'Jamais apoiei ou fiz empenho pelo golpe', diz Temer sobre impeachment de Dilma

Ele disse ainda que força das instituições brasileiras não permitirá autoritarismo

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  • Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2019 às 23:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

O ex-presidente Michel Temer afirmou que não se empenhou ou apoiou o que chamou de "golpe" - o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Durante participação nesta segunda-feira (16) no Roda Viva, Temer foi questionado sobre o fato de ser chamado de golpista. Com a saída de Dilma, em 2016, o emedebista assumiu o comando do país.

"Eu jamais apoiei ou fiz empenho pelo golpe. Aliás, muito recentemente, o jornal Folha detectou um telefonema onde o ex-presidente Lula me deu, onde ele pleiteava e depois esteve comigo para trazer o PMDB para impedir o impedimento. E eu tentei, mas a esta altura, eu confesso, que a movimentação popular era tão grande e tão intensa que os partidos já estavam mais ou menos vocacionados para a ideia do impedimento", afirmou Temer.

O ex-presidente cita uma reportagem da Vaza Jato que mostra outras ligações do ex-presidente Lula grampeadas pela Polícia Federal, além do trecho que foi divulgado por ordem do então juiz Sérgio Moro. Em uma das conversas, Lula liga para Temer e tenta convencê-lo a trabalhar para barrar o impeachment. 

"Depois ele (Lula) esteve comigo, no pavilhão das autoridades, conversando comigo sobre o impedimento. O fundamento básico dele foi tentar trazer o PMDB e outros partidos no sentido de negar a possibilidade de impedimento.", explica.

Ascenção de Bolsonaro Temer também foi perguntado se o impeachment ajudou à conjuntura que levou à eleição do presidente Jair Bolsonaro, no ano passado. Ele acredita que não existe essa relação. 

"Eu não faço exatamente esta conexão. No Brasil, de tempos em tempos, as pessoas querem mudar tudo. Aconteceu na eleição do Lula, há mais de 15, 18 anos atras, aconteceu agora com o Bolsonaro. Houve uma onda para tentar mudar tudo que estava presente política e administrativamente.", afirma.

Para ele, o atual governo não deve resultar em escalada de autoritarismo, pois as instituições brasileiras "funcionaram tranquilamente de 88 até essa data". 

"Não vejo como poderíamos, com uma imprensa livre que nós temos, com uma consciência democrática extraordinária que permeia a mentalidade de toda a classe política brasileira, e mais, que toma a conta do pensamento de todos os brasileiros, então não vejo como podemos caminhar para um sistema autoritário", acredita.