'Lockdown' parcial deixa ruas de Salvador vazias neste domingo

Atividades não essenciais estavam impedidas de funcionar neste final de semana com o objetivo de conter os casos de coronavírus em Salvador e na Bahia

Publicado em 28 de fevereiro de 2021 às 21:06

. Crédito: Foto: Nara Gentil/CORREIO

Em um domingo normal, as ruas de Salvador estariam cheias. Entretanto, o lockdown parcial em vigor na Bahia muda esse cenário trazendo calmaria para esse dia. Apesar da circulação de pessoas só estar restrita entre 20h e às 5h, poucos soteropolitanos andaram pela cidade durante este domingo.

Na orla, alguns soteropolitanos aproveitaram o dia para caminhar no calçadão, mas nada de entrar nas praias, onde o acesso está proibido. A reportagem flagrou a Guarda Civil Municipal retirando um grupo de pessoas da faixa de areia atrás do antigo aeroclube.

As ruas principais do bairro de Brotas também registraram pouco movimento, só começando a ficar mais ocupadas no Engenho Velho de Brotas. Algumas infrações também foram avistadas no Dois de Julho, onde bares estavam abertos e idosos jogavam dominó.

Uma das avenidas mais movimentadas da cidade, a Centenário também estava tranquila, sendo majoritariamente ocupada pelos carros que esperavam na fila de vacinação contra o coronavírus do 5º Centro de Saúde Clementino Fraga. Algumas poucas pessoas também caminhavam e pedalavam pelo canteiro central da via no momento em que a reportagem esteve no local.

O Dique do Tororó, que é bastante procurado por quem gosta de caminhar, não registrou aglomerações. Por lá, apenas algumas crianças brincavam em um parquinho infantil e poucas pessoas caminhavam ao redor do cartão postal de Salvador. Dique do Tororó estava pouco movimentado neste domingo (Foto: Nara Gentil/CORREIO) A reportagem ainda avistou um grupo de pessoas em uma lancha no Porto da Barra, onde o movimento de pedestres era baixo. A região da Avenida Sete e do Campo Grande também estava pouco movimentada neste domingo de restrições mais duras. A mesma tranquilidade foi registrada pelas ruas do Rio Vermelho e de Pau da Lima.

Apesar de ser permitido circular pela cidade durante parte do dia, o baixo fluxo de pessoas nas ruas da capital é reflexo do fechamento dos serviços e comércios não essenciais a partir das 17h da última sexta-feira (26). 

Quem estava esperando o final de semana para fazer alguma atividade, teve que deixar o compromisso para depois. O funcionário de telemarketing, Daniel Caldas, 21 anos, teve os planos para cortar o cabelo frustrados. 

“A barbearia não é essencial, então, não tá abrindo. Por isso, brinco que esse lockdown está afetando minha autoestima. Agora, acho que só posso cortar o cabelo semana que vem”, lamenta o jovem.

A rotina de trabalho de Daniel também foi alterada devido ao lockdown. Antes, ele trabalhava das 23h às 6h da manhã, mas, agora, entra no serviço às 13h para voltar para casa às 21h30.

“Como parou de ter ônibus no meu horário antigo, entro mais cedo para só ter que voltar para casa de van. Com essa mudança fico sem tempo durante o dia”, comentou Daniel.

O jovem é a favor do toque de recolher e do lockdown, mas pede que mais ônibus sejam disponibilizados porque o transporte público tem ficado lotado. Só no sábado, ele conseguiu perceber uma redução do números de pessoas no coletivo.

“O Doron, onde eu moro, está muito diferente. Aqui existem muitos bares e eles estão completamente fechados. Eu nem reconheço o bairro nesse final de semana, o que é bom porque significa que o pessoal está em casa”, relatou Daniel.

Delivery Neste domingo, muitos motoboys que trabalham com a entrega de alimentos circulavam pela cidade. Em um momento do dia, pelo menos, 18 motos estavam paradas em frente ao Shopping Barra esperando para realizar uma entrega. Com os bares e restaurantes fechados desde às 18h de sexta-feira (26), o delivery é uma opção para quem está em casa. O serviço pode funcionar até às 0h, mas bebidas alcoólicas não podem ser vendidas durante o lockdown parcial.

O sócio-proprietário do Hey, Crush!, que trabalha com Churros Gourmet, Vinícius Fernandes, 21, percebeu um aumento da demanda pela entrega dos alimentos neste final de semana. Na comparação com outros sábados e domingos, o número de pedidos cresceu entre 25% e 30%. Mesmo assim, os lucros não supriram as perdas causadas pela impossibilidade de usar o espaço físico, na Pituba.

“A gente vinha em uma demanda estável, mas tivemos uma queda de pedidos porque as pessoas estão tendo condições de gastar com nossos produtos que não são essenciais. Com o começo do toque de recolher, investimos mais em marketing e promoções, com isso, percebemos um aumento. Então, não é possível saber o que é resultado das pessoas estarem ficando mais em casa”, comentou o empresário. Muitas motos se acumulavam nas proximidades do Shopping Barra esperando para fazer entregas de delivery (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Outros estabelecimentos não tiveram os mesmos resultados positivos. No restaurante mexicano Cien Fuegos, houve uma queda nos pedidos de delivery neste final de semana de lockdown, segundo o proprietário do local, André Garin.

“No nosso caso, o delivery nunca foi uma prioridade, mas, agora, como era a única fonte de vendas, achamos que a procura por esse serviço ia aumentar, mas ela reduziu. Com isso, se a gente for pensar em faturamento, a queda chega a 90%. Estamos absurdamente preocupados”, afirmou André. De acordo com o dono do restaurante, as perdas se repetem em outros estabelecimentos.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lobo