Investigada por tráfico de mulheres, Núbia Oliiver receberia R$ 1 mil de comissão

Modelo ajudava na seleção das mulheres que seriam traficadas, segundo a PF

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  • Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2021 às 15:07

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

A modelo Núbia Oliiver, 47 anos, é investigada pela Polícia Federal por associação ao tráfico internacional de mulheres. Segundo a investigação, ela ajudava na seleção de mulheres que seriam traficadas, muitas para fora do Brasil. Até menores de idade foram aliciadas pela quadrilha.  Segundo reportagem do SBT News, ela enviava fotos sensuais de outras mulheres ao agenciador e combinava um programa sexual com uma delas em troca de uma comissão de mil reais.

“Te passei umas meninas aí para te ligarem. Essas eu sei que são do Rio”, afirmou a modelo em conversa com Rodrigo Cotait, apontado pela polícia como o chefe do esquema de exploração sexual. “Você acha que R$ 10 mil a gente consegue cobrar? Aí a gente dá R$ 5 mil para ela e divide R$ 5 mil”, indagou o acusado.

Núbia então pede para não ser citada nas negociações. “Só não usa meu nome, porque como a gente é mais conhecida, não gera fofoca, enfim”. As mensagens foram divulgadas no Fantástico, da Rede Globo.

Durante a Operação Harém, a Justiça autorizou um mandado de busca e apreensão no apartamento da modelo. Cotait foi preso em São Paulo no início da última semana. Ele nega o crime. A defesa de Núbia preferiu não comentar as acusações. 

Maior esquema do país Cotait aliciava as mulheres e tirava as fotos que eram usadas para mostrar as opções aos "clientes". A empresa de maquiagem dele era usada como fachada, segundo a investigação da Polícia Federal.

"As meninas que viajam comigo vêm todas na minha casa. Só mando viajar produto de exportação que tem meu selo de qualidade", diz Cotait em um dos áudios. 

Nove mandados de busca e apreensão e oito de prisão foram cumpridos no final de abril na Operação Harém. Cinco foram fora do país - no Paraguai, EUA, Espanha, Portugal e Austrália, onde Cotait tinha uma rede de contatos, diz a PF. 

A investigação começou em 2019. A polícia descobriu que os agenciadores atuavam no Brasil e também enviavam mulheres, mesmo menores de idade, para outros países. MC Mirella foi vítima do bando quando ainda tinha 16 anos. "Paguei em cash, dinheiro, ela não tinha nem conta em banco", diz Cotait em uma das mensagens.

O bando tentou aliciar Mirella para o empresário Wissam Nassar, dono de um shopping em Cidade Del Este, no Paraguai. "Ele tentou levá-la, mas o crime não se concretizou", diz a advogada da funkeira, Adélia Soares.

Uma das mulheres aliciadas contou que foi para Doha, onde uma das sócias de Cotait controlava tudo que ela fazia. Até o motorista que a acompanhava abusou dela, relata a mulher. "Tive medo de sequestrada, presa".

Em outra mensagem, o empresário diz que é preciso monitorar as vítimas, porque "tem menina aí que se sente muito atrevidinha, põe as asinhas para fora".  MC Mirella foi alvo do grupo (Foto: Reprodução) MC Mirella, que chegou a ser acusada de tentar aliciar uma menor de idade, é inocente, diz a advogada, e agora foi ouvida na condição de testemunha. Ela contou que o bando tentou contatar a funkeira no ano passado. "Não existe qualquer investigação ou acusação contra Mirella, é importante ressaltar isso. (...) Ela já contribuiu com seu testemunho, várias outras pessoas também vítimas da quadrilha foram ouvidas. No que poderia, a Mirella colaborou com a investigação para que a justiça se cumpra", diz ao Uol.

Preso, Cotait nega o crime. Ele diz que é solteiro e recebe "muitas mulheres" no apartamento, mas negou o agenciamento. A defesa de Nubia Oliiver preferiu não comentar as acusações. Nassar também foi preso. 

Eles vão responder por tráfico de mulheres para fins de exploração sexual, favorecimento da prostituição e falsidade ideológica.