Jacuipense aprova suspensão, mas prevê dificuldades para Série C

Torneio não paga cota de televisão aos participantes e ficar sem jogos atrapalha o fluxo de caixa

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 18 de março de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Renan Oliveira/E.C. Jacuipense

Com exceção de Bahia e Vitória, o Jacuipense é a única equipe baiana que iniciou 2020 já com certeza de ter um calendário mais extenso no ano todo. Isso porque o time de Riachão do Jacuípe representa a Bahia na Série C do Campeonato Brasileiro.

A Série D de 2020 terá um novo formato, que garante 14 rodadas para seus participantes na fase de grupos. É quase o dobro das oito datas garantidas até o ano passado e isso favorece o trio baiano formado por Atlético de Alagoinhas, Bahia de Feira e Vitória da Conquista. Mas essa novidade só foi anunciada no início deste mês.

Por isso, o impacto da paralisação do estadual no Jacuipense – para evitar a disseminação do coronavírus Covid-19 - é diferente dos demais times do interior. O clube da região produtora de sisal fez contratos de um ano. No interior, o mais comum é que os vínculos sejam assinados só até abril, quando acaba o Baianão.

A instituição foi a favor da suspensão do estadual, julgando ser o mais prudente e respeitando o temor de seus atletas. Agora, precisa se replanejar para os dias que virão em um futuro próximo.

Apesar de Riachão do Jacuípe não ter nenhuma confirmação ou sequer casos monitorados, o diretor do Conselho Deliberativo do Jacuipense, Felipe Sales, entende que é necessário olhar para o entorno: de imediato, o Jacupa enfrentou o Vitória no último domingo e o rubro-negro é uma equipe de Salvador, onde cinco casos da doença já foram confirmados. Na última rodada da fase classificatória, enfrentará o Fluminense de Feira, outra cidade com cinco casos confirmados."Muita gente está banalizando, mas é uma pandemia, está assolando o mundo todo. Está chegando agora no Brasil e, se não tomarmos as precauções, pode se alastrar de maneira trágica", disse Felipe Sales ao CORREIO. Felipe Sales é presidente do Conselho Deliberativo do Jacuipense (Foto: Divulgação/E.C. Jacuipense) Contudo, Sales admite ter preocupações com os prejuízos que o Jacuipense terá por causa do coronavírus. O clube fez poucos contratos até o final de abril porque desde sempre teve a intenção de montar um elenco consolidado para a disputa da Série C.

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Por outro lado, a terceira divisão nacional não paga cotas televisivas às equipes. Segundo Felipe Sales, os dirigentes dos clubes da Série C pretendem conversar com a CBF após o surto se atenuar.

"Havendo a necessidade de prolongar ainda mais os contratos temos que sentar com a a CBF. Já suportamos prejuízo grande com a disputa normal, mas era planejado. Com essa mudança, que é necessária e ninguém tem culpa do que aconteceu, precisamos sentar e negociar", explicou.

O Leão do Sisal tem um trabalho de base forte, com categorias que vão desde o sub-13 até o sub-20. Todas as atividades nas categorias de formação e no elenco profissional estão interrompidas por 15 dias. Time titular do Jacuipense no jogo contra o Vitória, o último antes da suspensão do Campeonato Baiano (Foto: Renan Oliveira/E.C. Jacuipense) Série C Cinco nordestinos, dois paraenses, um amazonense e um goiano. Assim é a composição do grupo do Jacuipense na Série C, competição que sofreu modificações em seu formato. A estreia já tinha indefinição: podia ser no dia 2 ou 3 de maio. Com o problema do coronavírus, não há qualquer previsão de data.

Na primeira fase, os 20 clubes do campeonato são divididos em dois grupos de 10 equipes, que jogam no sistema de pontos corridos em ida e volta, com 18 rodadas. O Jacuipense está no Grupo A junto a Botafogo-PB, Ferroviário, Imperatriz, Manaus, Paysandu, Remo, Santa Cruz, Treze e Vila Nova. 

No Grupo B estão alocadas equipes do Sul e Sudeste do país: Boa Esporte, Brusque, Criciúma, Ituano, Londrina, São Bento, São José-RS, Tombense, Volta Redonda e Ypiranga. Os dois piores times de cada grupo são rebaixados para a Série D.

Até aí, nada diferente. As mudanças só acontecem a partir da segunda fase. Nas últimas oito edições da Série C, os clubes se enfrentavam em confrontos eliminatórios de quartas de final, que valiam o acesso e a classificação para as semifinais. Em 2020, isso muda: os quatro primeiros colocados de cada chave seguem avançando, mas, ao invés de confrontos eliminatórios, esses oito times vão disputar um quadrangular, também dividido em duas chaves e disputado em pontos corridos.

Os jogos do quadrangular são no formato ida e volta, o que garante mais seis partidas para cada equipe. Isso significa que as oito agremiações que passarem da primeira fase serão premiadas com um calendário mais volumoso. Antes, só os finalistas da competição disputavam mais seis jogos depois da fase de grupos.

Os dois melhores de cada chave do quadrangular sobem para a Série B no ano seguinte. Além disso, os líderes de cada grupo no quadrangular disputam a final para decidir o campeão. O desenho da segunda fase fica assim:Grupo 1 1º do B 2º do A 3º do B 4º do A

Grupo 2 1º do A 2º do B 3º do A 4º do B Outra mudança é que a Série C de 2020 vai permitir estádios com capacidade inferior a 10 mil pessoas - diferentemente do que era praticado até então. Com isso, o Jacuipense fica liberado para atuar no Eliel Martins, também conhecido como Valfredão. O estádio de Riachão tem capacidade para abrigar cerca de 5 mil torcedores e foi uma força da equipe na última Série D - em que o Jacupa chegou até as semifinais.

Na ocasião, o time do técnico Jonilson Veloso foi eliminado sem perder um jogo sequer em casa. Foram seis vitórias e um empate. O Jacuipense levou apenas dois gols dentro de seus domínios e marcou 12.

*com supervisão do editor Herbem Gramacho