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Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2019 às 22:56
- Atualizado há 2 anos
Além da Santa Dulce dos Pobres, outra baiana pode ser canonizada e se tornar a segunda santa do Brasil. Nesta terça-feira (19), foi instalado o processo de beatificação da Madre Vitória da Encarnação pelo Arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger. Uma missa em homenagem à religiosa foi celebrada após o ato de abertura do procedimento.>
Ainda não há uma previsão de quando a madre deve ter dois milagres confirmados e passar pelos patamares de confirmação - a beatificação e a santificação - a fim de se tornar santa.>
O primeiro passo foi dado nesta terça. Na cerimônia ocorrida no Convento de Santa Clara do Desterro, em Nazaré, onde viveu a madre, foram confirmados o postulador da causa, frei capuchinho Jociel Gomes, os membros da comissão histórica e do Tribunal Eclesiástico. No começo do processo, os trabalhos ficam por conta desta equipe. (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) A primeira etapa deve durar até dois anos, aponta o postulador da causa. O processo mais demorado ocorre no Vaticano. “A documentação coletada pela Arquidiocese segue para o Vaticano, mas não tem como estipular um prazo. Creio eu que tudo vai correr bem e não vai demorar tanto” afirmou o frei.>
A madre morreu há mais de 300 anos, o que faz com que seja mais complicado conseguir informações sobre a vida e as obras da religiosa. Os envolvidos na causa terão de colher dados de fontes históricas e documentais, já que não existem pessoas vivas que conviveram com a freira.>
O início do procedimento é, inclusive, uma forma de se encontrar novas pessoas que foram agraciadas e miraculados. “Há muita graça, mas milagres exigidos pela beatificação ainda não se tem conhecimento. Pode haver, mas não se revela porque não sabe que se tem o processo. Por isso é importante a abertura do processo. Para publicar que está aberto para encaminhar provas”, afirmou Dom Murilo.>
O arcebispo de Salvador e primaz do Brasil afirma ainda que o processo é o mesmo pelo qual passou Irmã Dulce nos anos 90. Entretanto, a coleta de informações sobre a madre é mais difícil. “É um processo normalmente longo, ainda mais no caso de Madre Vitória, porque não se tem muitos elementos históricos. Entretanto, temos um documento importantíssimo que é a biografia dela, escrita por Dom Sebastião da Vide”, explicou o arcebispo.O postulador explicou também que os processos de santificação têm tido mais celeridade. Um exemplo é o tempo de resposta do Vaticano ao ser questionado por Dom Murilo Krieger quanto à existência de pedido de processo de canonização da madre baiana aberto junto à Congregação das Causas dos Santos.>
Segundo o frei Jociel Gomes, o papado respondeu ao questionamento do arcebispo em apenas três meses. O tempo médio é de seis meses a um ano, de acordo com o religioso.>
Perdido no tempo A fama das graças permitidas pela madre e a misticidade da religiosa perduraram pelos séculos. Até hoje, o convento recebe cartas de devotos do Brasil e do mundo. >
Para Dom Murilo Krieger, esta é uma prova da admiração da população pela madre soteropolitana. “A fama dela sempre perdurou. Isso é uma bom sinal. Não é moda e momento, é uma persistência na veneração, no respeito e na admiração”, afirmou.>
Entretanto, a história da madre foi pouco difundida se comparada com a de Irmã Dulce, por exemplo. Por esse motivo, os envolvidos no processo encontram dificuldade em identificar graças e milagres comprováveis - uma exigência do Vaticano no processo de canonização. (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Desde 2015, são celebradas missas para a madre no dia 19 de cada mês - a freira morreu nesta data, no mês de julho de 1715. As celebrações têm estado cada vez mais cheias, aponta o professor de ensino religioso e membro da comissão histórica do processo de beatificação da madre, Thiago Felipe.>
Caridade A madre viveu enclausurada dos 25 aos 54 anos no Convento de Santa Clara do Desterro. Apesar de não ter contato com o mundo exterior, a religiosa era conhecida por seu trabalho de caridade. O cuidado da madre com os necessitados teria inspirado, inclusive, Irmã Dulce.>
“Dona Iracy Lordelo, uma das grandes colaboradoras de Irmã Dulce, me disse ter um carinho muito especial por Madre Vitória assim como Irmã Dulce tinha”, afirmou Thiago Felipe.>
*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier>