Leitores relembram festas juninas do tempo com aglomeração

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  • Roberto Midlej

Publicado em 24 de junho de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Nada de sair de casa neste São João, hein? O certo mesmo é reunir só quem mora junto, botar um forrozinho pra tocar, preparar a mesa cheia de delícias e tomar um licor. Mas tudo isso no sossego de seu lar, sem aglomeração.

Por enquanto, até que essa pandemia acabe de vez, aquele velho São João com aglomeração está só nas lembranças. Tirar do baú aquelas recordações das festas de sua infância, dos rojões que você soltava na fazenda de seu avô ou daquele concurso de quadrilha que você ganhou. Patricia Mello, nos anos 1980, com a roupa da quadrilha Circo do Beijo Doce E, para estimular os leitores a resgatarem essas lembranças, o CORREIO pediu que enviassem para as redes sociais do jornal fotos marcantes de suas festas juninas. E não faltou colaboração! Uma das mais animadas - e saudosas - foi Patricia Mello, administradora e jornalista de 56 anos, que se lembrou da sua quadrilha, a  Circo do Beijo Doce, dos tempos em que ela morava no bairro do Uruguai, nos anos 1980. 

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"Essa campanha do CORREIO acendeu um fogo em meu coração e lembrei de muita coisa. Minha quadrilha tinha muita produção, com direito a estilista, coreógrafo e cenógrafo. Na foto que mandei, a quadrilha homenageava o faroeste. A Circo do Beijo Doce era muito diferente das concorrentes e tinha irreverência", diz Patricia.  Ediane Maiara com a filha, Thaise Mirella, em 2017 A "quadrilheira" diz que na época, na hora da paquera, na quadrilha, os pares trocavam um selinho, o que, nos anos 80, era motivo de gritaria na plateia. "Era uma ousadia e tanto dar um 'pitoque'", diverte-se ao lembrar, mas sem esconder o choro.

Ediane Maiara, 34 anos, caixa, ia quando criança para Itiúba, perto de Senhor do Bonfim, onde ficava na casa dos tios e fazia a festa com os primos. Até os 16, participava da quadrilha de sua rua, no bairro de Massaranduba. 

"É uma rua comprida, ficava cheia de barracas de palha. São João é a melhor festa do  mundo, muito melhor que Carnaval. A música, a comida... Mas neste ano, nada de aglomeração, porque estammos preocupados com a covid, perdemos vizinhos e conhecidos, um marido de minha prima...", lamenta Ediane. Os irmãos Peterson, Liz, Patrick e Jim há 28 anos A analista de RH Liz Mailing resgatou os tempos de escola, quando tinha sete anos e se produzia para a festa, com os três irmãos. "E a gente viajava muito para Sapeaçu, pra ficar com os tios e primos. Mas já faz um tempo que passo em Pojuca, onde vive a família de meu noivo. Aqui [em Pojuca], sempre tem bandinha, decoração... mas, neste ano, nem uma bandeirola na rua, por causa da pandemia". Mas neste ano ficou em Pojuca, com o noivo, a sogra, o cunhado e a filha do noivo.

Murilo Freitas, 45, gerente comercial, é de Serrinha e gosta mesmo de um São João típico, com  forró pé-de-serra e a família reunida em torno da fogueira. "Ia muito também para Feira de Santana. Sempre gostei de São João porque é uma festa nossa, regional, própria da gente. O Carnaval ficou descaracterizado, diversificado demais" Murilo Freitas e a esposa Livia Tortorelli em 2019 E continua nesta quinta-feira, a partir das 18h30, o Arraiá Digitá nas redes sociais do CORRREIO, com uma lista maior de artistas. Fulô De Mandacaru, Léo Estakazero, Cicinho e Juli De Assis, Targino Gondim, Bete Nascimento, além de Adelmário, são o que o leitor pode esperar da noite junina.

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O São João no Correio conta com o apoio da Perini,  Mahalo, E Stúdio, ITS Brasil, Hotel Vila  da Praia e Blueartes.

Professor defende realização de festas virtuais

O professor de geografia cultural da Uneb Jânio Roque de Castro pesquisa a história do São João e é autor do livro Da Casa à Praça Pública. O título mostra que as festas juninas tiveram origem nas casas das pessoas e acabaram se direcionando para a rua, onde acontecem as festas que Jânio chama de "espetacularizadas".

Para o especialista, agora, por causa da pandemia, a festa segue o caminho inverso e sai da praça pública para retornar às casas. Jânio defende que há cinco dimensões espaciais para as festas juninas: a casa, onde começou; a rua e as praças, onde acontecem as festas públicas; as arenas privadas, onde ocorrem os festejos pagos e os grandes deslocamentos regionais, que são as viagens que as pessoas fazem para celebrar o São João.

"Mas, desses cinco itens, restou apenas a casa, neste período de pandemia. E as pessoas têm comemorado virtualmente, assistindo a lives e se comunicando com amigos e parentes", afirma o professor. Mas Jânio ressalta também que não é só digitalmente que a festa acontece:"As pessoas têm enfeitado suas casa, penduram bandeirolas, acendem uma fogueira... a cenarização da festa continua ocorrendo".Jânio defende que a comemoração deve continuar acontecendo, ainda que virtualmente, pois a inexistência da festa física impacta emocionalmente, de forma especial, os nordestinos, que celebram o São João mais intensamente. Para ele, a festa virtual diminui esse impacto. "É preciso manter a chama da tradição acesa, porque isso nos fortalece nesse momento difícil para a humanidade. As pessoas estão com medo dos efeitos da pandemia"