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Derrotas do brasileiro, que ficou de fora do pódio olímpico, deixaram compatriotas revoltados na internet
Vinicius Nascimento
Publicado em 27 de julho de 2021 às 03:42
- Atualizado há um ano
Foi dureza de assistir. Quem torceu para Medina, ficou retado ao assistir às duas últimas baterias na Olimpíada de Tóquio. Depois de ser derrotado em disputa eletrizante contra o japonês Kanoa Igarashi na semifinal, ele voltou a perder na disputa do bronze para o australiano Owen Wright e ficou fora do primeiro pódio olímpico da história do surfe.
A bateria do bronze foi morna e acabou em 11.97 x 11.77 para o australiano. Quem assistiu à disputa provavelmente se perguntou o que Medina precisaria fazer para conseguir uma boa nota. Nem o belo aéreo que deu no meio da bateria foi suficiente para convencer os jurados de que tinha pego a melhor onda: ficou apenas com um 6.00. Abaixo dos 6.50 conquistados por Wright que acabaram sendo determinantes para a subida no pódio. As piores notas dadas a Medina foram de um compatriota de Wright, chamado Benjamin Lowe.
Ficou uma sensação de injustiça. O próprio brasileiro estava visivelmente abatido ao sair do mar. Questionado sobre as decisões do júri, preferiu dizer palavras comedidas, tão visivelmente sem jeito quanto a torcida no país, frustrada por não ver o melhor surfista do mundo na atualidade fora do pódio."É triste quando isso acontece. É difícil passar um ano treinando e se esforçando para chegar nisso, mas minha parte eu fiz. Fiz o meu melhor e é continuar trabalhando. Tem coisa que não dá para entender mas tinha que ser assim", disse Medina.Cinco juízes que julgaram as manobras na bateria do bronze: Luiz Pereira, do Brasil, Daniel Kosoof, da Nova Zelândia, Benjamin Lowe, da Austrália, Bruno Truch, da França, e Masato Kato, do Japão. Lowe foi quem deu as menores notas.
Na primeira onda, que Medina recebeu um 5,43, a nota de Benjamin foi um 5 cravado, que também foi igualado por Luiz Pereira. As outras notas foram 5,5, 5,8 e 5,8 - essa onda acabou sendo trocada até o fim da bateria e não contou.
Na segunda onda, Medina tirou 5,77. O australiano marcou 5,2 enquanto as outras notas foram 5,5, 5,5, 6,3 e 7. Na terceira onda, a que gerou toda a polêmica, Lowe marcou 5,3, enquanto as outras notas foram 5,8, 6, 6,2 e 6,8.
Mas o que será que especialistas em surfe têm a dizer? Medina foi roubado na cara dura mesmo ou os critérios se justificam? Está liberado ter raiva da arbitragem no Japão? E quem eram os jurados?
Editor-chefe do The Inertia, portal especializado em surfe, Joe Carberry afirmou ao site Surto Olímpico que a sensação de injustiça que ficou na torcida não tem base, pelo menos no que diz respeito à decisão tomada na semifinal.
Para o especialista, a manobra de Igarashi foi "maior, mais limpa e aterrissou perfeitamente". Ele acredita ser improvável a tese que surfistas japoneses tenham notas maiores do que as dos rivais, já que os sete juízes são de nacionalidades diversas, inclusive um brasileiro (Luiz Pereira) e um japonês (Kato Massato)."Tenho um respeito imenso por Gabriel Medina, ele é um dos melhores competidores e vejo muito ele no circuito. Atualmente, ele está muito mais relaxado, aberto com a mídia, parece muito mais tranquilo e não tenho dúvidas que ele voltará a ganhar um circuito mundial", disse.Comentarista da TV Globo convidado especialmente para os Jogos, Teco Padaratz, bicampeão mundial do World Men's Qualifying Series e um dos ídolos do esporte no Brasil, afirmou que daria uma nota melhor ao brasileiro pelos aéreos que fez na semi."Eu particularmente, se fosse o juiz, valorizaria a queda do Gabriel por ser em um lugar mais difícil e se tivesse que dar uma nota maior ao Igarashi daria 0,1 ou 0,2, no máximo, porque elas foram muito parecidas - e não quase um ponto", disse Teco durante a transmissão.O fato é que não adianta chorar o leite derramado e, para os brasileiros, ainda há uma esperança. Logo mais, às 3h46, Ítalo Ferreira pode vingar Medina e enfrenta Kanoa Igarashi pela final dos Jogos Olímpicos de Tóquio. É hora de canalizar a raiva e ranço.