Justiça quebra sigilo de Carlos Bolsonaro em investigação sobre 'rachadinha'

Filho do presidente Jair Bolsonaro é investigado em esquema semelhante ao do irmão Flávio; defesa diz que vereador está à disposição para prestar esclarecimentos

Publicado em 31 de agosto de 2021 às 20:38

- Atualizado há um ano

. Crédito: AFP

A Justiça do Rio de Janeiro autorizou a quebra do sigilo bancário e fiscal do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. A decisão faz parte da investigação de desvio de recursos públicos do gabinete na Câmara Municipal do Rio. O pedido do Ministério Público, foi revelado pela Globonews, e além de Carlos, mirou outras 26 pessoas, incluindo a ex-mulher do presidente, a advogada Ana Cristina Siqueira Valle. A suspeita contra Carlos é de "rachadinha", esquema semelhante ao atribuído ao irmão, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). A defesa do vereador afirmou, através de nota, que ele "permanece à disposição para prestar qualquer tipo de esclarecimento". A investigação foi aberta após a notícia de que funcionários lotados no gabinete de Carlos aparentemente não prestavam serviço para o vereador. Dois destes casos foram revelados pelo jornal Folha de S.Paulo, em 2019. Em um dos casos, Nadir Barbosa Goes, 70, negou que tenha trabalhado para o vereador, mas ela recebia, como oficial de gabinete, uma remuneração de R$ 4.271 mensais. Ela é irmã do militar Edir Barbosa Goes, 71, assessor atual de Carlos Bolsonaro. Na ocasião, a esposa dele, Neula de Carvalho Goes, 66, também foi exonerada pelo vereador. Outra funcionária suspeita de ser fantasma é Cileide Barbosa Mendes, que era uma espécie de faz-tudo da família Bolsonaro. Ela esteve lotada no gabinete de Carlos. A mulher ainda apareceu como responsável pela abertura de três empresas nas quais utilizou como endereço o escritório do hoje presidente Jair Bolsonaro. No entanto, ela era apenas laranja de um tenente-coronel do Exército —ex-marido da segunda mulher de Bolsonaro— que não podia mantê-la registrada no nome dele como militar da ativa. No começo de 2019, assim que o pai assumiu o Palácio do Planalto, Carlos exonerou nove funcionários. Cileide foi um deles, demitida após 18 anos — mais recentemente com remuneração de R$ 7.483.