Investimentos vão reverter defasagem na área de infraestrutura, acredita empresário

No programa Política & Economia, Matheus Oliva analisa condições para operação logística no Brasil

Publicado em 9 de abril de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Sem logística e infraestrutura, o Brasil pode ser comparado com um gigante com os membros, braços e pernas atrofiados. A comparação foi feita pelo empresário Matheus Oliva, diretor comercial da Intermarítica, durante o programa Política & Economia. Ele foi entrevistado pelo jornalista Donaldson Gomes, editor do CORREIO. Para ele, o país caminha no sentido de reverter essa situação nos próximos anos, graças aos investimentos que vem sendo anunciados na área de infraestrutura. 

“Somos um grande país, mas somos atrofiados em relação a portos, rodovias e ferrovias. Neste aspecto somos pequenos”, pondera. “O importante a dizer é que isto está mudando. Há uma série de investimentos e iniciativas ocorrendo”, ressalta e cita o investimento na expansão do Terminal de Contêineres (Tecon) dos portos de Salvador e Aratu. Ele destaca ainda a atuação da Codeba no sentido de ampliar a oferta de áreas para a operação dos portos. 

“Se você não tem portos competitivos, uma cadeia logística competitiva, você está fora do jogo. É o que acontece com o Brasil. É o que acontece com a Bahia”, aponta. “O Brasil precisa se reinventar, a Bahia precisa se reinventar para voltar a ter competitividade”, avisa Matheus Oliva. Ele conta que tem um mapa com os maiores portos do mundo. Segundo ele, as movimentações de grande porte estão concentradas na Ásia e no norte, na Europa e Estados Unidos. “Entre América do Sul e a África, estamos falando de uma movimentação entre 2% e 3%. O Brasil representa entre 1,5% e 2% do trade global de comércio exterior. É muito pouco”, acredita. 

Ele lembra que a Austrália, com uma população menor que a brasileira, está passando o Brasil em tamanho do Produto Interno Bruto (PIB). “Tem talvez um décimo de nossa população, mas está gerando mais riquezas”. 

“Logística tem tudo a ver com economia. Para sobreviver no mercado é preciso ser competitivo, ter a capacidade de produzir mais com menos para poder gerar riquezas para toda a sociedade”, diz. O empresário explica que uma região que não tenha um porto, no mundo globalizado, torna-se dependente de um porto de fora. 

A Intermarítima atua tanto na operação portuária, quanto oferecendo outros serviços na cadeia logística. “Somos uma empresa fundamentalmente baiana, fruto do mais genuíno empreendedorismo”, conta. 

Segundo Matheus Oliva, o ano de 2020 foi um ano de adaptação para a Intermarítima. “O ano de 2020 foi um cataclismo socioeconômico e sanitário. A humanidade viveu um desafio quase sem precedentes. Já houve pandemias, mas não desta forma tão agressiva. O mundo estava num ritmo de conexão incrível e de repente tudo parou”, lembra. 

Isso causou um desafio para quem trabalha com logística, lembra, de garantir o abastecimento em meio à pandemia. “Foi um grande desafio. Pelos portos passam os insumos necessários para combater o problema. A máscara que a gente usa vem da China. Materiais hospitalares, remédios, muitos vêm do exterior”, diz. Até mesmo o trigo, base do “pão nosso de cada dia”, depende da importação, uma vez que o país não produz em escala suficiente para atender o mercado interno. 

“O grande desafio foi manter a operação segura”, lembra. Oliva conta que foi necessário estabelecer cuidados para garantir a manutenção da saúde mental das pessoas. “Este é um momento tão complicado que muitas vezes o espírito das pessoas é abatido”, afirma. “Manter a empresa andando, administrar todos os problemas, é um grande desafio”.