para alcançar níveis avançados na exploração de petróleo e gás em águas profundas. Desenvolvido no Cimatec, o Flatfish é exemplo de inovação na Bahia (Foto: Divulgação) Pioneiro no país, o protótipo é desenvolvido no Senai Cimatec em parceria com a BG Brasil e garante maior segurança operacional e ambiental, além de reduzir os custos atuais para operações desse tipo.

Outro ponto alto do Cimatec é o Centro de Supercomputação para Inovação Industrial, graças aos supercomputadores Yomoja, o segundo mais potente da América Latina, Omolu, montado em parceria com a Fiocruz para processamento de dados de pesquisas na saúde pública, e Ògún, que realiza simulações e modelagens essenciais para garantir processos de inovação na indústria.  

Startup oferece drones para indústrias

A Dronesapps é uma startup instalada no Hub Salvador. Ela desenvolve e comercializa a Solução Tecnológica de Inspeção, Fiscalização e Monitoramento (STI), responsável por implantar a tecnologia dos drones nas organizações. “Possuímos dois drones de arquitetura multirrotor, com diferentes tecnologias embarcadas, para atender na prestação de serviço de inspeção, fiscalização, monitoração e mapeamento em ambientes externos, internos e espaço confinado e de difícil acesso”, explica o CEO da empresa Luís Andrade.  A aeronave é a única no mundo específica para silos e reatores (Foto: Divulgação) O Drone ELIOS, usado pela empresa, é atualmente a única aeronave no mundo específica para espaços confinados e de difícil acesso, tais como: Silos, Caldeiras, Tubulações, Reatores, Galerias, Tanques, Torres, Lastros e Minas, devido a suas tecnologias embarcadas de proteção, de sistema de LED (iluminação) e de câmeras.  

Camisas com carbono zero

Radiofrequência  A fábrica Camisas Polo, situada no Condomínio Bahia Têxtil, no bairro Uruguai, tem a meta de fabricar as primeiras camisas ‘carbono zero’ do planeta. A utilização da tecnologia de radiofrequência no controle da produção, estoque e expedição é a atual inovação dessa pequena indústria.  O processo elimina o contato físico na pesagem, embalagem e localização dos produtos e elimina a necessidade de que as embalagens sejam abertas.

Plástico 100% reciclável

Garrafas Pet  A Braskem, petroquímica baiana que é a maior produtora de resinas termoplásticas das Américas, iniciará em breve a produção da principal matéria-prima para as garrafas PET a partir da cana-de-açúcar. Quando o projeto adquirir escala industrial, será possível encontrar no mercado um produto feito de matriz 100% reciclável. A resina foi desenvolvida em parceria com a startup norueguesa Haldortopsoe para incrementar o reaproveitamento do plástico.

CAMPO TAMBÉM ESTÁ MAIS TECNOLÓGICO

Se engana quem acha que o campo não está antenado à nova era industrial. Graças ao uso cada vez maior da tecnologia, produtores de grãos e de algodão da Região Oeste da Bahia batem sucessivos recordes de produção. Neste ano, a  produtividade média nos campos de algodão  deve alcançar 300 arrobas por hectare, e o volume produzido deve ser até 15% maior que em 2018.  Plantadeira Absoluta é uma das máquinas mais modernas do setor (Foto: Divulgação) A Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) projeta, ainda, uma colheita de 5 milhões de toneladas de soja. “Já é o segundo ano consecutivo que o Oeste deve colher bem, isso faz com que o agricultor invista mais, adquira maquinários, insumos e tecnologia”, afirma o presidente da Aiba, Celestino Zanella. 

Entre as máquinas e sistemas futuristas com foco na agricultura de precisão que já são realidade no Oeste está a plataforma de gerenciamento de dados online Operations Center, da Agrosul – John Deere. “Durante o plantio, o cruzamento de dados permite que o agricultor identifique oportunidades de redução de custos, otimização da operação das máquinas e zonas de manejo, tudo de forma segura, centralizada e à distância”, explica a gerente de marketing da empresa, Camila Macedo.

Outra máquina que alia tecnologia ao campo é a plantadeira Absoluta, fabricada pela Stara. É a única no mercado com cinco módulos e GPS genuinamente brasileiro. “É a vedete da fábrica porque tem o melhor desempenho em condições adversas e garante alta produtividade”, fala o proprietário da empresa, Pedro Hersen.