Loucos por Gincana: conheça quem já sujou o carro de sorvete e até beijou uma galinha

CORREIO realizará a Gincanex, em comemoração aos 40 anos do jornal

Emprestar seu carro, de bom grado, para que ele seja sujo com os mais variados materiais - incluindo sorvete, lasanha, leite e comida de passarinho -, tirar fotos em mais de 15 quartos de motel diferentes em algumas horas e até beijar a boca - ou melhor, o bico - de uma galinha. Você faria alguma dessas coisas? Pode parecer insano, mas tem gente que sim.

Todas essas atividades que podem soar estranhas para a maioria das pessoas, na verdade, fazem parte dos melhores momentos da vida da empresária Ticiana Amorim, 29 anos, que também é gincanista de carteirinha desde os 11 anos.

Há 18 anos participando das tarefas, atingindo a “maioridade gincanesca”, Ticiana já esteve em mais de 70 gincanas, contando as que organizou ou só meteu o pé na jaca, como brinca. Uma das cenas que elege como uma das mais divertidas, foi quando ela fez uma releitura do filme “A Princesa e o Sapo”, da Disney. Como não tinha um sapo à disposição, ela apelou para uma galinha.

Ela conta que, durante sua trajetória, já viu gente mais empolgada ainda, fazendo coisa muito pior.“O pessoal raspa o cabelo, pinta as sobrancelhas de amarelo, passa ketchup no corpo inteiro e sai rolando pelas dunas do Stiep. Quem está de fora e vê essas cenas, acha uma loucura, mas para a gente, que está participando, é a coisa mais divertida do mundo”, brinca a empresária.Agora, Ticiana está prestes a colocar mais uma gincana em seu currículo. Isso porque a empresária já está devidamente inscrita para a Gincanex, projeto realizado pelo CORREIO em parceria com o grupo Gang Entretenimento, que faz parte do calendário de comemorações dos 40 anos do jornal. As inscrições foram encerradas na última terça-feira (27) e o sorteio das equipes ocorrerá nesta sexta (30), às 19h30, no Loteamento Aquarius. Ticiana já venceu uma edição da Gincanex (Foto: Acervo Pessoal) Apesar das tarefas loucas e divertidas, não é a parte das brincadeiras que fez Ticiana se apaixonar. Para ela, entre as coisas mais importantes estão as relações de amizade que construiu, o autoconhecimento e o respeito ao próximo. Segundo conta, o fato das gincanas serem muito abrangentes e inclusivas fazem com que todos possam participar e ajudar as equipes, de alguma forma, cada um com seus talentos e aptidões.

“Através das gincanas eu renovei a minha capacidade de acreditar nas pessoas e em suas habilidades. Eu sempre falo que estudei na 'escola gincana'. Ela me ensinou a lidar com o outro, lidar com o tempo, a pressão, a dar a volta por cima, ter frustração. Mas, o mais importante, é valorizar as pequenas vitórias. Apesar de ganhar ser muito legal, no final, o que importa mesmo são as histórias que você viveu na gincana. A gente acaba valorizando mais o caminho que o resultado final”, conta a empresária.

Esta visão sobre a gincana é compartilhada por profissionais. A psicóloga Niliane Brito ressalta o ambiente escolar como de suma importância para a formação da pessoa. Para ela, com atividades lúdicas, como as gincanas, as crianças podem desenvolver melhor sua própria identidade do que estando apenas numa sala de aula.“A gincana auxilia bastante na socialização. Às vezes, pessoas tímidas encontram amigos e acabam se soltando durante essas tarefas, que diminuem a individualidade de cada sujeito. Lá se aprende a trabalhar em grupos, onde todos precisam do outro. Daí, a pessoa internaliza que, para poder vencer, precisa de ajuda de outras pessoas”, defende a especialista.Foi justamente na escola que o médico Djário Costa, 30, mergulhou no mundo das gincanas. Assim como Ticiana, há 18 anos ele permanece fiel às tarefas e brincadeiras. E ele leva a sério. Tanto que já deixou de ir até ao aniversário do próprio pai e até dele mesmo para participar das provas. Segundo conta, os ensinamentos que adquiriu graças às gincanas são usados para a sua vida.

“A gincana acaba te preparando para lidar com as adversidades da vida. Você desenvolve o espírito de liderança, aprende a trabalhar em equipe, a questão do engajamento social, as habilidades artísticas, físicas e mentais que são exercitadas na gincana. Tudo isso vai lhe preparando a amadurecer, a lidar melhor com os problemas e dificuldades, a olhar o outro como mais próximo e respeitar as diferenças. E, na gincana, o que acontece de melhor são as amizades, pois os prêmios acabam sendo esquecidos e o que fica são os amigos”, conta.

Sem fronteiras Se um dos maiores clichês sobre o amor fala que ele supera as distâncias, ele está representado também por quem ama as gincanas. A prova viva disso é a social media Ana Carolina Passos, 21, que se mudou de Salvador para São Paulo há cerca de um ano e levou na bagagem esta paixão.

Mesmo a uns 2 mil quilômetros de distância da capital baiana, ela ainda participa à distância das tarefas quando precisam. “Ajudo meus amigos como posso. Um dia, num sábado, eu estava em casa e surgiu uma tarefa para alguém tirar foto em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Fui correndo de maiô e pijama até lá, com uma fila gigantesca atrás, e cumpri o objetivo”, comemora.

A sua tarefa bem sucedida acabou ajudando sua equipe a vencer a gincana. Na hora de comemorar o troféu, Ana não pensou duas vezes e embarcou de volta a Salvador para participar das celebrações. Ficou por aqui menos de 24 horas, apenas para a festa, e retornou para casa.“A gincana aproxima de uma forma imensurável, as ligações são fortes, existe um senso de comunidade e propósito entre as pessoas. Por mais que eu fale tudo isso, para muitas pessoas a gincana ainda pode parecer algo infantil, mas só quem vive esse sentimento sabe o que significa”, conta ela, que até namorado já conseguiu enquanto participava das tarefas. Ana segurando um cartaz com a frase dita por ela ao chegar na festa (Foto: Acervo Pessoal)  Gincanex Como parte das celebrações pelos seus 40 anos, o CORREIO, em parceria com a Gang Entretenimento, está realizando a Gincanex. O sorteio das equipes, que terão 40 componentes, acontece nesta sexta (30), às 19h30 no Loteamento Aquarius. Já as tarefas ocorrerão nos dias 28 e 29 de setembro, na Unijorge da Paralela.

Os participantes das gincanas são ex-alunos que já passaram pelos colégios em que a Gang Entretenimento organizou eventos entre os anos de 2018 e 2019. São eles: Marista, Antônio Vieira, Módulo, Portinari, Oficina, Anchieta, São Paulo, Isba, Gregor Mendel, Resgate, Marizia Maior, Apoio Vilas, Ômega, Impacto, Gurilândia e Escola Pan Americana da Bahia.“A participação em gincanas é algo nostálgico para quem já participou de gincanas na juventude. E esse é o objetivo da Gincanex, rememorar esses momentos de ex-alunos de colégios aqui de Salvador, que já participaram dessas provas. E, além da diversão e da alegria, eles concorrem a um prêmio de R$ 2 mil para a equipe vencedora”, detalha o chefe de reportagem do CORREIO, Jorge Gauthier.Provas As tarefas serão um prato cheio para os nostálgicos. Elas serão similares às que ocorrem nas tradicionais gincanas de colégio, só que ocorrerão em maior escala. Além disso, haverá maior liberdade por conta dos participantes serem maiores de idade. 

“Na caça ao tesouro, por exemplo, poderemos extrapolar os muros da escola, fazendo os participantes rodarem pela cidade. Tarefas como pedir para um chinês gravar um vídeo com uma mensagem também ficarão mais simples, pelo fato dos adultos conhecerem mais pessoas. Também terão provas com carros, etc", explica Márcio Gomez, organizador do Gincanex.

Ele alerta ainda que será totalmente proibido o consumo de bebidas alcoólicas durante a gincana. Sobre o funcionamento do evento, será um dia com atividades “indoor”, dentro dos muros da Unijorge, e outro “outdoor”, explorando toda a cidade.

Apesar dos participantes já terem concluído o Ensino Médio, algumas provas terão uma visão educacional, abordando temas históricos referentes à cidade de Salvador. “Nós estamos com uma expectativa muito grande para este projeto. Tem uma equipe de 20 pessoas focada nele há três, quatro meses”, conta Romero Ribeiro, responsável pela Gang Entretenimento.

Outro ponto positivo levantado pelos organizadores é a pluralidade de participantes. “Nos colégios, os alunos já se conhecem, além de terem um padrão socioeconômico similar. No Gincanex os competidores são de características diferentes, que frequentaram escolas diferentes. Com isso, a relação entre as pessoas será fundamental para a gincana”, explica Romero.

Também há uma preocupação social no projeto. Parte do dinheiro arrecadado com a Gincanex será doado para a instituição de caridade Creche Escola Tia Alda, na Fazenda Grande 2, em Cajazeiras.

O projeto Correio 40 Anos tem oferecimento do Bradesco, patrocínio do Hapvida e Sotero Ambiental, apoio institucional da Prefeitura de Salvador, e apoio de Vinci Airports, Senai, Salvador Shopping, Unijorge, Claro, Itaipava Arena Fonte Nova, Sebrae e Santa Casa da Bahia.