Medo do coronavírus faz aumentar procura por alimentos e papel higiênico em Salvador

Presidente de Associação Baiana de Supermercados diz que não há risco de desabastecimento

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  • Gabriel Moura

Publicado em 16 de março de 2020 às 18:51

- Atualizado há um ano

Logo na entrada do RedeMix do Horto Florestal, era possível ver grandes filas com pessoas aglomeradas, ignorando a recomendação da distância mínima de um metro feita pelo Ministério da Saúde para evitar contágio do coronavírus. Um funcionário do mercado logo avisou: “chegou papel higiênico!”. Imediatamente, clientes que deixaram seus carrinhos marcando um lugar na fila do caixas correram para garantir o ítem que estava em falta até aquele momento . Na mesma velocidade em que foi reposto, acabou.

“Nos desculpem, senhores clientes. Só vamos conseguir repor o estoque do produto dentro de algumas horas”, comunicou uma funcionária, para a tristeza dos retardatários que não conseguiram pegar a mercadoria. O medo do coronavírus levou diversos baianos ao supermercado para encher as dispensas com ítens de primeira necessidade, como alimentos e produtos de limpeza e higiene pessoal.

A Associação Baiana de Supermercados (Abasa) registrou um aumento da procura por produtos dessas categorias nos mercados baianos. Mas, de acordo com o presidente da instituição, Joel Feldman, não há risco de desabastecimento para os próximos 30 dias.

“As empresas fizeram toda uma preparação e há estoque para pelo menos 30 dias, menos de álcool gel, pois a indústria não tem condições de produzir o item com toda a demanda que está havendo. Já os outros produtos podem enfrentar alguns desabastecimentos pontuais, mas pode ter certeza que se de manhã faltou algo, à tarde será reposto. Está tudo dentro da normalidade”, garante Joel, explicando que a única possibilidade de falta de produtos é no caso do fechamento das indústrias.

O CORREIO visitou sete supermercados na tarde desta segunda-feira (16) e, em todos encontrou algumas prateleiras vazias. Produtos como papel higiênico, lenços, absorventes, sabonetes, queijo, feijão, macarrão, arroz e óleo eram os mais atingidos, principalmente os produtos de marcas mais famosas. Álcool gel não foi encontrado em nenhum estabelecimento.

A aposentada Sônia Magalhães, 68 anos, assustada com a pandemia, encheu dois carrinhos e fez compras suficientes para dois meses. “Nessas próximas semanas o objetivo é nem sairmos de casa. Minha filha foi liberada pelo trabalho e meu neto está sem aulas. Então, estamos estocando comida para termos tudo que precisamos em casa”, explica ela, que foi fazer compras usando máscara. O recomendado pelo Ministério da Saúde é que apenas pessoas doentes façam uso do equipamento em locais públicos.

Já a advogada Patrícia Lelis, 35, acabou comprando a mais por precaução. “Como produtos de limpeza, arroz, feijão, não são perecíveis, eu comprei em uma quantidade maior, pois não estragam. Posso usar daqui a uns meses que não tem problemas”, conta.

Correria necessária? Para especialistas todo esse pânico e correira para estocar mantimentos não é necessário. Segundo o infectologista, agora é o momento de se pensar racionalmente para se vencer a crise."Não tem que haver correria nenhuma, pois todas as medidas estão sendo tomadas para que as transmissões sejam reduzidas e sem impacto na alimentação e gênero de primeira necessidade. A orientação é não haver pânico, pensar racionalmente e seguir as medidas que estão sendo tomadas para enfrentarmos essa situação", aconselha.Exemplo europeu Se na Bahia não há o risco de escassez apontado por especialistas, na Europa isso já é realidade. Além do racionamento de diversos produtos, o preço disparou. O papel higiênico, por exemplo, chegou a ficar 412% mais caro na Espanha e 318% na França entre os dias 10 de fevereiro e 12 de março, apontou o Euromonitor, site que produz milhares de relatórios de inteligência de mercado, analisando as tendências de negócio e do consumidor em centenas de setores e países.

A razão por trás da grande procura por este produto em especial é, de acordo com Alexis Frick, gerente de pesquisa da empresa, porque é um item básico, barato e de longa duração, além de ter tido a produção afetada em alguns países.

Mercados visitados pelo CORREIO:Walmart da av. ACM Walmart da av. Vasco da Gama Extra da av. Vasco da Gama G Barbosa do Costa Azul Hiper Ideal do Itaigara RedeMix do Horto Florestal RedeMix do Imbuí

* Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier