Líder de quadrilha, mulher cadeirante fingia fragilidade para assaltar motoristas de app

Bando envolvido em morte de motorista, em dezembro, atuava em Salvador, RMS e Feira

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  • Bruno Wendel

Publicado em 5 de maio de 2021 às 18:33

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação / Polícia Civil

A polícia descobriu que uma mulher cadeirante comandava uma quadrilha que vinha assaltando motoristas de aplicativos em Salvador e Região Metropolitana, além de Feira de Santana. Ela se aproveitava da limitação física para despistar as vítimas, que não desconfiavam que se tratava de uma criminosa.

De acordo com o delegado Joelson Reis, titular da 23ª Delegacia (Lauro de Freitas), algumas vítimas da quadrilha relataram que partia da mulher as ordens do grupo, inclusive as ameaças de morte. 

“Ouvimos motoristas de Simões Filho, Vida Nova, Itinga, Cidade Baixa e eles relataram que todos faziam tudo o que a cadeirante determinava. Ela dizia: ‘Tome aquele carro’, ‘Pegue aquela moto’. Era ela quem fazia as ameaças, o terror psicológico nas vítimas”, explicou.

A quadrilha, composta pela cadeirante, o companheiro dela e um outro casal, é responsável pelo latrocínio que teve como vítima o motorista de aplicativo Rafael Barbosa de Souza, 33, baleado no dia 29 de dezembro do ano passado. 

A polícia prendeu o autor do tiro que matou Rafael em março. Trata-se de um dos integrantes apelidado de Maluco. Ele já tinha sido preso pela Delegacia de Repressão a Roubo de Veículos (DRFRV) anteriormente.

Já a líder do grupo criminoso ainda não foi presa, nem ouvida pela polícia. A mulher está internada numa unidade médica após ter sido infectada pelo coronavírus. “O estado de saúde dela é grave. Precisamos aguardar a melhora dela para ouví-la, inclusive saber o que a levou a ficar paraplégica, pois ela já esteve presa por roubo e, na ocasião, não era cadeirante”, disse o delegado.

O companheiro da cadeirante e outra mulher estão foragidos. Todos tiveram as prisões decretadas pela morte do motorista de aplicativo.   Rafael Barbosa Souza foi morto com dois tiros durante corrida em Lauro de Freitas (Foto: Divulgação) Segundo o delegado, já chega a 10 o número de carros e motos roubados pela quadrilha. “Mas acreditamos que o número de vítimas é muito maior”, disse. O responsável pela investigação relatou ainda como a quadrilha agia. “Eles pediam a corrida e, quando o motorista chegava perto, via um homem carregando nas costas uma cadeirante, ao lado de um casal. A vítima, compadecida com a situação da cadeirante, aceita levar todo mundo. Quando chegavam num local deserto e escuro, anunciavam o assalto”, contou o delegado. 

Dinâmica  Na manhã desta quarta (5), no auditório do prédio-sede da Polícia Civil, na Piedade, o delegado Joelson Reis apresentou a dinâmica do assalto que resultou morte de Rafael. O passo a passo foi dado pelo integrante do grupo preso, o Maluco. No dia 29 de dezembro do ano passado, Rafael aceitou a corrida às 20:13. Ele fez embarque dos quatro passageiros às 20:30, em frente à Escola Municipal de Vida Nova com o destino ao centro de Lauro de Freitas.  O delegado Joel Reis falou sobre a dinâmica do latrocínio em Lauro (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Durante o percurso, segundo o autor do disparo, Rafael teria cortado caminho, entrando na 1ª Travessa Edvaldo da Silva Bispo, para sair direto no centro de Lauro. Nessa hora, os bandidos perceberam que a rua estava deserta e escura, e anunciaram o assalto. “Rafael se assustou e acabou acelerando, o que levou o preso a efetuar o disparo”, disse o delegado.  Imagens de câmeras da região mostraram a quadrilha caminhando nas proximidades do crime às 20:55. Após a morte de Rafael, os bandidos fugiram num Fiat Strada tomado de assalto ainda no centro de Lauro.