Mais que competição, torneio de handebol leva solidariedade a instituições carentes

Ação também vai levar doações para algumas cidades afetadas pelas fortes chuvas no sul do estado

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  • Bruno Wendel

Publicado em 19 de dezembro de 2021 às 15:44

- Atualizado há um ano

. Crédito: Bruno Wendel/CORREIO

Depois de três anos parada por conta de uma lesão no joelho, a advogada e cantora Karla Regina, 26 anos, pisou em uma quadra de handebol pela primeira vez. "Já tinha esquecido como era arremessar a bola", disse ela ofegante. Ela e outros apaixonados pela modalidade impulsionaram também a solidariedade com a força das mãos no ginásio do Colégio São José, no  Bonfim, na manhã deste domingo (19). 

O local foi palco da 10° edição do Handebol Solidário. O evento beneficente acontece anualmente e reúne atletas, moradores da região e amantes do esporte para um momento de lazer e também para ajudar o próximo. Cada participante doou 1kg de alimento não perecível ou um kit com três itens de higiene pessoal ou limpeza. "Parei porque lesionei meu joelho jogando bola e voltei hoje, o gosto é ainda mais saboroso porque estamos reunidos também por uma causa nobre", contou ela, antes de retornar à quadra.   A advogada e cantora Karla Regina voltou a jogar neste domingo depois de três anos parada (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Este ano, as doações serão encaminhadas ao Núcleo de Apoio ao Combate do Câncer Infantil (Nacci), Hospital Irmã Dulce, Lar Boa Flor e o Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (CEDAP, antigo CREAIDS). Além dessas instituições, parte das doações vai para as cidades de Teixeira de Freitas e Prado, atingidas pelas fortes chuvas no estado.  Parte dos alimentos e materiais de limpeza arrecadados no Handebol Solidário (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Partidas  Para participar das partidas, a organização do evento contou com mais de 170 inscritos. São atletas, alunos, ex-alunos, estudantes de outras escolas de Salvador, Feira de Santana, Simões Filho, Rio Real, Santo Amaro, Madre de Deus e Amélia Rodrigues. Os times eram mistos. Ou seja, em uma partida, as equipes tinham homens e mulheres, adultos e crianças, profissionais e amadores competindo entre sim. Os jogos iniciaram às 8h e foram até às 15h. À medida que iam chegando ao ginásio, as pessoas apresentavam o cartão de vacinação com o registro da vacina da covid-19, além do uso do álcool em gel.   Os inscritos tiveram que apresentar o cartão de vacinação para ter acesso ao ginásio (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Todos os presentes usavam máscaras, inclusive os jogadores, entre eles Camila Inês Gondim Paranhos, 13. "Sempre fui muito esportista. Jogo futebol, futsal, mas sou apaixonada pelo handebol. Pratico há quatro anos", afirmou ao lado do avô, o aposentado Luiz Rubem Gondim, 72. "Já a acompanho há bastante tempo e ela joga muito bem", declarou ele, todo orgulhoso.  O aposentado Luiz Rubem foi prestigiar uma das jogadoras, Camila Inês, 13, sua neta (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Professor de Educação Física da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), Ângelo Amorim, 39, falou da importância de unir o esporte e a solidariedade. "Isso é fantástico. Reunir pessoas de idades e locais diferentes, além de rever pessoas queridas de anos para coletar alimentos e materiais de higiene para ajudar quem mais precisa. É um ato lindo", avaliou. 

Jogador de handebol há 27 anos, o publicitário José Marcelo Rios, 41, descansava na arquibancada. Ele tinha acabado de jogar. "Já atravessei momentos difíceis em minha vida e a quadra, para mim, vem sendo uma forma de planificar minha vida, de trabalhar questões complicadas ao mesmo tempo que me disciplina", revelou ele, enquanto aguardava para voltar a jogar.  O publicitário José Marcelo disse que o handebol o ajudou a superar desafios (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Rios foi aluno da professora de educação física e técnica do time de handebol do Colégio São José, Marta Regina Calda de Mata Souza, 65, uma das responsáveis pela organização do evento. "Boa parte de quem está aqui passou por mim e isso me deixa muito orgulhosa", declarou ela, em meio aos mais de 100 troféus do colégio conquistados em campeonatos municipais, estaduais e nacionais. "Desde 1985, não havia um título nacional para a Bahia e em 2007 quebramos esse jejum", emendou segurando dois troféus, entre eles o terceiro lugar do time masculino dos Jogos Estudantis Brasileiro (JEB's), conquistado nas Olimpíadas Escolares de 2007. Na mão esquerda, Marta Souza segurou o troféu que considera o mais importante, conquistado em 2007 (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Início O Handebol Solidário surgiu há 10 anos, através da iniciativa do também professor de educação física do colégio, Cassio Lima, 39, junto com dois alunos da época. "A ideia era fazer a diferença com o que a gente mais gosta: o handebol. Então, nos juntamos e, nas primeiras edições, contemplamos quatro instituições. Com o passar dos anos, percebemos que não poderíamos parar e que também precisávamos ampliar as doações", explicou Lima.  "Teve um ano que a gente recolheu tanta roupa, que sobrou. Então, entregamos para a paróquia daqui, que fez um bazar solidário", contou o publicitário Diego Caldas, 29, ex-aluno e um dos  fundadores da campanha. 

Além de alimentos e materiais de limpeza, a campanha contou ainda com a ajuda de alguns empresários. "Temos recebido apoio de empresas que estão contribuindo com dinheiro para comprar mais produtos e fazer o transporte das doações para as cidades castigadas pelas fortes chuvas no Sul do estado", contou o engenheiro civil Vítor Silva, 29, também ex-aluno e fundador da campanha. Diego (esquerda), Cassio (centro) e Vítor (direita) participam da campanha desde a primeira edição (Foto: Bruno Wendel/CORREIO)