Linguagem inclusiva é estratégia para garantir diversidade em empresas

Uso de linguagem neutra e inclusiva se mostra fundamental para políticas de diversidade dentro das organizações

  • Foto do(a) author(a) Carmen Vasconcelos
  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 4 de outubro de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Shutterstock/reprodução

Você já deve ter lido ou ouvido expressões como todes, amigues...Longe de ser um modismo, esse tipo de linguagem inclusiva e neutra são tendências mundiais e começam a ser usadas nos ambientes corporativos brasileiros, especialmente quando as organizações começam a difundir e implantar políticas de inclusão e diversidade. 

Essas formas de expressão buscam abranger todas as pessoas com palavras e variações  existentes no idioma e também, no caso da linguagem neutra, altera pronomes e outras terminologias buscando novas palavras para  contemplar as pessoas, independente do gênero que se identifique.

Vale dizer que o uso da linguagem adequada também tem colaborado para fortalecer marcas (employer branding), afinal, organizações que respeitam colaboradores e clientes, atraem percepções mais positivas.

DEI

Idealizadora do projeto "Chama pra Dançar - Diversidade e Inclusão", a especialista em Recursos Humanos, Margot Azevedo destaca que as DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) são pautas estratégicas dentro da organização e que é necessário construir uma estratégia alinhada com as possibilidades e perfil da organização.  Margot Azevedo reforça a necessidade de que as questões que envolvem as DEI seja encaradas de modo sério e estratégico dentro das organizações (Foto: Divulgação) “Essa estratégia deve começar com ações de sensibilização e informação de qualidade para os funcionários. Nesta fase já é muito importante envolver as lideranças e averiguar se os líderes da organização estão prontos para promover a diversidade, a equidade e a Inclusão ou se precisam de capacitação e treinamento, lembrando que toda transformação organizacional começa por ai”, explica. 

O professor de Gestão em Recurso Humanos, da Unijorge Tadeu Ferreet diz que o tema não pode ficar só nas discussões. ‘É urgente, relevante e não deve ficar limitado a campanhas em datas específicas. As empresas precisam colocar em prática ações concretas para ajudar na mudança, ou melhor, na transformação dessa realidade atual, que alimenta a vulnerabilidade e a violência”, defende.

Compreensão abrangente

Ferreet salienta que a linguagem é universal e deve chegar de forma compreensiva para todos. “A própria língua portuguesa reconhece o “todes”, uma linguagem neutra, como uma forma de inclusão e representatividade dos não binários. Trabalhar todos os dias a comunicação natural garante a integração, o respeito e a inclusão”, esclarece. 

Margot destaca que, à partir daí, é necessário planejar as ações, formar comitês e/ou grupos de afinidade e construir um plano com ações de defesa e promoção da diversidade na empresa. “Por fim, elabore e implante práticas e políticas que dêem sustentabilidade à continuidade dessa jornada”, orienta. Tadeu Ferreet destaca que as políticas de inclusão e diversidade precisam começar durante a seleção e envolver todos os setores (Foto: Divulgação) Tadeu Ferreet reforça que a cultura organizacional antiquada e opressiva não cabe mais em nenhum ambiente, mas reconhece que existem muitos desafios para a inclusão LGBTQIAP+ nas empresas. “É preciso repensar principalmente o processo seletivo, os descritivos de cargos e de atividades. As empresas devem valorizar as competências e não o gênero e a orientação sexual . Quando uma organização percebe a importância da inclusão, ela passa valorizar e respeitar as diferenças entre os integrantes”, completa. 

O professor diz que a discriminação nas organizações, muitas vezes, acontece de maneira implícita, com associações e comparações automáticas de julgamentos e atitudes preconceituosas. “Esses tipos de comportamento impactam desde o processo seletivo até a integração do time. Quanto mais transparente o recrutamento , a seleção e a integração, melhor será o resultado”, sugere. 

Para incluir: 

A) Olhar para a questão da linguagem neutra e inclusiva com seriedade; 

B) Trabalhe com ações de atração e retenção do público específico;

C) Dê foco no desenvolvimento do time nas questões de identidade de gênero, orientação sexual e comunicação não violenta e inclusiva; 

D) Valorize as diferenças;

E) Invista na criação de comitês de ética e comportamento e canais de denúncia específicas para discriminação, com punição e os resultados construídos e alcançados ao longo do tempo;

F) É muito importante que a empresa evite definitivamente expressões racistas ou capacitistas: denegrir, judiar, mal-amada, deficientes, entre outras.