Médica é afastada do Einstein após ‘declaração insólita’ sobre covid e nazismo

Nise Yamaguchi chegou a ser cotada para assumir o Ministério da Saúde

Publicado em 11 de julho de 2020 às 21:33

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

A médica Nise Yamaguchi foi afastada do Hospital Israelita Albert Einstein. Em nota, o hospital paulistano alega que a oncologista e imunologista estabeleceu analogia infeliz e infundada entre o pânico provocado pela pandemia e a postura de vítimas do holocausto ao declarar: “você acha que alguns poucos militares nazistas conseguiriam controlar aquela MASSA DE REBANHO de judeus famintos se não os submetessem diariamente a humilhações”.

O Albert Einstein afirmou que a declaração de Nise Yamaguchi foi “insólita” e afirmou que deve fazer uma breve averiguação sobre as falas da médica. “Como se trata de manifestação insólita, o hospital houve por bem averiguar se houve mero despropósito destituído de intuito ofensivo ou manifestação de desapreço motivada por algum conflito”.

A manifestação de Nise Yamaguchi ocorreu em entrevista à TV Brasil. Ela é uma das defensoras do uso da hidroxicloroquina para pacientes com coronavírus e chegou a se aproximar do presidente Jair Bolsonaro quando o Ministério da Saúde passava por reformulação, com a saída de Luiz Henrique Mandetta e, posteriormente, Nelson Teich.

O uso da hidroxicloroquina, porém, não é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por outros órgãos de saúde ao redor do mundo. Nise Yamaguchi faz parte do corpo clínico do Albert Einstein, mas, com o afastamento, não poderá exercer suas funções no hospital.

“Com relação a declarações prestadas pela Dra. Nise Yamaguchi, o Hospital Israelita Albert Einstein tem a esclarecer o seguinte:

1. O hospital respeita a autonomia inerente ao exercício profissional de todos os médicos, jamais permitindo restrições ou imposições que possam impedir a sua liberdade ou possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho.

2. A Dra. Nise Yamaguchi faz parte do corpo clínico do Hospital, sendo admissível que perfilhe entendimento próprio com relação ao atendimento de seus pacientes ou à sua postura em face da pandemia ora combatida, desde que observe as regras relacionadas ao uso da sua condição de integrante do Corpo Clínico em sua comunicação.

3. Trata-se, contudo, de hospital israelita e a Dra. Nise Yamaguchi, em entrevista recente, estabeleceu analogia infeliz e infundada entre o pânico provocado pela pandemia e a postura de vítimas do holocausto ao declarar que “você acha que alguns poucos militares nazistas conseguiriam controlar aquela MASSA DE REBANHO de judeus famintos se não os submetessem diariamente a humilhações, humilhações, humilhações…”.

4. Como se trata de manifestação insólita, o hospital houve por bem averiguar se houve mero despropósito destituído de intuito ofensivo ou manifestação de desapreço motivada por algum conflito. Durante essa averiguação, que deve ser breve, o hospital não esperava que o fato viesse a público.

A expectativa do hospital é a de que o incidente tenha a melhor e mais célere resolução, de modo a arredar dúvidas e remover desconfortos.”