Lutando contra diabetes, ex-Vitória pede ajuda para mudar de vida

Aos 56 anos, Borges trabalha durante oito horas em bar nas madrugadas

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  • Giuliana Mancini

Publicado em 26 de dezembro de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fernando Amorim/Arquivo Correio

Passar oito horas seguidas, de 18h às 2h, em pé, todas as noites, trabalhando. Dividir-se ao longo desta jornada entre cozinhar, entregar comidas aos clientes (e, para isso, subir e descer escadas várias vezes) e limpar a cozinha. Tudo aos 56 anos e lutando contra a diabetes. Essa é a realidade atual de Borges, ex-goleiro do Vitória.

Um dos jogadores que serviram ao Leão por mais tempo - foram 14 anos -, o ex-atleta sofre com a rotina e quer mudar de vida. “Não consigo recuperar a minha saúde. Desde que descobri a diabetes, há 7 anos, já perdi 45kg. Muitos deles durante esse emprego. Com 1,88m, estou pesando 70,5kg. Tudo porque perco noites. Chego em casa do trabalho quebrado, morto, sem forças. Me consome muita energia, ando muito, é muito calor. Vou dormir, acordo 12h, almoço, volto a dormir e vou me arrumar para ir ao trabalho. Não consigo mais malhar, jogar bola...”, conta Borges. Atualmente, o ex-goleiro trabalha como cozinheiro à noite em um bar e tem perdido peso (Foto: Acervo pessoal) Em seus tempos de jogador, ele ficou no Vitória entre 1982 e 1996. Borges foi reserva no time de 1993, vice-campeão brasileiro e considerado um dos melhores da história do rubro-negro, e também ganhou o Campeonato Baiano cinco vezes e foi vice-campeão da Série B em 1992.

Depois, virou preparador de goleiros e ganhou mais um título pelo Leão: a Copa Nike sub-15 de 2001, com triunfo de 2x1 sobre o River Plate em partida realizada em Berlim, na Alemanha.

Além do time no qual defendeu durante 14 anos, Borges também defendeu Ypiranga, São Francisco do Conde, Bahia, Guarani de Divinópolis (de Minas Gerais) e Confiança (Sergipe) - este último, onde se aposentou dos gramados. Como preparador, fez carreira ainda no Esquadrão, Camaçari, Fluminense de Feira, Palmeiras Nordeste, Alecrim-RN e, por último, no PFC Cajazeiras, pelo qual disputou a segunda divisão do Campeonato Baiano de 2018.

Retorno ao Vitória? Voltar a ser preparador de goleiros é a maior vontade de Borges. “É a minha área. Aceito qualquer categoria: sub-15, sub-20, sub-23, qualquer uma”, afirma.

Para isso, revela que há um movimento, dentro do Vitória, na tentativa de ajudá-lo. “Amigos meus estão fazendo uma campanha pedindo um espaço para mim, falando bem de mim lá. Eu não sabia que era tão querido, que tinha tantas amizades. Agradeço muito o apoio”, comemora. Oficialmente, o clube não o procurou ainda.

Caso não aconteça o retorno como preparador de goleiros do Leão, não tem problema. Borges só tem um pedido: sair da rotina de emprego de madrugada.“Eu quero trabalhar. Sempre gostei de cozinhar e limpar, minha mãe me ensinou a fazer todas essas coisas de casa. Mas não dá para ficar nesse horário. Quero sair para outro lugar. Noite é para descansar”.