Justiça adia julgamento do caso da fisioterapeuta que levou 68 facadas a mando do ex

Adiamento ocorreu por causa de uma 'licença para tratamento de saúde da juíza titular'

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  • Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2022 às 20:29

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Divulgação)

A Justiça informou, nesta sexta- feira (5), que o julgamento do caso da fisioterapeuta Isabela Oliveira Conde, que levou 68 facadas no ano de 2019, em Salvador, em uma tentativa de feminicídio e teve que se fingir de morta para sobreviver, foi adiado para o próximo dia 22 de agosto. O adiamento ocorreu por causa de uma “licença para tratamento de saúde da juíza titular”. 

O ex-namorado de Isabela é acusado de ter mandado dois comparsas assassiná-la. A fisioterapeuta lamentou o adiamento. O crime ocorreu em fevereiro de 2019. “Quando eu soube que foi adiado, me deu um aperto no peito. Meu coração está desmantelado. Quero que a justiça seja feita”, afirmou.

O advogado criminalista Levy Moscovits, que representa a fisioterapeuta, explicou que o júri popular é a última fase do processo no qual os réus serão submetidos ao julgamento. No próximo dia 22 de agosto, o julgamento será realizado no Fórum Ruy Barbosa.

O caso

A fisioterapeuta levou 69 facadas, distribuídas entre o tórax e cabeça, no dia 28 de fevereiro de 2019, uma quinta-feira de Carnaval, na Avenida Bonocô. Ela sobreviveu após se fingir de morta, mesmo, em seguida, sendo jogada numa ribanceira da BR-324, ainda em Salvador. 

Ao CORREIO, na época, Isabela contou que foi socorrida por populares e levada ao Hospital do Subúrbio. Apesar de ter pedido uma grande quantidade de sangue devido aos ferimentos provocados, não só pelos golpes e murros durante o ataque, mas por se arrastar num matagal, ela chegou consciente à unidade médica e contou tudo o que aconteceu à equipe médica. 

“Deus estava comigo do início ao fim. Falei tudo. Tive condições de falar o meu nome completo, dar os contatos de minha irmã e meu cunhado. Tive condições também de informar o responsável por tudo isso: Fábio Barbosa Vieira. Foi então que minha irmã e meu cunhado tiveram a ideia de ligar para Fábio e dizer que cheguei morta ao hospital. Ao mesmo tempo, avisaram à polícia”, contou Isabela em 2019. 

Cinismo Acreditando que seu plano havia dado certo e que Isabela estava morta, Fábio chegou ao Hospital do Subúrbio fingindo estar atordoado com a notícia.“Minha irmã disse que ele estava todo arrumado, de banho tomado, relógio novo, e dizendo que estava arrasado com a notícia. Ela abraçava minha irmã e, com todo o cinismo, dizia: ‘O que fizeram com Bela, o que fizeram com ela, que crueldade’”, relatou Isabela.A irmã de Isabela, o cunhado e filha adolescente da vítima, de 16 anos, precisavam manter Fábio no hospital até a chegada da polícia. Então, num determinado momento, a adolescente chegou a perguntar pela mãe a Fábio. “Ele disse que havia me deixado no trabalho, que provavelmente depois teria saído com uma amiga. Ele ainda a abraçou e chorou na frente de todo mundo”, relatou Isabela. 

Logo depois, a máscara de Fábio caiu. “Ao ver a aproximação dos policiais, ele olhou para a minha família e minha irmã disse a ele: ‘Isabela está viva’. Foi quando ele correu, os policiais foram atrás, mas a população agarrou ele”, detalhou.