Lives bombam na quarentena e até quem não quer entra na onda

Veja dicas para não cometer gafes ao vivo

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  • Laura Fernades

Publicado em 2 de maio de 2020 às 10:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Reprodução Instagram e Facebook

O meme “estou com medo de abrir a geladeira e ter uma live dentro” nunca fez tanto sentido, afinal as famosas transmissões ao vivo se multiplicam com tanta velocidade que até quem não quer acaba entrando na onda. Foi o que aconteceu com a ex-presidente Dilma Rousseff esta semana: sem perceber, ligou a câmera para 850 mil seguidores do Instagram, fez “a live do século” segundo eles e deu até bronca ao vivo.

A “Paulinha” citada no vídeo – possivelmente Paula, filha da ex-presidente – levou um puxão de orelha carinhoso porque não estava conseguindo ajudar Dilma a fazer uma chamada com o ministro da Educação da Argentina, Nicolás Trotta. “Gente, eu ri da live acidental da Dilma no Instagram, mas eu tenho medo real de estar no banheiro e clicar no treco errado e entrar ao vivo”, brincou uma internauta.

Acontece que esse tipo de “gafe” é mais comum do que se imagina, principalmente por parte de quem não domina a tecnologia como pessoas que fazem parte da chamada terceira idade. Não por acaso, filtros de gatinho e de atleta apareceram no perfil do padre mineiro Luiz Cesar Moraes, durante a transmissão de uma bênção em sua página no Facebook, no mês passado.

Para diversão da internet, o padre não sabia que os filtros pra lá de inusitados estavam aparecendo enquanto ele fazia a prece. Mas a confusão foi esclarecida logo depois, quando Luiz Cesar explicou que usou a câmera traseira e não viu os efeitos serem acionados sem querer. A intenção, segundo ele, “foi mesmo de oração”, só que “Deus quer também um pouco de alegria”, brincou.

No banheiro Ida ao banheiro no meio da reunião de trabalho – com todo mundo vendo – e crianças abrindo a porta do quarto bem na hora da transmissão foram outras cenas que circularam pela internet nos últimos dias. Mas como evitar essas e outras armadilhas, já que as lives e videochamadas são aliadas na hora de diminuir as distâncias do isolamento social?

“Acho que ter um conhecimento prévio da ferramenta, das funcionalidades, minimiza muito a questão dos erros, das gafes”, defende o mestre em computação aplicada Fabrício Oliveira, coordenador do curso de sistema de informação e gestor do programa de inovação da Rede UniFTC.

O caso do padre, para Fabrício, é um exemplo claro de quem não conhece a ferramenta e agora sente a necessidade de usar, já que aglomerações não são permitidas durante a pandemia da covid-19. “Mas a gente tem que entender que nas lives é como se as pessoas estivessem pertinho da gente. As pessoas da terceira idade, principalmente, precisam entender isso”, acrescenta.

Por achar que está conversando com alguém distante, muita gente se sente à vontade para fazer outras coisas como ir ao banheiro no meio da transmissão. Bem-humorado, Fabrício conta que viveu algo parecido, durante uma reunião de trabalho, mas conseguiu evitar um constrangimento maior. “A colega saiu andando com o notebook e quando percebi, perguntei: ‘Você está fazendo o quê no banheiro?’”, gargalha.

Jogo de cintura Algumas situações são mais fáceis de contornar e nada que uma dose de humor e jogo de cintura não resolva. Outras, mais difíceis, mas existem dicas que podem auxiliar no processo. Uma delas, aponta Fabrício, é conhecer com antecedência a ferramenta a ser usada.

Por isso, a dona de casa Maria das Graças Lourenço, 60, não pensou duas vezes antes de fazer uma live para o grupo da igreja: pediu ajuda a quem sabia e orientou os mais velhos. Só de idosos, são quase 130.  “Eu morria de medo da tecnologia, me dava pavor, não sei se por causa da idade”, ri Gal, como é conhecida.

“Tinha gente que não conseguia ligar a câmera, outros não conseguiam ligar o microfone. Mas não é um bicho de sete cabeças e as pessoas se sentiram agradecidas, dizendo que a gente se importou com elas”, completa.

Sem domínio da parte técnica, o bancário aposentado Lourival Cunha, 78, disse que recebeu as orientações “direitinho” e não foi difícil, não. Tirou a live de letra e só ligou o microfone quando foi solicitado.

“Há a necessidade de incentivo. Até os parentes mais novos, filhos, netos, devem se sensibilizar e motivar seus idosos que não tiveram uma iniciação. É muito bom para eles, vão descobrir novidades”, defende Lourival. “Não é um bicho de sete cabeças, não. O básico a gente aprende e acho muito boa essa inclusão. É preciso motivar o camarada”, sorri.

Dicas para não cometer gafes ao vivoConheça o aplicativo antes. Se não sabe fazer uma live, peça a alguém para te auxiliar. Além da transmissão aberta ao público, alguns aplicativos permitem fazer a live de forma privada para uma pessoa só. Peça a ela para te ajudar. Teste sua câmera antes para evitar expor alguma intimidade sua, como uma fotografia, o banheiro ao fundo ou um ambiente onde as pessoas de sua família estão circulando. Cuidado com a postura e com o linguajar. Evite usar palavras que não condizem com a ocasião. Evite fazer coisas que você faria se não estivesse sozinho, como limpar o nariz, o ouvido, falar mal de alguém ou se alimentar na frente da câmera. Se precisar ir ao banheiro ou à cozinha, não leve o dispositivo com você. Peça licença e desligue a câmera e o microfone, porque é nessa hora que seu filho aparece, ou seu (sua) companheiro (a) entra no quarto e não vê a transmissão ao vivo. Trabalhe o psicológico ao criar uma rotina: entenda que vai estar à frente de uma câmera, então escolha uma boa roupa e se arrume como se fosse para um encontro presencial. Os pés descalços dão falsa sensação de liberdade e podem aparecer a qualquer momento. O mesmo vale para a bermuda do pijama. Caso faça uma videoconferência, sempre inicie a transmissão com imagem e áudio desligados, para ter tempo de se organizar. Se o aplicativo já entrar com os dispositivos acionados, você tem a opção de desativar. Mas lembre-se: quando isso acontece, é comum o aplicativo usar a foto do seu perfil, então troque a imagem para algo profis- sional. Evite aquela da praia, com biquíni ou sunga. Vai fazer uma live ou uma videochamada? Negocie sua privacidade com as pessoas de casa e explique a situação para não haver inter- rupção. Além disso, use fones de ouvido para garantir que não vai aparecer nenhum barulho externo durante a transmissão. Principalmente Se tiver crianças em casa, ou cachorro. mantenha o microfone desativado para evitar qualquer interferência. Só use se for interagir com a transmissão.