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Jolivaldo Freitas
Publicado em 22 de março de 2017 às 20:33
- Atualizado há um ano
A Polícia Federal deu um tiro no pé. Depois do papelão que foi encetar a Operação Carne Fraca, em que se atrapalhou toda e levou o Brasil a ter um dos maiores prejuízos da história da pecuária, o monstro se voltou para ela mesmo. Como vai conseguir agora que o Congresso Nacional aprove a o Projeto de Emenda Constitucional – PEC de número 412 que pode oferecer para a instituição sua autonomia administrativa e operacional? A nefasta operação deflagrada como barata tonta da PF foi - como se diz popularmente, e perdoe o trocadilho - um prato feito para aqueles políticos que entendem ser a autonomia um caminho certo, um salvo-conduto para que os federais cometam barbaridades em nome da lei.Não se pode deixar de reconhecer a extrema importância da Polícia Federal nos destinos deste país. Mas como confiar em tanto show, tanta briga intestina, querelas políticas e agora a falta de discernimento para entender que não se pode levar dois anos investigando um problema que afeta a população de imediato. Isso em nome da chamada investigação prolongada, aquele estilo de acompanhamento do FBI, que espera o investigado se comprometer mais ainda, criar mais provas ou mostrar caminhos para descobrir todos os tentáculos.Como não procurar entender os mecanismos técnicos, físicos e científicos ou buscar ajuda de especialistas, em vez de, por uma questão qualquer (seria vaidade?) interpretar, quando era necessário entender. E, para piorar, a Polícia Federal usou do expediente de transformar as operações num verdadeiro show; fez o alarde, criou celeuma, trouxe preocupação para a população brasileira e a desconfiança do mercado importador. Fala-se num prejuízo inicial de 8 bilhões de reais com a extinção dos contratos de países como a China, o Chile e também da União Europeia, que pode crescer mais e que será levemente atenuado pelo fato dos nossos diplomatas terem convencido a Coreia do Sul a não suspender os pedidos.A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) sentiu a porrada que a instituição estava levando e saiu em defesa da atuação – que considera irrepreensível -, dos agentes federais. Observa que a intenção foi de proteger setores do mercado e do governo. E numa própria teoria conspiratória, nesse caso, diz que ocorre uma orquestração para descredenciar as investigações de uma categoria que já provou merecer a confiança da sociedade. Claro que todos sabemos que os políticos envolvidos com o Mensalão e a Lava Jato querem o desmonte da PF. Sabemos que não interessa àqueles que estão sendo delatados que a polícia tenha força. E estamos juntos com a PF para o que der e vier.Mas, convenhamos, quando os agentes desmontaram a Máfia que subornava fiscais do Ministério da Agricultura e, claro, políticos para obter licenças de venda de carnes sem a fiscalização, deviam saber que o universo de boas empresas que atuam dentro da legalidade é uma Via Láctea em relação aos poucos planetas. Deviam saber se comportar ao revelar o andar da operação. Demorou, errou, virou chacota. Faz tempo que a PF está com crise de identidade.Jolivaldo Freitas é jornalista e escritor