'Infelizmente foi uma tragédia', diz avó de bebê morto atacado por abelhas

Samuel, de um ano, foi enterrado hoje no cemitério municipal de Brotas

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  • Bruno Wendel

Publicado em 23 de dezembro de 2017 às 15:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Bruno Wendel/CORREIO

Bastou a manicure Ednalva da Silva Santos, 28, ausentar-se por alguns minutos para o pior acontecer. “Ela foi comprar pão para os filhos, mas os meninos foram brincar no quintal e aí as abelhas pegaram eles. Infelizmente foi uma tragédia”, lamenta a aposentada Valdelice de Sailva Santos, 61, mãe de Ednalda e avó Samuel, de um ano, que não resistiu ao ataque do enxame, ocorrido no último dia 20, no bairro de Sussuarana. O corpo do bebê foi enterrado na manhã deste sábado, (23), no cemitério municipal de Brotas. 

Apesar de visivelmente abalada, Valdelice  relembrou o que aconteceu, com base no relato de outros netos que estavam na hora do ataque. “No dia, minha filha veio com as crianças para me visitar. Ela soube que eu estava doente. Mas, quando chegou, por volta das 6h, eu já tinha saído. Fui ao médico. Então, ela foi comprar pão numa padaria perto do meu sítio”, conta a aposentada, amparada por parentes e amigos durante o velório de Samuel. 

Ednalva levou a filha de seis anos e deixou no sítio os meninos – um de 10, outro de 4, outro de 3 e o pequeno Samuel. Foi quando os meninos foram brincar do fundo no sítio e uma bola atingiu a estrutura de uma bobina de madeira, onde uma colmeia estava instalada.“ Meus dois netos maiores, Celso, de 22 anos, e Cássio, de 18, que também estavam no sítio, mas dentro da casa, ouviram os gritos de socorro dos primos e foram ajudar e também foram picados”, contou a avó. Picadas Samuel levou pelo menos 30 picadas. “A gente tirou Samuel de lá. Mesmo trazendo ele para a entrada do sítio, elas continuam o ataque. Joguei água, mas só algumas caíram”, contou Celso da Silva Santos, 22, que foi atacado na região do pescoço e queixo. O irmão dele, Cássio, 18, também foi vítima das abelhas. “Ele ficou em casa, mas ainda está com febre. Morei em Sussuarana por 30 anos e nunca vi isso de abelhas matando as pessoas”, declara a vendedora ambulante Valquíria da Silva Santos, 33, mãe de Celso e Cássio. 

Samuel foi levado para o Hospital Geral Roberto Santos, no Cabula, mas precisou ser transferido. “No Roberto Santos ele respirava através de uma mangueira, mas precisava ser entubado e por isso foi levado para o Hospital do Subúrbio”, conta Valdelice. No entanto, a criança não resistiu. Na certidão de óbito consta que Samuel morreu em decorrência de um choque anafilático devido ao ataque de um enxame de abelhas.   Valdinei e Edna seguram o atentado de óbito de Samuel Foto: Bruno Wendel/CORREIO Colmeia Valdelice disse que não sabia da existência da colmeia em seu sítio. A aposentada relata  que há cinco meses, após separação da filha com o pai de Samuel, Ednalva e os quatro filhos foram morar com ela. “Aí, os meninos pegaram a bobina vazia deixada na rua e trouxeram para brincar no sítio e largaram no fundo. Mas nunca soube da existência da colmeia”, relata a idosa. 

Valdelice disse que Samuel engatinhou da casa até o fundo do quintal do sítio onde estavam os demais irmãos. Ao ser questionada se o bebê realmente tinha condições de fazer o trajeto sozinho ela avalia: “Você não sabe como são crianças? Ele já sabia andar. Andava tudo”.

Após a tragédia, o Conselho Tutelar chegou a tomar a aguarda no dia dos outros filhos de Edna, mas depois devolveu. “Eles pegaram meus netos e puseram de volta lá no sítio, mas não queremos ficar lá até a colmeia ser retirada. Estamos com muito medo”, diz a avó das crianças. 

Ainda de acordo com a idosa, Edna e os filhos não podem voltar para o Bairro da Paz, onde residem. “O ex-marido, pai das crianças, disse que agora serão dois caixões, como se minha filha tivesse culpa do que aconteceu. Foi uma tragédia. Ela não teve culpa”, declara a aposentada. 

O enterro de Samuel aconteceu por volta das 10h30. Cerca de 10 pessoas participaram velório. “Não avisamos a quase ninguém. Somente pouquíssimas pessoas foram avisadas. Diante do que aconteceu, não quisemos expor ainda mais a família”, declara Valdice.   

O delegado Nilson Borba, titular da 5ª Delegacia (Periperi), informou que em princípio o caso está sendo tratado como acidente. "Como a nossa delegacia fica perto do hospital do Subúrbio nós expedimos a guia de remoção do corpo, mas a investigação ficará por conta da delegacia da área, a 11ª Delegacia. Em princípio o fato está sendo tratado com acidente, mas caberá à delegacia investigar", explicou o delegado. A 11ª Delegacia informou que não recebeu ainda o caso.