Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2020 às 14:34
- Atualizado há 2 anos
A Prefeitura de Camaçari se manifestou sobre o retorno do óleo às praias de Itacimirim - sete toneladas do material foram recolhidas por voluntários em apenas três dias. De acordo com a gestão municipal, a substância "não contamina e não oferece risco aos moradores e turistas que frequentam o local". (Foto: Divulgação/ Mateus Morbeck) >
De acordo com a prefeitura, essa informação é da Defesa Civil, coordenação vinculada à Secretaria dos Serviços Públicos (Sesp), que realiza limpezas nas praias de Itacimirim. Segundo o órgão, o material que foi encontrado por um grupo de voluntários estava petrificado, por isso não oferece risco de contaminação.>
As sete toneladas de óleo foram ensacadas no domingo (8), mas só devem ser recolhidas pela gestão municipal nesta quarta-feira (11), por conta da maré alta.>
Por meio de comunicado, a prefeitura aproveitou ainda para fazer um alerta: sempre que grupos voluntários recolherem o material, devem acionar o poder público para que a Defesa Civil possa recolher e armazenar o material de forma correta.>
A substância, após retirada das praias, é levada por caminhão munck e encaminhado para a Cetrel, que armazena em local adequado até que órgãos ambientais competentes façam a destinação final.>
Caso alguém veja manchas de óleo ou alguma substância similar nas praias, a gestão pública orienta que a Defesa Civil de Camaçari seja comunicada, através do telefone 199. O contato pode ser feito ainda pelos números (71) 3622-7755 ou o celular corporativo (71) 98796-9858.>
Relembre Sete meses desde que o petróleo cru começou a manchar as praias do litoral nordestino, o desastre ambiental voltou a atormentar. Nesse domingo (8), cerca de 5 toneladas da substância foram retiradas da praia de Itacimirim, no litoral da Bahia. O trabalho de limpeza foi realizado através de um mutirão organizado por voluntários. >
O grupo Guardiões do Litoral trabalha voluntariamente no combate aos impactos provocados pelo óleo cru desde que as primeiras manchas começaram a aparecer. Ao todo, 80 voluntários se revezam em monitoramento e nos mutirões de limpeza. Nos últimos dois finais de semana, o trabalho foi concentrado em Itacimirim. Em três dias de trabalho, incluindo o domingo, os voluntários limparam cerca de 7 toneladas da substância. “Esse é o mesmo óleo de meses atrás. Não chegou novo, é um óleo que estava camuflado. E agora, por conta das mudanças de maré naturais desse período, a correnteza retira bancos de areia que estavam escondendo esse óleo e a gente consegue fazer a remoção”, explica o biólogo e voluntário do grupo, Mauricio Cardim.Mauricio acredita que o maior desafio do grupo é seguir engajando voluntários para o trabalho que ainda é necessário. “Temos feito tudo sozinhos neste novo mutirão em Itacimirim. O único órgão que esteve no local foi o Inema, apesar de termos acionado todos os órgãos competentes”, explica. O grupo também encontra vestígios da substância em localidades como Subaúma e Sauípe. Apenas em Salvador, mais de 30 praias são monitoradas pelo grupo. >
Procurado, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) informou que a responsabilidade pela retirada do óleo é da Prefeitura de Camaçari, município onde está situada a praia de Itacimirim. Uma equipe do órgão esteve no local apenas para monitorar a situação e deve retornar após o processo de limpeza, para realizar a destinação final do resíduo.>
Em nota, a Prefeitura de Camaçari informou que uma equipe da Capitania dos Portos fez uma visita técnica nesta terça-feira (10), acompanhada por agentes da prefeitura, com o objetivo de definir os próximos procedimentos sobre a remoção da substância. A prefeitura disse que "não existe nenhuma recomendação regulamentada dos órgãos ambientais sobre o manejo dos resíduos que ficaram nas pedras, corais ou solidificado na areia. Nossa postura é de cautela nesse procedimento, buscando evitar que o dano ambiental da retirada desses resíduos nas pedras e corais seja maior".>
Óleo antigo Um dos pesquisadores responsáveis por acompanhar os impactos causadas pelo vazamento do óleo nas praias, o professor Francisco Kelmo, diretor do Instituto de Biologia (Ibio) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), explica que o óleo retirado neste último final de semana não é substância nova e, sim, uma sobra do mesmo resíduo de meses atrás. >
“Esse é um óleo de alta densidade, não é um óleo que fica flutuando. Então aquele óleo que chegava à noite era coberto por areia e os voluntários que faziam a limpeza não conseguiam enxergar. Agora as mudanças climáticas naturais do período estão ajudando a encontrar o que estava escondido”, explica. Óleo impregnado nas pedras em praia de Itacimirim (Foto: Divulgação/ Mateus Morbeck) O professor detalha que, desde que o óleo começou a aparecer, estuda seus impactos ambientais, que seguem acontecendo. “O óleo está aí, esse veneno está ai, já é possível perceber uma diminuição no número de animais vivos nas praias e não há qualquer sinal de recuperação. Esse óleo aparecer só reforça essas conclusões”, acredita o pesquisador, que focou seus estudos nas praias de Itacimirim, Praia do Forte, Guarajuba e Genipabu.>
Também monitorando os impactos, a Bahia Pesca realiza coleta de pescado em áreas atingidas pela mancha de óleo. O resultado das análises realizadas na última coleta será divulgado no próximo dia 26 e quatro dias depois, no dia 30, um novo ciclo de coletas será iniciado. >