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Da Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2019 às 10:43
- Atualizado há 2 anos
O governo de São Paulo transfere na manhã desta quarta-feira (13), o principal líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como "Marcola", e outros 21 membros da cúpula da facção criminosa para presídios federais. A operação teve início na madrugada.>
Desde novembro, já havia previsão de transferência dos membros do PCC para unidades federais, após a descoberta de um plano de resgate de Marcola e de mais integrantes da facção do presídio de Presidente Venceslau.>
Eles estão sendo levados para Mossoró, Brasília e Porto Velho. Sete foram transferidos porque haviam sido alvos da operação Echelon em 2018. Outros 15 porque fazem parte da sintonia geral final do PCC, com seu primeiro e segundo escalão. Policiais militares e agentes penitenciários da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) participaram da operação. >
Marcola é o ultimo grande líder de facção criminosa do País a ir para a rede de presídios federais. Lá já estão seu rivais do Comando Vermelho e da Família do Norte e seus aliados do Terceiro Comando Puro.>
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o plano inicial era esperar alta do presidente Jair Bolsonaro, pois se temia possíveis reações da facção em São Paulo, o que não ocorreu até agora. Todos os presídios de paulistas estão passando por blitze simultâneas para evitar tumultos.>
A decisão foi tomada pelo secretário da Administração Penitenciária, Nivaldo Restivo. Em mais de 100 unidades prisionais do Estado existe presença de integrantes do PCC.>
Os criminosos foram transferidos por decisão do juiz Paulo Zorzi, corregedor dos presídios, e a pedido do promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Presidente Prudente. "Essa é a maior operação já feita. Esperamos desarticular momentaneamente a cúpula da facção", afirmou Gakyia.>
O pedido é de 28 de novembro de 2008 e solicitava a "transferência imediata em caráter excepcional de 15 presos, entre eles o Marcola". >
A inteligência policial detectou planos da facção em outubro e novembro de 2018 de matar autoridades judiciais, o ex-secretário do governo da SAP Lourival Gomes, um diretor de presídio e um deputado estadual caso Marcola fosse transferido para o sistema federal. Todos estão com escolta reforçada desde que a Justiça confirmou que ia deferir o pedido de transferência dos presos.>
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e a cúpula da Secretaria da Segurança Pública (SSP) convocaram uma coletiva de imprensa às 14h para falar sobre a transferência dos presos.>
Plano de resgate De acordo com o MP, havia um plano de resgate de integrantes do PCC que estavam na Penitenciária de Segurança Máxima de Presidente Venceslau. Os alvos do resgate seria Marcola e outros membros da facção. O aeroporto de Presidente Venceslau fica a apenas dois quilômetros, cerca de seis minutos, da unidade prisional. >
Segundo o MP, na mesma ação, o líder havia sido condenado recentemente há 30 anos de prisão pela comarca de Presidente Venceslau. O total de penas impostas a Marcola já ultrapassa 300 anos.>
O plano de resgate seria comandado por outro membro do PCC, Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como "Fuminho". Ele fugiu da Casa de Detenção em 1999, é procurado pela Justiça e teria se estabelecido na Bolívia, de onde enviava drogas e armas para Brasil, Europa, Ásia e África, diz o documento do MP. >
Entre os integrantes do grupo que iria resgatar Marcola estavam bandidos que já haviam participado de roubos contra empresas de valores. Ainda de acordo com a Promotoria, a facção teria investido dezenas de milhões de dólares nesse plano de resgate - inclusive com a compra de veículos blindados, aeronaves e armamentos.>
O plano de resgate incluía o bloqueio de rodovias e o ataque à penitenciária de Presidente Venceslau e também o ataque ao Batalhão da Polícia Militar, além do corte de energia e comunicações nas unidades policiais do entorno.>
"A equipe que iria resgatar Marcola se dividiria em várias frentes, uma delas iria bloquear a Rodovia Raposo Tavares, a outra iria atacar a polícia e uma outra iria tentar impedir a decolagem do helicóptero Águia da PM do aeroporto de Presidente Prudente, que fica na região", diz o MP. >
Ainda segundo os promotores, o plano previa que os criminosos seriam resgatados da prisão e levados para um aeroporto no norte do Paraná, de onde partiriam em outra aeronave para o Paraguai ou a Bolívia.>
A descoberta desse plano fez com que o aeroporto fosse fechado por um mês. O aeródromo foi fechado no dia 10 de outubro de 2008, inclusive com colocação de barreiras físicas na pista por determinação da Justiça. >
Drone Mesmo com o reforço da segurança policial no entorno do presídio, no dia 27 de outubro uma câmera registrou um sobrevoo de um drone nas imediações da cadeia.>
"Podia ser um sinal de que um plano de resgate estaria em ação", diz o MP. Segundo a ação, os drones seriam usados pelo PCC para fazer filmagens e o reconhecimento do local antes do resgate. >
Organização criminosa O PCC movimenta quase US$ 800 milhões por ano no Brasil e tem cerca de 30 mil membros. É a maior organização criminosa da América do Sul. Com ligações com a máfia da Calábria (sul da Itália), passou a dominar o envio de cocaína da Bolívia para a Europa por meio de portos no Nordeste, Sudeste e Sul do País. >