Justiça manda marcar júri popular de acusados de matar Lucas Terra

Ex-bispos serão julgados por participação em assassinato de menino, em 2001

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  • Gil Santos

Publicado em 25 de outubro de 2017 às 02:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/TV Bahia

A Justiça baiana determinou nesta terça-feira (24) que seja marcado o julgamento dos ex-bispos da Igreja Universal do Reino de Deus Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda. Eles são acusados de participar do assassinato do adolescente Lucas Terra, morto em março de 2001, na época com 14 anos.

Segundo o advogado Daniel Keller, que representa a família da vítima, a data em que os dois irão a júri popular ainda não foi definida. “A defesa dos acusados apresentou recursos e estava aguardando que eles fossem julgados para que o júri fosse marcado. Argumentei que não havia necessidade de esperar, porque os recursos apresentados não interferem na realização do julgamento, o que foi aceito pela Justiça. Ou seja, foi dada a autorização para que o julgamento seja marcado”, afirmou o advogado. Carlos Terra, pai do adolescente, em foto de 2010: luta pela condenação dos acusados (Foto: Paulo Azevedo/Arquivo CORREIO) Lucas frequentava a igreja Universal do Rio Vermelho, em Salvador, quando foi morto. De acordo com o relato do ex-pastor Silvio Roberto Galiza, o adolescente teria flagrado Fernando e Joel fazendo sexo dentro da igreja e esse teria sido o motivo do assassinato. Galiza matou o adolescente e acusou os ex-bispos de participação no crime.

Lucas foi abusado sexualmente e queimado vivo. O corpo dele foi encontrado carbonizado em um terreno abandonado na Avenida Vasco da Gama. Galiza foi preso e condenado a 18 anos em regime fechado pelo estupro e assassinato do garoto, mas teve a pena reduzida para 15 anos de detenção em setembro de 2008.

Quase quatro anos depois, em julho de 2012, ele teve o pedido de progressão de regime semiaberto para aberto aceito pela Justiça, e passou a poder sair da prisão durante o dia.

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Em novembro de 2013, a juíza Gelzi Almeida havia inocentado os ex-bispos Fernando e Joel. Ela argumentou que não foram detectados indícios suficientes de autoria ou participação dos dois ex-pastores no crime e as provas acusavam apenas o ex-pastor Silvo Galiza. A família de Lucas recorreu e, em setembro de 2015, o Recurso de Apelação foi julgado pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).

Os desembargadores decidiram, por unanimidade, que os dois religiosos fossem a juri popular. Foi então a vez de a defesa dos ex-bispos recorrer. Em abril deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido feito pela defesa dos ex-bispos e confirmou a decisão dos desembargadores, para que os dois fossem levados a júri popular. O STJ também determinou que o caso voltasse para a primeira instância, no caso, o TJ-BA.