Justiça determina suspensão da greve e retorno imediato dos professores à sala de aula

Categoria pede reajuste salarial de 23%; prefeitura oferece 6% e dois avanços de nível

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  • Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2022 às 18:33

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/APLB Sindicato

O Tribunal de Justiça da Bahia determinou, nesta sexta-feira (27), a suspensão da greve dos professores em Salvador e o retorno imediato dos profissionais às salas de aula. A decisão diz que "a greve tem claros indícios de ilegalidade e abusividade" e proíbe que a APLB Sindicato faça bloqueios para impedir o acesso de servidores às repartições públicas e escolas. 

A decisão determina que a APLB se abstenha de praticar qualquer outro ato capaz de prejudicar o funcionamento, ainda que parcial, dos serviços públicos em questão, no prazo máximo de 24 horas. A multa em caso de descumprimento é de R$ 20 mil por dia.

O texto argumenta que o direito de greve, embora incorporado ao patrimônio jurídico dos servidores públicos, não se trata de direito absoluto, "sendo necessário observar a natureza da atividade exercida, e a sua relevância social".

O texto diz ainda que o interesse público deve se sobrepor aos interesses da categoria, e menciona os prejuízos da suspensão das aulas durante a pandemia para os estudantes, e o prejuízo da greve para a população local e os trabalhadores mais carentes, "que dependem do serviço para deixarem seus filhos aprendendo em segurança, enquanto trabalham".

"Logo, observa-se que a greve deflagrada pelo Demandado possui claros indícios de ilegalidade e abusividade, especialmente porque ocasiona enormes prejuízos para os administrados, que se veem privados dos serviços educacionais, além de sofrerem com a falta de alimentação de alunos, através do fornecimento de merenda escolar, dentre outras dificuldades enfrentadas pelos discentes e seus familiares, em virtude do não cumprimento do calendário letivo", diz trecho da sentença. 

"O perigo de lesão para a municipalidade mostra-se latente, especialmente para os alunos da rede pública de ensino, a ensejar, portanto, a imprescindibilidade da concessão da tutela de urgência, a fim de obstar a suspensão das atividades escolares, enquanto não se mostrar inequívoco o preenchimento dos requisitos de validade do movimento paredista", informa outro trecho. 

A prefeitura afirma que tem mantido diálogo com a categoria e que construiu em mesa de negociação uma proposta de majoração salarial correspondente 11,37% de reajuste. A Secretaria Municipal de Educação ainda não enviou posicionamento sobre o assunto.

Procurada novamente para um posicionamento no dia 29 de maio, a direção da APLB, Rui Oliveira, afirmou que não foi notificada sobre a decisão e que vai recorrer quando isso acontecer. 

Nove dias de greve

A greve dos professores de Salvador completa nove dias nesta sexta-feira (27). Em uma nova assembleia realizada hoje, a categoria novamente votou pela manutenção do movimento, que tem como principal pauta o reajuste salarial dos profissionais da educação. Na quarta-feira (25), o grupo havia decidido por encaminhar ao Executivo municipal uma nova proposta, com solicitação de reajuste de 23% mais duas referências. O cumprimento do piso nacional aos servidores da educação na capital também é motivo de divergência nas negociações com o Executivo.