Jequié: médico do Hospital Geral Prado Valadares morre com coronavírus

Profissional faleceu no último domingo (10) após dois dias de internação

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 12 de maio de 2020 às 05:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mateus Pereira/GOVBA

O médico Ramon Barbosa, 43 anos, de Jequié, foi mais uma vítima da covid-19 na Bahia. Atuando diretamente no combate à doença, o profissional faleceu no último domingo (10) após dois dias de internação. Ele é mais um dos profissionais vitimados pela pandemia. Ao todo, 117 médicos, 141 enfermeiros e 166 técnicos de enfermagem já testaram positivo para a doença. Os dados são da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia  (Sesab).   Depois da confirmação da morte de Ramon, o secretário de saúde do estado, Fábio Vilas-Boas, utilizou as redes sociais para lamentar o ocorrido. “Seu sacrifício não será esquecido", lamentou o secretário. O Hospital Geral Prado Valadares, em Jequié, onde o médico atuava e onde iniciou seu tratamento, também publicou em suas redes sociais uma nota de pesar.   “Pelo que soubemos esse colega tinha como comorbidade o diabetes. É de uma insensibilidade muito grande manter os profissionais do grupo de risco trabalhando diretamente no combate à doença. E é algo que já solicitamos, colocar esse profissionais em outros atendimentos”, comenta Ana Rita de Luna Freire Peixoto, cirurgiã plástica e presidente do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindmed). “Esse número de infectados não inclui os casos de profissionais assintomáticos, que não estão sendo testados. Então deve haver vários casos de subnotificação”, completa a médica.     Sindicatos de outras categorias também se mostram preocupados. “Esse número de infectados é alto e a tendência é piorar, porque quanto mais aumenta a curva de contaminação, mais demanda de atendimento vai ter. Para os enfermeiros, a contaminação é ainda maior porque são eles que fazem o primeiro atendimento. É preciso ter os equipamentos de proteção adequados e um fluxo de atendimento adequado também, que muitas unidades não têm”, opina Lúcia Duque, presidente do Sindicato de Enfermagem do Estado da Bahia (Seeb).   “A situação é critica, falta EPI adequado, falta treinamento para um momento que ninguém nunca passou. E acreditamos que isso é o que acaba causando um número elevado de contaminação. É preciso fazer um treinamento adequado. E um acolhimento também de quais são as preocupações, o medo desses profissionais que estão passando por um momento tão crítico”, opina Ivanilda Brito, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado da Bahia (Sindsaúde).

Na semana passada, o presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ), desembargador Lourival Almeida Trindade, aceitou o recurso do governo estadual e suspendeu a liminar que autorizava que médicos ligados ao estado e que pertencessem a grupos de risco para a covid-19 se afastassem do trabalho.

De acordo com ele, a liberação imediata dos profissionais, antes concedida pela 5ª Vara da Fazenda Pública, causaria “um dano muito grande ao sistema de saúde, ocasionando um inevitável colapso”.

*Com orientação da subeditora Clarissa Pacheco