Justiça concede liberdade condicional a Elize Matsunaga

Ela cumprirá o restante da pena em liberdade e sem tornozeleira eletrônica

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  • Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2022 às 18:31

. Crédito: Foto: EBC/Arquivo

Elize Matsunaga, presa por matar o marido Marcos Matsunaga em 2012, teve liberdade condicional concedida pela Justiça, nesta segunda-feira (30). O alvará de soltura foi cumprido por volta das 17h35, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). A partir de agora, ela cumprirá o restante da pena em liberdade sem tornozeleira eletrônica.

Elize cumpria a sua pena na penitenciária Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé (SP), mas seu advogado, Luciano de Freitas Santoro, entrou com recurso na Justiça. Ela havia sido condenada a 19 anos e 11 meses de prisão. Em 2019 o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reduziu para 16 anos e três meses a pena.

"A Secretaria da Administração Penitenciária informa que hoje (30), às 17h35, após decisão judicial, a direção da Penitenciária Feminina "Santa Maria Eufrásia Pelletier" de Tremembé deu cumprimento ao Alvará de Soltura em favor da presa Elize Matsunaga, em virtude de Livramento Condicional", disse a SAP, em nota.

Ainda em 2019, a detenta conseguiu progressão para o regime semiaberto. A decisão foi da juíza Sueli Zeraik, da Vara de Execucões Criminais (VEC) de Taubaté, cumprida desde 1º julho e atendeu um pedido da defesa dela, feito em janeiro. Na época, o Ministério Público (MP) deu antes um parecer favorável à progressão. Até então, a previsão era de que ela fosse solta em janeiro de 2028.Condenação Bacharel em Direito, Elize Matsunaga foi condenada por matar e esquartejar o marido Marcos Kitano Matsunaga. O executivo da Yoki levou um tiro na cabeça e teve o corpo cortado em sete partes. O crime aconteceu em maio de 2012, no apartamento do casal, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo. Ré confessa, Elize foi levada a júri popular em dezembro de 2016: o julgamento durou sete dias, superando outros casos de repercussão, como os de Suzane Richthofen, de Gil Rugai e do casal Nardoni. Na ocasião, o Conselho de Sentença decidiu que ela era culpada por homicídio qualificado, por ter usado recurso que impossibilitou defesa da vítima, e também por destruição e ocultação de cadáver. Em contrapartida, os jurados derrubaram duas qualificadoras, contrariando a acusação do Ministério Público Estadual (MP-SP). Para os jurados, o crime não aconteceu por vingança ou interesse de Elize na herança do marido, o que fundamentava o "motivo torpe". Também entenderam que a vítima já estava morta quando foi esquartejada, negando, portanto, a tese de "meio cruel".

Após o júri, a defesa de Elize recorreu da decisão por discordar da dosimetria da pena, ou seja da quantidade de anos de prisão arbitrada pelo juiz Adilson Paukoski Simoni, da 5.ª Vara do Júri, que foi responsável por presidir o julgamento e elaborar a sentença. Para os defensores, a pena era "alta demais" se comparada a outros casos de homicídio com apenas uma qualificadora.

Livro Na cadeia, Elize Matsunaga recebeu centenas de cartas de pessoas espalhadas do Brasil - muitas incluindo pedidos de casamento. Outras pessoas escrevem para contar que se sensibilizaram com sua história de vida. Essa informação está em um livro escrito por Elize dentro da prisão. Trechos da obra foram divulgados pelo portal G1. 

Proibida de ver a filha, hoje com 11 anos, a intenção de Elize é contar sua versão para o que aconteceu para a menina, para que ela possa ler quando for mais velha. O livro aborda a origem humilde, relatos de violência sexual quando ainda era adolescente e violência doméstica já no casamento com Marcos. A criança vive com os avôs paternos.  “Minha amada (filha), não sei quando você lerá essa carta ou se um dia isso irá acontecer. Sei o quão complicada é nossa história, mas o que eu escrevo aqui não se apagará tão fácil”, escreve Elize.O livro foi escrito manuscrito em um caderno escolar. A versão para o crime apresentada é a mesma que Elize contou para a polícia e durante o julgamento. Ela conta que atirou para se defender de agressões do marido. Escreve ainda que Marcos ameaçou retirar a guarda da filha e não permitir mais contato entre as duas. 

“Atira, sua fraca! Atira! Sua vagabunda! Atira ou some daqui com sua família de bosta e deixa minha filha. Você nunca mais irá vê-la. Acha que algum juiz dará a guarda a uma puta?”, escreve Elize, sobre o que teria ouvido do marido no dia do crime.

O advogado dela, Luciano Santoro, disse ao G1 que a obra pode ser publicada. “Elize têm algumas opções de publicação e pretende assinar com a editora após ser colocada em liberdade”, afirma.